Clima entre deputados e o secretário de Infraestrutura anda tenso há meses
FECHOU O TEMPO
No mesmo dia em que arquivou pedido de impeachment do governador Carlos Moisés (PSL), o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Julio Garcia (PSD), anunciou nota de repúdio contra o tratamento dado ao deputado Valdir Cobalchini (MDB), que foi impedido de participar de reunião com o secretário de Estado da Infraestrutura e Mobilidade, Carlos Hassler.
“Ninguém é obrigado a ser político ou técnico, mas todo homem que exerce uma função pública tem de ter um mínimo de respeito e de educação. [O secretário] não teve educação. A Presidência vai elaborar uma nota de repúdio. Espero que [o governador] tome alguma atitude em relação a este ato, que não estamos acostumados a presenciar no estado”, afirmou Garcia, que falou do microfone de apartes após o relato de Cobalchini.
Segundo o representante de Caçador, ao entrar no gabinete do secretário de Infraestrutura para acompanhar o prefeito de Pinheiro Preto, foi surpreendido com um pedido do secretário para que se retirasse.
“Quando o prefeito foi chamado, como sempre faço, adentrei ao gabinete espaçoso do secretário e ele se disse surpreso com minha presença e enfatizou que o assunto era entre Estado e município e que portanto eu era um estranho, embora conhecendo o tema. O secretário pediu que me retirasse, o que fiz”, contou Cobalchini.
Vários deputados, que já haviam demonstrado descontentamento anteriormente com o tratamento dispensado pelo secretário, manifestaram solidariedade ao colega e advertiram o governo sobre o respeito ao Parlamento, à democracia e à representação popular.
“Estou aqui há 21 anos, foram diversos governadores, estive aqui na época em que a política era mais acirrada que hoje, governos mais radicais, mas eu nunca vi isso. Ouço seu discurso com muita tristeza, a ofensa que se faz ao parlamentar, se faz ao povo catarinense”, registrou Moacir Sopelsa (MDB), acrescentando que “se o governador concordar com isso, o custo será muito caro”.
“Estive uma única vez conversando com este secretário, e disse não volto mais aqui”, revelou Sargento Lima (PSL).
“Tenha minha solidariedade e também minha tristeza, sabe o que é isso? Amadorismo político, pessoas incompetentes em cargos importantíssimos”, avaliou Ada de Luca (MDB).
“Já aconteceu do próprio governador fazer chacota de uma demanda”, lembrou Ana Carolina Campagnolo (PSL), que relacionou o comportamento do chefe do Executivo aos dos secretários.
“Imaginem um deputado ser barrado em uma porta de secretaria”, especulou Nazareno Martins (PSB).
“Se quer ajuda do Parlamento, nos trate com respeito”, disparou Milton Hobus (PSD), que acusou o governo de ser burocrático. “Não conseguiram fazer as licitações para reformar as escolas, sobrou R$ 500 milhões, sobrando dinheiro e a burocracia não deixou fazer a licitação, cadê o governo leve?”, ironizou.
“Estive aqui neste Parlamento como suplente e numa delas vossa excelência era o secretário de Infraestrutura e mesmo sendo eu um deputado de oposição, fui bem atendido”, contou Altair Silva (PP), referindo-se a Valdir Cobalchini, que exerceu o cargo durante o primeiro mandato de Raimundo Colombo, entre 2011 e 2014.
“Todos os oradores antes de mim fizeram pesadas e merecidas críticas ao governador. Existem coisas que são protocolares, diplomáticas e a mensagem é uma missão constitucional, o governador precisa compreender que ele representa o estado, ele perdeu a oportunidade de mostrar dados. O que ele vai fazer em 2020, além de cerveja e tocar violão? Este governo não gosta de governar, não gosta da política, então sai e deixa para quem gosta. Pede para sair governador”, ironizou Naatz.
“Como presidente da Unale quero deixar o meu repúdio à atitude do secretário de Infraestrutura na ação com o deputado Cobalchini, assim como o secretário de Saúde fez com os deputados Naatz e Ismael dos Santos (PSD)”, lembrou Kennedy Nunes (PSD), aludindo a evento semelhante ocorrido em 2019.
PASSO EM FALSO
Excluindo qualquer julgamento de desempenho, vale pontuar que Cobalchini é um dos mais gentis e ponderados políticos hoje ocupando uma vaga na Assembleia. Dito isso, é difícil acreditar que ele tenha cometido alguma atitude que o faça merecedor do tratamento dispensado pelo secretário, este sim, reconhecido estadualmente por suas grosserias.
ATUALIZAÇÃO: Secretário foi exonerado
DESPREPARO
No ano passado Hassler foi instado a confirmar se de fato a obra de acesso ao Aeroporto Hercílio Luz seria concluída até o prazo fixado por sua Secretaria, 30 de outubro. Irritado por ser pressionado, Hassler respondeu que a obra seria inaugurada “em 30 de outubro ou em qualquer outro dia”.
REPERCUSSÃO
Elói Quege (PP) e Luis Shimoguiri (PSD) não gostaram da repercussão com a nota publicada na coluna, antecipada pelo jornalista Biluka no Diário do Planalto, de que eles estariam se aproximando. No rastro da repercussão estão traçando outra estratégia. O PP vem com Shimoguiri e Quege assume cargo de coordenação na Fundação Hospitalar. Vice seria demais. Este deve sair de outra sigla. De uma coisa Shimoguiri tem certeza: sem chance de repetir a dobradinha com Gilson Nagano (PSD), que já procura outra sigla.
“Não tem nenhum acerto ou acordo, é muita maldade desse jornalista (sempre foi assim comigo). A única verdade é que não serei candidato a prefeito”
de Elói Quege, se explicando em um grupo de apoiadores no WhatsApp
VITRINE

Secretário de Educação de Canoinhas, Osmar Oleskovicz enche o peito para responder quando perguntado sobre o reajuste do piso nacional dos professores. Segundo ele, embora a lei federal discrime reajuste de 12,8% para os professores iniciantes, Canoinhas fez as contas e decidiu por conceder o mesmo reajuste para todos os professores, independente do ponto no qual estão na carreira. Lembra também que todos resgataram o direito ao triênio.
RESPOSTA
A Secretaria Estadual da Educação divulgou nota oficial para explicar a compra de 83 carros modelo Fiat Toro, cada um adquirido por R$ 120 mil. Os veículos serão utilizados pelas Coordenadorias Regionais de Educação. Em vídeo postado na sexta-feira, 31, o deputado estadual Bruno Souza criticou a compra do que considera “carros de luxo, enquanto que o Estado vive calamidade financeira”. O parlamentar aponta que “crianças estão estudando no calor porque não tem fio para instalar ventiladores” e que “hospitais não fazem cirurgia eletiva”.
Leia a nota da Secretaria Estadual da Educação:
“Após o diagnóstico de uma frota sucateada, obtido pela SED em 2019, com unidades que nem mesmo possuíam veículos para atuar junto às 1071 escolas estaduais, o Governo do Estado investiu na compra de automóveis para o atendimento pedagógico, de supervisão e suporte nas 36 Coordenadorias Regionais de Educação.
A escolha foi por um modelo de veículo com todas as especificações necessárias para que a gestão se faça presente na escola em qualquer localidade do Estado, uma premissa deste governo. Assim, foram adquiridos automóveis zero quilômetro, para a segurança dos servidores e pelo fim de frequentes gastos com reparos paliativos.
Os veículos a diesel têm vida útil prolongada, combinam espaço de carga e a cabine apropriada para o transporte de equipes. Além disso, a função 4×4 atende da melhor forma possível o acesso aos mais diversos terrenos pelo interior. Da mesma maneira, o modelo oferta segurança em distâncias que chegam a 170 km entre coordenadorias e escolas, realidade referendada por quem conhece a rede estadual de ensino de Santa Catarina.
Os 83 automóveis Fiat Toro estão em fase de plotagem e finalização do emplacamento para a entrega nos próximos dias às coordenadorias. Eles permitirão à SED tirar de circulação automóveis que já não se encontram em condições de trafegar, consumindo recursos e oferecendo risco aos servidores.
Para cobramos resultados, precisamos oferecer condições para que os responsáveis pela educação nos auxiliem a dar respostas mais rápidas para as escolas. A ação é a de uma gestão responsável, que prima pelo bom investimento dos recursos públicos.”
Os veículos serão entregues nesta semana.
41%
dos feminicídios em SC acontecem em cidades com menos de 30 mil habitantes
BANCADA
A maior bancada de mulheres da história da Assembleia Legislativa vai ganhar um reforço. Na próxima quinta-feira, a suplente Anna Carolina Martins (PSDB) assume a vaga por 60 dias, no lugar do deputado estadual Vicente Caropreso (PSDB), que se licencia. A tucana recebeu 32,1 mil votos nas eleições de 2018, ficando com segunda suplência da coligação MDB-PSDB.
SOLTEIRAS
O pagamento de pensão para filhas solteiras não é exclusividade do Congresso e dos militares. No Executivo, ao menos 52 mil mulheres recebem a benesse pelo simples fato de não terem casado no papel e seus pais, todos civis, terem trabalhado para a União até 1990. Documentos do Ministério da Economia analisado pelo jornal O Estado de S.Paulo mostram que há uma pensionista que recebeu R$ 3 mil em dezembro passado, mas R$ 233,4 mil em novembro.
Os dados totais não são disponibilizados. As informações dos únicos dois meses só estão disponíveis por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), em acolhimento a denúncia do site Fiquem Sabendo. Somente nos dois últimos meses do ano, o custo do benefício para o País foi de R$ 630,5 milhões.
SUS
Dois projetos de autoria do deputado Fernando Vampiro (MDB) foram sancionados em 2020. Um obriga postos de saúde e farmácias populares a informar quais medicamentos gratuitos pelo SUS estão disponíveis. Já o outro, prioriza o repasse de recursos à municípios em estado de emergência ou calamidade, por meio de emendas parlamentares aprovadas.
AUTISTAS
O Estado de Santa Catarina vai começar a emitir a carteiras de identificação para autistas. O documento vai ser expedido pela Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE). A primeira carteira vai ser entregue em um ato programado para 10:30 desta quinta-feira, 4, no Teatro Pedro Ivo, na Capital.
FUMACINHA
Um projeto de lei que gerou bastante discussão no ano passado voltou ao debate na primeira reunião do ano da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa. A proposta que exige a apresentação de exame toxicológico para professores que ingressarem na carreira do Magistério Estadual foi aprovada por maioria nesta terça-feira, 4.