Câmara de Vereadores nega aval para empréstimo para ciclovia e pavimentações

Reunião extraordinária foi tensa na tarde desta segunda-feira, 28; vereadores alegaram outras prioridades

 

Os vereadores de Bela Vista do Toldo rejeitaram por cinco votos a três, em sessão extraordinária na tarde desta segunda-feira, 28,  projeto de lei que permite que o prefeito Adelmo Alberti (PSDB) empreste R$ 3,5 milhões do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) a fim de executar obras de pavimentação, com destaque para uma ciclovia no acesso do cidade, da escola do Tira Fogo até o centro. O projeto inclui a pavimentação das ruas Nivaldo Borges, Francisco Schiessl, Adão Tiscka, além de passeio e calçada na Augusto Tischler, e obras de saneamento.

 

 

 

O projeto, que vai a segunda votação nesta terça-feira, 29, soma valor maior de dois projetos aprovados em 2018, que buscavam recursos junto à Caixa Econômica Federal. Dada a morosidade em se conseguir o financiamento junto à Caixa, Alberti optou por apresentar o novo projeto, a fim de buscar recursos pelo programa Avançar Cidades, do BRDE.

 

Prefeito Adelmo Alberti/Biluka/JMais

 

Adelmo Alberti (PSDB) fez uma defesa do projeto pedindo uma oração para que “Deus ilumine nossos caminhos, já que um dos projetos mais importantes da nossa história está em discussão”.

 

 

 

Ele afirmou que trata-se de “um projeto que contempla a mobilidade urbana, é para a cidade, para facilitar o trânsito, para facilitar a mobilidade das pessoas. Não pode ser para outra área o recurso, tem de ser para mobilidade urbana. Estamos aqui para esclarecer o que está sendo distorcido. Em 2018, aqui na Câmara, teve uma votação para que pudéssemos acessar os recursos, projeto total de R$ 5 milhões. Agora estamos diminuindo para R$ 4 milhões e não dá pra entender porque agora não dá pra aprovar”, defendeu. 

 

 

 

Alberti esclareceu que o Município teria 20 anos para pagar o empréstimo, com três anos de carência com juros de 4,7% ao ano e parcelas em torno de R$ 17 mil.

 

 

 

 

“Estão falando que R$ 1 milhão é só para ciclovias, mas não é. R$ 239 mil, esse é o valor da ciclovia. A obra é composta de várias coisas. Não temos acostamento no acesso, temos de fazer tudo. Tem acostamento e alargamento, bueiros”, contextualizou.

 

 

 

“Aí criou-se uma polêmica dizendo que estamos optando pela parte urbana em detrimento da rural. Isso não é verdade. Hoje encaminhei 13 projetos à Câmara, destes, 10 pelo menos são recursos para atender a parte rural. Dizer que está sendo descoberta a área rural é uma inverdade para distorcer a cabeça das pessoas que desconhecem a realidade”, desabafou elencando vários investimentos previstos para o interior. 

 

 

 

Falou também sobre a capacidade de endividamento da prefeitura que, segundo ele, está em 23%, “então temos condição de contrair esse financiamento. Está sendo antecipada uma eleição, não sei quem vai ser candidato, não sei nem se eu vou querer ser candidato. Os interesses da cidade têm de estar muito acima dos interesses pessoais”, associou.

 

 

 

CONTRAPONTOS

Alberti respondeu a algumas questões pontuais feitas pelos vereadores. Na sequência, a maioria se manifestou sobre seus votos.

 

Vereador Sandro Mielke/Biluka/JMais

 

“A nossa indignação quando não somos atendidos, quando não recebemos uma prestação de contas, não é nossa, mas da população, que merece saber onde estão investidos o que eles arrecadam com seu suor no dia a dia”, disse o presidente da Câmara, Sandro Mielke (PSD), reclamando da falta de diálogo com o Executivo. 

 

 

 

“Claro que é importante a ciclovia, mas o que ouvimos da população é que se precisa investir em saúde e educação”, afirmou. “Ano que vem vai ser colocado mais R$ 1 milhão na Secretaria de Obras, mas vai sair de onde este dinheiro? Da agricultura, da saúde?”, questionou.

 

 

 

 

Élcio Magalhães (PR) defendeu Alberti. “Às vezes concordo, às vezes não com a fala do prefeito. Concordo que em algumas situações estão querendo antecipar as eleições mesmo. Tenho cobrado a ciclovia desde meu primeiro mandato”. 

 

 

 

Antonio Alberti (PSDB) foi além e acusou os opositores de chantagem. “Canoinhas pegou R$ 19 milhões emprestados, nós aqui ficamos discutindo, discutindo e não sai nada do papel. Primeiro precisa se executar uma obra para depois aprovar o projeto. Vereador que votar contra esse projeto está descumprimento com o que jurou na posse”. 

 

 

 

 

Mielke disse lamentar a fala de Antonio. “Vamos respeitar o voto de cada um. Eu enquanto vereador não posso ditar votos para os outros. Ditadura, já foi”.

 

 

 

Siomara Damaso da Silveira (MDB) lembrou que cada um representa seu eleitorado. Ela cumprimentou a plateia, ressaltando que seria formada pela maioria de cargos comissionados da prefeitura, “que são a maioria aqui.  Sou contra o projeto, que não diz onde o dinheiro será investido, nós não recebemos nenhum projeto escrito de onde será investido o valor. Sem nada que comprove onde o dinheiro será investido, não tem como votar a favor”, justificou. “O projeto do IPTU falava em adequação, mas não tinha valores. Prefeito explicou para as pessoas, mas nós não queremos explicações, queremos documentos. Porque depois que aprovamos a adequação, vieram aumentos abusivos e os culpados eram apontados na prefeitura como sendo os vereadores. Meu voto não vai ser mais favorável enquanto não tiver documentos. Onde está escrito isso? Eu não recebi nada. Outra coisa: vamos endividar mais nosso Município? A primeira coisa que o prefeito fez foi suspender 11% de reposição salarial, o prefeito estava certo. Quando nós cobramos, o prefeito diz que vamos ver, que vamos regularizar. A prefeitura é como nossa casa. Se eu não consigo pagar as contas, tem de parar, acertar as contas e então fazer outras”.

 

 

 

 

LAMENTO

Depois da votação, Alberti lamentou o posicionamento dos vereadores opositores e se disse desanimado, pensando em, apesar de habilitado para tanto, não concorrer a reeleição. Ele voltou a acusar os opositores de anteciparem as eleições, prejudicando o Município.

 

 

 

CONTAS DE 2017

Na sessão ordinária desta terça-feira, 29, os vereadores farão ainda a apreciação das contas de 2017, primeiro ano da atual legislatura de Alberti. Apesar de o parecer do Tribunal de Contas seja pela aprovação das contas, Alberti teme que o clima político contamine a avaliação dos vereadores de oposição, que são maioria.

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