Os deputados catarinenses aderiram à pauta dos caminhoneiros e sugeriram ao governo federal o subsídio do diesel durante a sessão ordinária da tarde desta terça feira, 24. “A redução do preço do diesel seria um gesto inicial, as outras situações continuariam em negociação”, ponderou Maurício Eskudlark (PSD), referindo-se aos outros itens da pauta, como preço mínimo do frete vinculado à oscilação do barril do petróleo, moratória de um ano nos financiamentos de caminhões, aposentadoria especial aos 25 anos e sanção sem vetos da chamada Lei do Descanso.
Luciane Carminatti (PT), líder da bancada do Partido dos Trabalhadores, declarou que se somava à luta dos caminhoneiros, mas cobrou a contrapartida do governo estadual, que arrecada 12% sobre o preço dos combustíveis via ICMS. “Não podemos tratar a pauta como responsabilidade apenas do governo federal”, avaliou Carminatti, que pediu o auxílio dos colegas para identificar líderes para negociar em Brasília. “O governo quer dialogar, mas com quem”, perguntou a representante de Chapecó.
Mauro de Nadal (PMDB) lembrou à deputada que a atual paralisação não é um movimento profissional. “Reconheço a dificuldade, é uma aglutinação de pessoas”, definiu o parlamentar, que conversou com caminhoneiros parados em São Miguel do Oeste e verificou que a adesão ao movimento foi espontânea.
Kennedy Nunes (PSD) também dialogou com caminhoneiros. “As empresas terceirizaram o transporte, é mais barato, venderam a frota para os próprios funcionários”, explicou o parlamentar, indicando que se trata de autônomos, não apenas motoristas de grandes empresas. “Um frete de Joinville a Recife (PE), com volta até São Paulo e depois a Joinville paga R$ 10 mil, mas 47% desse valor, R$ 4,7 mil, são gastos com diesel e pedágios”, descreveu Kennedy, acrescentando que o restante banca despesas com pneus, manutenção, seguro e salário. “O caminhoneiro está louco da vida, não entende como em outros países o barril do petróleo baixou e aqui o diesel custa três reais”.
Fernando Coruja (PMDB) também reconheceu que a maioria dos motoristas parados são autônomos. “Eles precisam sustentar a família e sobreviver”, observou Coruja, que criticou o governo federal por não ter tratado da crise econômica no tempo certo. “Em determinado instante se entendeu que (a crise internacional) era uma marolinha, que não ia atingir o Brasil, mas o país foi atingido fortemente, agora os governos precisam achar soluções, os problemas estão apenas começando”, avisou o representante de Lages. “Dia 15 de março vai haver uma grande manifestação, as pessoas estão ansiosas, preocupadas com o destino do país, que parece estar caminhando para um destino ruim”, previu Coruja.
Mauro de Nadal e Darci de Matos (PSD) avaliaram a trajetória dos preços do diesel. “Em 2013 o litro do diesel comum custava R$ 2,23, agora em 2015 custa R$ 2,75, um aumento de 23%, bem acima da inflação, que foi de 12,4% nesses dois anos”, comparou Nadal. Já Darci informou que em 1996 o preço de um litro gasolina equivalia a 3,5 litros de óleo diesel. “Hoje praticamente está equiparado”, declarou Darci, acrescentando que entre 2000 e 2009 a gasolina sofreu reajuste de 93%, enquanto o diesel foi reajustado em 292%. “Uma irracionalidade que impacta diretamente no preço da cesta básica”, lamentou o representante de Joinville.
Dirceu Dresch (PT) também defendeu o movimento dos caminhoneiros, mas ponderou que a paralisação não pode prejudicar a agricultura familiar. “Ontem e hoje o leite ficou nas propriedades”, deplorou o deputado, que sugeriu que a Casa Civil da Presidência da República assuma as conversações. “O caminho é a negociação”, afirmou Dresch, desestimulando entretanto a associação dos caminhoneiros com impeachment da presidente Dilma Rousseff. “Isso não ajuda movimento nenhum desse país”, avisou.