Relatório, que deve ser concluído na próxima semana, deve indicar se houve dolo na ação
Os bombeiros de Canoinhas devem concluir na próxima semana o laudo da investigação que apura as causas do incêndio no começo deste mês na Floresta Nacional de Três Barras (Flona). O fogo afetou cerca de 300 hectares de vegetação, tendo também se propagado de forma rasteira sob os plantios de pinus adjacentes. O fogo começou perto das 13 horas do dia 1º de outubro e por volta das 18h40, já tinha atingido o limite norte da Flona na foz do rio Dos Pardos com o rio Canoinhas. O fogo só foi debelado no dia seguinte, depois de 33 horas de trabalho dos bombeiros.
Segundo o tenente Modolon, dos bombeiros de Canoinhas, o relatório completo deve ser concluído na próxima semana. “Trata-se de uma área bem extensa, estamos fazendo mais visitas para tentar concluir a perícia na próxima semana. Por enquanto, o que dá pra adiantar é que o conjunto de provas colhidas nos leva a crer que se trata de causa humana. Não conseguimos dizer se foi causa direta ou indireta, ou seja, se foi culposo ou doloso, mas o conjunto probatório nos leva a crer que foi causa humana”, disse o tenente.
QUESTÃO NACIONAL
O incêndio na Flona aconteceu em um contexto nacional de grandes incêndios florestais. As queimadas no Brasil aumentaram 82% em relação ao ano de 2018, se compararmos o mesmo período de janeiro a agosto – foram 71.497 focos neste ano, contra 39.194 no ano passado. Esta é a maior alta e também o maior número de registros em sete anos no país. Os dados são do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), gerados com com base em imagens de satélite.
Em setembro, no entanto, houve queda significativa. Entre agosto e setembro, houve redução de 16% dos focos, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De setembro a outubro, na contabilidade ainda não fechada do mês atual, houve nova queda. “O número de queimadas começa a diminuir, face a atuação nossa também. Ainda falta acabar o ano, mas tende a ficar abaixo da média histórica”, declarou nesta terça-feira, 29, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva.
Pelos mapas apresentados no balanço, alguns focos permanecem em localidades, com casos mais graves na região da cidade de Altamira, no Pará. A operação começou em 23 de agosto e terminou em 24 de outubro, em meio a polêmicas e críticas internas e externas e respostas do Executivo. De acordo com o ministro, foram combatidos 1.407 focos de incêndio por via terrestre e 428 focos por via aérea. O ministro apresentou também dados sobre a evolução do desmatamento nos últimos meses, ressaltando que houve um aumento em agosto.
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta quarta-feira, 30, em evento a investidores na Arábia Saudita que “potencializou” as queimadas na Amazônia brasileira ocorridas nos últimos meses por discordar com a política ambiental de governos anteriores. “Há poucas semanas o Brasil foi duramente atacado por um chefe de estado europeu sobre as questões da Amazônia. Problemas que acontecem anos após anos, que é da cultura por parte do povo nativo queimar e depois derrubar parte de sua propriedade para o plantio para sobrevivência. Mas foi potencializado por mim exatamente porque não me identifiquei com políticas anteriores adotadas no tocante à Amazônia. A Amazônia é nossa. A Amazônia é do Brasil”, declarou.