Vice-presidente desmentiu áudio que circula por grupos de WhatsApp alertando para falta de produtos
O vice-presidente da Fecomércio para a região Norte e presidente do Sindilojas Canoinhas, Carlos Burigo, disse ter sido pego de surpresa pela proliferação por grupos de Whats App de um áudio nesta segunda-feira, 23, no qual a pessoa não identificada diz que é necessário abastecer os armários de alimentos porque os supermercados de Canoinhas têm estoque para no máximo um mês e que, ao conversar com proprietários de um grande supermercado da cidade, ouviu que “vai travar tudo, vai parar, logo não vai vir mais nenhum caminhão. Vai bloquear tudo, vão bloquear as cidades. Não precisa fazer compras para três meses, mas façam umas comprinhas para encher armário e geladeira, sabe. (…) o suficiente para um mês. Lá na Espanha tá assim, na França, não tem mercadorias. Não importa se tem dinheiro ou não, não tem o que comprar”.
O JMais confirmou que o áudio partiu de um gerente da mesma rede de supermercados que ele cita no áudio. O supermercado informou que ele gravou o áudio para parentes próximos a fim de alertá-los para a necessidade de manter os armários abastecidos. O supermercado afirmou que não há desabastecimento e que as mercadorias estão chegando normalmente.
Burigo ficou irritado com a disseminação do áudio. Ele afirmou que “temos de nos preocupar em não cair em histerismo. Áudios irresponsáveis como este podem causar um problema muito maior do que queremos evitar. Temos de trabalhar para as pessoas ficarem em casa. Essas informações falsas e sem procedência podem ocasionar problema mais sério do que estamos vivendo hoje”.
O empresário disse que a posição oficial do Sindilojas e da Fecomércio é de que a informação é falsa. “Antes de me pronunciar conversei com vários gerentes de supermercados e todos foram unânimes em me dizer que isso não existe em Canoinhas. O reabastecimento está normal, todos estão recebendo mercadorias, não tem falta nos mercados de Canoinhas. Dentro do Estado de Santa Catarina não existe isso, aliás. Não tem motivo para a população debandar para os mercados. Fiquem em casa, comprem suas mercadorias de modo normal, semanalmente, a cada dez dias, enfim, como vocês sempre fizeram. Ficamos tristes com esses áudios, porque as pessoas com o intuito de talvez ajudar atrapalham o trabalho do Governo municipal, da Polícia Militar, das entidades civis, inclusive dos próprios supermercados e farmácias.”
Burigo lembra que na sexta-feira, 21, foi feito um acordo entre supermercados para reduzir o horário de atendimento justamente porque caiu o movimento. Ele atribui essa queda muito mais ao fato de a maioria das pessoas terem feito compras logo depois do decreto municipal de isolamento social do que à quarentena propriamente dita.
O empresário afirma que se houver risco de desabastecimento o Sindilojas vai informar a população da maneira mais adequada.
PAÍS
Outras entidades e especialistas afirmam que não há chance de haver desabastecimento nos mercados e supermercados brasileiros. “Pode haver falta pontual de alguns produtos em função do tempo de reposição, quando o supermercado, por exemplo, trabalha com estoques ajustados ao movimento rotineiro”, disse Ronaldo dos Santos, presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), em nota. Com 30 mortes decorrentes do coronavírus, São Paulo é a cidade mais atingida pelo vírus no País até o momento.
Segundo Silvio Laban, professor do Insper, o desabastecimento até agora tem acontecido mais por consequência do desespero do consumidor. “As pessoas estão indo comprar em volume que não comprariam. No mundo inteiro está acontecendo isso, resultado de um misto de angústia e medo e desinformação”, disse ao jornal online Nexo.
A Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de Santa Catarina (Fetrancesc) informa por meio de nota que “todas as atividades de suporte, insumos e serviços relacionados ao transporte de cargas estão autorizadas a funcionar, exclusivamente para atender o Transporte Rodoviário de Cargas”, o que não compromete o reabastecimento de supermercados.