Inquérito vai apurar a atuação da Polícia Militar
“Eu me senti um nada, um lixo, um zé ninguém para eles, como se eu fosse um animal. Não tinha necessidade daquilo”, disse a costureira Silvana de Souza em entrevista à rede ND. Ela é a mulher que aparece em vídeo que viralizou nas redes sociais nesta terça-feira, 10, levando uma rasteira de um policial militar que a mantém imobilizada.
Além de ferir o nariz, Silvana fraturou a perna esquerda. Ela quebrou a fíbula e na tíbia e precisou colocar 13 pinos no local.
Silvana conta que estava em casa, com a mãe, quando viu a movimentação policial. Quando saiu para saber o que estava acontecendo, já teria visto os sobrinhos, a irmã e o cunhado com os olhos vermelhos, efeito do gás lacrimogêneo.
“Eu já fui abordada por um policial com spray de pimenta. Comecei a discutir com um policial porque achei abuso de autoridade. A ocorrência não tinha nada a ver conosco e já entraram no nosso terreno com violência, com arma apontando pra todo mundo, com spray”, lembra.
A costureira garante que, em momento algum, houve agressão ou ameaça dos moradores com os policiais, mas admite que xingamentos foram direcionados a eles por conta da brutalidade da ação.
“Ninguém estava agredindo, ameaçando, mas xinguei quando vi o que estavam fazendo. O policial me prendeu por desacato e em nenhum momento eu disse que não iria. Quando ele me tirou do terreno para levar na viatura que estava mais próxima, me deu uma rasteira”, lembra.
Neste momento, a irmã de Silvana já estava gravando a ação e o vídeo flagra o momento em que Silvana é jogada no chão com violência. Imediatamente o rosto começa a sangrar e a fratura fica visível.
“Eu nem lembro o que ele me falou, dei uma pancada no chão e acho que ele nem tinha visto que tinha quebrado minha perna. Eu tentei levantar e não consegui, foi aí que gritei: ele quebrou minha perna”, conta.
A irmã de Silvana até tenta socorrê-la, mas também é derrubada e a gravação encerra. Tatiana contou que o celular foi levado pelos policiais e devolvido apenas oito dias depois.
A costureira contou ainda que esperou uma hora pelo socorro dos bombeiros, a quem o policial contou que Silvana tropeçou e caiu. O mesmo policial foi responsável por ouvir seu depoimento no hospital, ainda de acordo com ela. Silvana foi liberada para ir para casa depois de pagar fiança.
Ela admite que se excedeu ao xingar os policiais, mas acredita que isso não justifica a agressão que sofreu. A família contratou advogados que informaram, por nota, que aguardam os trabalhos do Ministério Público e do comando da PMSC para “entrar com as medidas judiciais cabíveis”.
INQUÉRITO
A PM informou que abriu um inquérito para apurar o caso. O Ministério Público também abriu um processo para investigar a atuação policial.
Em nota, a PM disse ontem que a Polícia foi ameaçada e que houve resistência por parte de Silvana, o que justificaria a ação do policial.