Partidos no poder aumentam número de filiados; oposição vai no sentido contrário

Mesmo fora do poder há três anos, MDB segue como maior partido da cidade com 1054 filiados

 

O MDB segue como o maior partido de Canoinhas, mas vem perdendo partidários desde que deixou o poder depois de 12 anos de mandato. Em 2004, quando Leoberto Weinert (MDB) ganhou a eleição interrompendo oito anos de domínio do PFL de Orlando Krautler, o então PMDB tinha 534 filiados em Canoinhas. Nos 12 anos de domínio do MDB – Leoberto seria reeleito e Beto Faria eleito como seu sucessor – o partidos duplicou de tamanho, chegando a 1082 filiados em 2016, ano da eleição perdida por Faria. De lá para cá, o número de filiados caiu, chegando na mais recente atualização do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SC) de maio deste ano, a 1054 filiados.

 

Na contramão, o PSD de Beto Passos pelo menos duplicou seu tamanho desde sua eleição em 2016. Foi de 212 a 530 filiados em três anos. O PR (hoje PL), do vice-prefeito Renato Pike, também cresceu, indo de 163 a 260 filiados entre a eleição de 2016 e maio de 2019.

 

 

 

O PSL, do presidente Jair Bolsonaro e do governador Carlos Moisés da Silva, sequer existia em Canoinhas em 2016. No ano passado, quando até bem próximo da eleição era um partido pouco conhecido, passou a ter nove filiados. Neste ano já tem 37 nomes na atualização de maio do TRE. 

 

 

 

O PP, segundo maior partido de Canoinhas, ainda mantém a posição impulsionado como principal aliado do ex-prefeito Krautler, mas vem perdendo filiados nos últimos anos. O mesmo ocorre com o PT, que embora não tenha muita popularidade em Canoinhas, ganhou impulso no número de filiados durante os anos dos governos Lula e Dilma. Desde 2016, no entanto, o número de filiados vem caindo.

 

 

 

ANÁLISE

De acordo com o sociólogo Walter Marcos Knaesel Birkner, esse fenômeno ocorre porque partidos são máquinas de ganhar eleições e distribuir cargos. “Quando ganham o poder, tornam-se atraentes por essa razão e nenhuma outra. Quando o perdem, perdem atratividade, porque o interesse não é prioritariamente republicano, mas fisiológico. Na origem, pode haver algum interesse público. Mas os ambientes partidários tradicionais não oferecem espaço a debates desse gênero, sobretudo porque tem chefes que controlam os quadros e a distribuição do poder. Não quer dizer que seja regra única, mas é a predominante, num País cuja matriz cultural é o patrimonialismo, em que a esfera pública é compreendida como extensão do patrimônio privado e isso é respaldado pela maioria dos eleitores”. Na visão de Birkner, em geral, militantes partidários só têm um incentivo, que é a expectativa de algum benefício pessoal, que só é alcançado quando se chega ao poder. Fora dele (do poder), os partidos não oferecem incentivos, a não ser próximo às eleições e por motivos nada republicanos. “Admita-se ou não, esperar algo além disso é quase utópico e quem difere disso é exceção e não a regra”, afirma. 

 

 

 

Para o sociólogo, o caso do MDB em nada difere na essência, embora em Canoinhas tenha produzido bons quadros. “Se tiver um bom candidato a prefeito, volta a crescer”. De 2016 para cá o partido perdeu 2,5% de seus filiados, percentual considerado normal e até pouco pra quem perdeu as últimas eleições na análise de Birkner. “O fato de perder pouco mostra, inclusive, que é um partido estruturado e sedimentado no tempo, inclusive elitizado, o que não é nenhum problema, mas também não é garantia de longo prazo. Já o PSD é um partido mais recente na história dos partidos e, em Canoinhas, deve sua ascensão ao prefeito atual, que não faz parte da elite. Não tem o enraizamento histórico que o MDB tem em Canoinhas. Nesse sentido, o PSD ainda tem uma longa história pela frente, o que dependerá de seu prefeito e da capacidade de sucessão e espaço para o surgimento de novos expoentes. Mas se, por exemplo, perder as próximas eleições majoritárias, a perda de integrantes tende a ser bem mais expressiva”, prevê o sociólogo. 

 

FILIADOS
PARTIDO 2016 2018 2019
MDB 1082 1072 1054
PP 742 726 717
PSD 212 522 530
PSDB 467 481 487
PPS 431 415 413
PT 344 339 335
PL 163 174 260
PRB 121 148 148
DEM 152 149 147
PDT 125 124 123
PTC 114 113 110
PHS 92 88 86
PSB 86 83 82
PTB 68 68 71
DC 0 68 67
PV 52 51 51
PSL 0 9 37
PRP 32 29 28
PSC 29 24 25
Solidariedade 11 11 11
Podemos 0 1 8
Novo 0 4 6
PCdoB 5 5 5
Avante 0 3 3
Fonte: TSE
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