ESPECIAL | CANOINHAS | Dez anos de PMDB no poder

Foto: Beto Faria e Leoberto Weinert comemoram reeleição/Arquivo

O ano de 2015 marca os dez anos do início do primeiro mandato de Leoberto Weinert (PMDB) à frente da prefeitura de Canoinhas. De lá para cá, o Município não saiu das mãos do PMDB, que reelegeu Weinert e, ainda, emplacou Beto Faria como seu sucessor. Faria já sinaliza com a possibilidade se candidatar a reeleição em 2016, elevando para 16 anos a expectativa do partido de se manter no poder.

Abaixo, o JMais analisa as propostas de campanha dos prefeitos e elenca o que efetivamente eles conseguiram cumprir ao longo dessa década.

INFOGRÁFICO PROMESSÔMETRO

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ARTIGO

Elite política municipal

O decênio do poder peemedebista em Canoinhas é bem lembrado pelo  JMais, fazendo-se útil um retrospecto de seus dois últimos mandatários e lembrando que as eleições de 2016 começam agora. Não é cedo pensar nisso, ao contrário, necessário, não só da parte das futuras candidaturas, mas da elite eleitoral do Município, conjunto dos mais atentos, capazes de avaliar o que foi e o que deverá ser feito pela cidade. São os que sabem, no fundo, que a boa vida não depende simplesmente da vontade divina, mas do melhor uso do livre arbítrio, através do trabalho e da vida em comunidade.

A assunção do PMDB ao Paço Municipal, há dez anos, teve um caráter parcialmente moral: fez justiça a Leoberto Weinert, que disputou duas vezes antes, perdendo a segunda por menos de 800 votos. Até hoje, concordam alguns sabidos que o fator decisivo foi um lance sórdido dos oponentes que, numa carta difamatória confundindo a maçonaria com o diabo, enganaram eleitores tolos, coisa mais pitoresca do que provável. O que importa é que não desistiu. Eleito em 2004, foi reeleito, e elegeu o sucessor, sinal pouco contestável de capacidade pessoal de quem deixou a marca da profissionalização da administração pública em Canoinhas.

Essa marca pode ser testada ou atestada na própria materialização de compromissos de campanha. É quase impossível pensar que um governante municipal consiga cumprir tudo o que prometeu. Considerando as limitações de recursos e as responsabilidades dos municípios brasileiros, é preciso mais do que não errar. É preciso acertar, usar o conhecimento e reunir os melhores à disposição para a grandiosa tarefa de administrar a coisa pública. Deu certo, inclusive porque o aspecto urbano da cidade melhorou. Era uma vergonha! A capacidade arrecadadora aumentou, o atendimento ao público melhorou, embora saibamos que haja muito a fazer. Pena que a Aurora não veio! Culpa da crise, todos perdemos. O que ninguém sabe até hoje é porque, sete anos depois, deixa a impressão de que jamais virá.

Bem sucedido e avaliado, o ex-prefeito ajudou a eleger Beto Faria. Igualmente ético e de certo carisma, o prefeito dá continuidade a uma administração correta. Ante a baixa capacidade de investimento dos municípios brasileiros, é positivo que garanta 12% do orçamento em investimentos. De maneira geral, seu cumprimento de promessas é razoável. E razoável, para as limitações de um prefeito, quer dizer bom. Sua liderança na Amplanorte também é notável. Em termos de marketing político, precisa ainda consolidar sua imagem, como fez o prefeito anterior. Não obstante, dá sequência ao modelo sério de administração pública, indispensável ao País. Que não haja retrocessos.

Naturalmente, a eficiência administrativa tem limites, agora como antes, uma vez que aliados cobram suas fatias de poder pela assunção de cargos. Às vezes o despreparo é notável e a eficiência fica comprometida. Como as circunstâncias são essas, não há fórmula. Depende de consensos, nos partidos, em torno do preparo de seus membros. Sem otimismo no curto prazo. Falta hoje aos integrantes aquela ambição estética e elitista, e um senso verdadeiramente republicano que permitisse o controle das ambições mais comezinhas, dissimuladamente patrimonialistas, aliadas a uma baixa autoestima pela formação pessoal e ao desapreço a valores de primeira grandeza.

Creio que a fragilidade das outras forças na cidade ajude a explicar a supremacia do PMDB. Queira-se ou não, constitui a exclusiva elite política municipal. Não há oposição, embora isso leve a uma presunçosa acomodação e é por aí que o diabo entra. Com o quadro que tem, o PMDB precisa pensar grande e não perder a perspectiva republicana, garantindo a continuidade da gestão pública moderna que instaurou. Precisa assegurar representatividade regional no estado, incentivando novas lideranças, a fim de ampliar sua presença, e não se engalfinhar localmente.

Um prefeito de uma cidade importante e estratégica como a nossa não pode desaparecer em meio a indefinições intrapartidárias, nem por uma gestão discreta. Além de gestor exemplar, o prefeito de Canoinhas deveria ser, sempre, um futuro deputado estadual e federal, nesse nível. E nosso prefeito, como o anterior, pelas qualidades pessoais e oportunidade histórica, pode deixar a sua marca como um gestor inovador. Ainda se vêem desafios municipais, a começar pelo trabalho de aproximar agentes do desenvolvimento e fomentar a cooperação. Esse é o maior desafio de um gestor contemporâneo. Depois, e contando com essa cooperação, é óbvia a necessidade de atrair investimentos empresariais, valorizar a limpeza e embelezamento da Cidade, inserir Canoinhas no plano da inovação econômica catarinense, criar um centro de eventos, apostar no esporte e fomentar a discussão pedagógica sobre uma educação municipal empreendedora, entre outras coisas de primeira grandeza.

E quanto ao PMDB, o que se espera de um partido assim é que assuma o desafio histórico de fincar Canoinhas e o Planalto Norte no mapa político e econômico do estado. Quais os homens de bem que perderiam esta oportunidade?

 

 Walter Marcos Knaesel Birkner

Sociólogo e professor da UnC

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