A história do Campeonato Brasileiro é cheia de intrigas e polêmicas. Entenda
O Campeonato Brasileiro de Futebol tem uma longa história de batalhas, disputas e mudanças que faria uma novela da Globo parecer um conto de crianças. E toda a desorganização e viradas de mesa nestas sete décadas fez com que algumas discussões surjam para animar as mesas de bar. Os números de títulos de vários clubes são um exemplo, envolvendo Flamengo, Palmeiras, Santos, Cruzeiro e mais.
Por isso neste texto vamos explicar um pouco a história dessas divergências e te ajudar a chegar a uma decisão.
O Flamengo é penta ou hexa?
Esta discussão dura mais de 30 anos já. O rubro-negro carioca conquistou os campeonatos de 1980, 1982, 1983, 1992 e 2009 e isso ninguém discute. Mas a Copa União de 1987… dá pano pra manga.

Treze dos maiores clubes do país decidiram organizar o seu torneio depois de divergências com a CBF. Eles ainda convidaram Goiás, Santa Cruz e Coritiba para completar 16 e fazer a Copa União. A CBF, paralelamente, organizou três módulos, com o Amarelo reunindo grandes clubes, como Sport e o Guarani, que tinha sido vice-brasileiro em 1986.
O problema é que com a Copa União finalizada e o Flamengo campeão, a CBF apareceu exigindo que os cariocas e o Internacional, vice da competição, precisavam disputar com campeão e vice do módulo amarelo, Sport e Guarani, um quadrangular para decidir quem seria o campeão brasileiro de fato.
Os dois times se recusaram, Sport e Guarani jogaram e os pernambucanos venceram. Até hoje o clube da Ilha do Retiro sustenta que é campeão brasileiro. Mesma coisa do Flamengo, que argumenta que é hexa.
O que você tem que achar? Neste caso é mais fácil dizer que os dois são campeões e amaldiçoar essa várzea que era o futebol brasileiro. Entretanto, para a chancela oficial da CBF, o Flamengo ainda é penta.
Antes de 1971 conta?
Menos de uma década atrás era comum falar que o Campeonato Brasileiro de 1971 tinha sido o primeiro da história. Vencido pelo Atlético-MG, ele teve a chancela da CBD, Confederação Nacional de Desportos.
Mas um movimento encabeçado por clubes como Santos e Palmeiras forçou a CBF e todos os torcedores a olhar para os campeonatos nacionais disputados nos anos anteriores.
Logo antes de 1971 era disputado o Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1967-71), que era disputado por clubes de diversas regiões do país, inclusive pelos grandes esquadrões da época.
E antes disso tinha a Taça Brasil, com o mesmo se aplicando: era um torneio que tinha clubes de várias regiões, incluía os maiores do país e o campeão era alardeado como campeão brasileiro à época.
Os argumentos contrários a igualar as conquistas pré-1971 com as pós-1971 faziam todo sentido. Por exemplo, o Santos de 1962 foi campeão brasileiro disputando apenas quatro partidas, já que entrou na semifinal da competição por ter vencido no ano anterior. Hoje um time precisa disputar 38 jogos para conquistar o troféu.
Só que além dos fatores citados acima – reconhecimento da época, clubes do Brasil inteiro, ser o principal torneio nacional do ano – colocarem a Taça Brasil e o Robertão como campeonatos brasileiros, há um outro ponto que conta muito a favor de quem argumenta pelo reconhecimento pré-1971.
Depois de 1971 o Campeonato Brasileiro não foi um oásis de organização. A fórmula de disputa mudou constantemente. Tivemos pontos corridos, quadrangulares, mata-mata, um torneio com 94 times (1979), agora com 20, greve dos paulistas (também em 1979), diversas mudanças de nome (Taça Ouro, Copa João Havelange) e por aí vai.
Então, mais uma vez, pela bagunça que é o futebol brasileiro, não há como negar a força dos argumentos dos pró-equiparação. E assim Palmeiras e Santos dispararam nas conquistas, com o alviverde sendo dono de 10 títulos atualmente, o Santos com oito, Corinthians com sete e Flamengo e São Paulo com seis. Afinal, ambos tinham esquadrões nos anos 50 e 60.
Cruzeiro, Fluminense, Botafogo e Bahia assim também tiveram seu reconhecimento.
Consolo: agora isso parou
Tirando uma ou outra iniciativa, o futebol brasileiro evoluiu nessa questão da organização. O Campeonato Brasileiro tem uma fórmula de disputa estável desde 2003, apesar de algumas mudanças para voltar o mata-mata serem alardeadas.
Mesmo que mude, hoje é muito mais rara uma virada de mesa, e quando acontece é vista com bastante rechaço, como aconteceu com o Fluminense – Portuguesa em 2013. Mas caso você queira discutir o passado, o prato é cheio.