ENTREVISTA | JULIANO PEREIRA “Não podemos interferir no Samu”

Foto: Juliano: “Precisamos apresentar resultados, as coisas têm de acontecer”/Ellen Colombo

 

Prefeito de Irineópolis, Juliano Pereira (PSDB), nega qualquer ingerência administrativa sobre o Samu. Na entrevista a seguir ele fala sobre as denúncias que estremeceram seu relacionamento com a Câmara de Vereadores e sobre os 49 pedidos de demissão de funcionários públicos desde que ele assumiu a prefeitura.

 

Nos últimos dias tem se intensificado reclamações de funcionários da Saúde em relação a condutas tomadas pelo Município. As reclamações, especialmente por parte de um funcionário do Samu, que acusa o Município de ingerência administrativa, conferem?

Não conferem. Ao Município cabe somente fornecer ao Samu os profissionais e a estrutura física. Toda a regulação das ocorrências atendidas pelo Samu cabe à base, que fica em Joinville. Não temos a mínima possibilidade e capacidade de interferir sobre aonde o Samu deve levar os pacientes.

 

A prerrogativa do Samu é levar o paciente para a unidade de saúde mais próxima. Um funcionário do Samu disse que o Hospital de Irineópolis seria a unidade mais próxima no caso dos pacientes atendidos na cidade. Ele diz, no entanto, que a recomendação da secretária de Saúde é de que os pacientes sejam levados a Porto União.

Não confere. Essa prerrogativa de levar para o hospital mais próximo é dos bombeiros. Do Samu não. O Samu é regulado pela central, que diz onde se deve levar o paciente. O contato do técnico é somente com a central de regulação.

 

Portanto, se a determinação da regulação for de levar o paciente para o Hospital Bom Jesus, não haverá interferência do Município?

Não. Não podemos interferir porque o contato do técnico é com a central, não conosco.

 

Houve casos de pacientes que foram levados pelo Samu para o Hospital Bom Jesus e foram atendidos?
Sim, mas na maioria dos casos, eles são transferidos para o nosso hospital de referência que é o São Braz, em Porto União.

 

Mas o paciente recebe os primeiros socorros no Bom Jesus?
Sim, procuramos estabilizar o paciente para que a partir do momento que ele esteja estabilizado, ele seja transferido. Nosso hospital é muito básico. Não tem capacidade de fazer atendimentos mais complexos.

 

Sobre a mulher que morreu depois de levar uma pancada na cabeça no interior de Irineópolis. Houve interferência por parte da secretária de Saúde para que ela não fosse atendida no Hospital Bom Jesus?

Não. Até onde sabemos a ligação para o Samu partiu de União da Vitória. A pessoa que atingiu a Maria (Maria Cunha morreu depois de levar uma pancada na cabeça na localidade de Poço Preto, onde morava, no dia 27 de setembro) ligou para o Samu a partir de União da Vitória. Dizem que a ligação caiu em Ponta Grossa, passou por Paula Freitas até chegar em Joinville, que acionou a ambulância de Irineópolis. Chegando no local, a técnica do Samu não conseguiu contato com Joinville, não havia sinal de celular, e ela tomou a decisão, vendo a situação, de levar a moça até o Hospital São Braz.

 

O médico Vilson Antônio Galeazzi foi a Câmara de Vereadores dizer que foi demitido por perseguição política. Há fundamento nessa acusação?
Nenhum. Inclusive, estranhei essa denúncia. Nunca soube que ele tivesse alguma coisa contra mim, assim como eu não tenho nada contra ele. Pra mim, politicamente, a presença dele era boa, porque ele fazia um bom atendimento para a população. O que ocorreu foi que ele tirou licença aqui e foi trabalhar em Bela Vista do Toldo. Quando ele deixou o Município, a empresa que terceiriza o Pronto Atendimento me perguntou se deviam mantê-lo e eu disse que sim, porque ele é um bom médico.

 

Essa empresa a que o sr se refere é a Med Kos, que teve médicos presos e o próprio dono da empresa estava foragido até pouco tempo por sérios problemas em Canoinhas e Papanduva. O sr não se incomoda em ter essa empresa como prestadora do Município?

Não. A nossa escala de plantonistas era formada por profissionais que moravam ou que estavam próximos do Município. Não tínhamos a preocupação de que ocorresse o que aconteceu em Canoinhas e Papanduva. Atualmente não são mais esses os plantonistas, são todos de fora, mas temos tido a precaução de checar toda a documentação deles.

 

Um dos problemas apresentados por essa empresa foi a acusação de estar superfaturando em cima do trabalho dos médicos. O sr conhece situação semelhante em Irineópolis?

O que ocorre é que contratamos a empresa a R$ 100 a hora. A empresa tem seus custos e, evidentemente, tem de ter sua margem de lucro. Até onde eu sei, ela paga R$ 70 a hora para os médicos.

 

Quarenta e nove funcionários pediram demissão durante seu mandato. Ao que o sr atribui esses pedidos?

O pessoal estava acostumado de uma forma. Assumimos e fomos implementar um novo sistema de trabalho. Se a tua função é de auxiliar de serviços gerais, você vai trabalhar como tal. E cobramos resultado. Precisamos de resultado. Alguns, acostumados a não trabalhar, pediram demissão.

 

A sua experiência como gerente de banco prejudica ou ajuda?

No banco a gente é cobrado a todo o momento, não é diferente na prefeitura. Precisamos apresentar resultados, as coisas têm de acontecer.

 

Esse conflito na saúde tem gerado mal-estar entre o sr e a Câmara. Como o sr tem trabalhado para recuperar o bom relacionamento com os vereadores?

Nesta semana eu e a secretária de Saúde fomos à Câmara conversar sobre essas questões. Passamos uma série de informações e respondemos a vários questionamentos. Estamos abertos ao diálogo e deixamos isso claro para eles. Não vejo como isso possa vir a interferir no nosso relacionamento com a Câmara.

 

 

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