Exoneração de secretário não põe fim à primeira grande crise do governo Moisés

O que Carlos Moisés disse até agora não o isenta da responsabilidade, bem pelo contrário

 

 

 

UM RESPIRADOR PARA MOISÉS

Por mais macabra que possa parecer a analogia do título acima, cabe como uma luva para este momento em que o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), não sabe se coordena as ações de combate ao novo coronavírus ou se defende das tantas irregularidades apontadas na compra de 200 respiradores ao custo de exorbitantes R$ 33 milhões (R$ 165 mil por cada quando o preço médio é de R$ 60 mil a R$ 80 mil) de uma empresa que fica em um barraco na Baixada Fluminense. Bom lembrar que esse não é o problema maior. O valor foi pago integralmente antes da entrega do produto. Pior: o fornecedor já atrasou a entrega e afirma que os equipamentos a serem entregues em meados de junho não são os mesmos comprados. Como revela a reportagem do site The Intercept Brasil, é mais ou menos como comprar um Audi e receber um Gol.

 

 

 

 

A estranha negociação pode não passar de “cabacisse” de Moisés, como disse a deputada Paulinha (PDT) em entrevista à rádio 98FM nesta semana, porém, custa crer que o amadorismo tenha chegado a esse nível no governo. Afinal, você paga 100% de um altíssimo valor por um equipamento que você não viu. Pior, cuja fabricante você desconhece e nem se preocupou em investigar sua reputação?

 

 

 

 

Moisés, não é segredo para ninguém, foi eleito nas asas de Jair Bolsonaro. Enquanto o presidente nega o óbvio e faz declarações tresloucadas sobre a pandemia, chegando ao ponto de desdizer tudo que seu ministro da Saúde diz, Moisés foi pelo lado da ciência. Aparentemente acatou tudo que seu secretário disse e foi um dos primeiros a adotar medidas de isolamento social. A ação deu resultado positivo. Basta olhar os números.

 

 

 

 

 

Mesmo assim, os bolsonaristas-raiz, prontos a acatar tudo que o ídolo diz, sem pestanejar, se revoltaram de vez com Moisés e o demonizaram nas redes sociais por, segundo eles, “massacrar a economia no combate ao vírus”.

 

 

 

 

 

É óbvio que Moisés tomou a ação correta ao ouvir a ciência e não o presidente. Mesmo assim, o Estado seguiria dividido entre quem o aprova por isso e quem o desaprova. Porém, o escândalo dos respiradores jogou a maioria da população contra Moisés. As explicações insossas que ele tem dado, como se fosse um espectador da polêmica, não ajudam.

 

 

 

 

Esse quadro de suspeita só agrava uma mágoa de muitos catarinenses com o governador, que assumiu sob a bandeira da economicidade, cortando regionais e cargos, arrumando encrenca com a classe política e prefeitos que ele sequer fez questão de conhecer. Esperava-se alguma ação neste segundo ano de governo, depois da caricata “arrumada da casa”. Isso não aconteceu nem vai acontecer por causa da pandemia.

 

 

 

 

 

Some-se a isso uma má vontade dos deputados com Moisés e se forma a tempestade perfeita para tirá-lo do cargo. O impeachment me parece mais perto de Moisés do que de Bolsonaro. Mas para Bolsonaro, talvez, terminar um mandato tão bagunçado e caótico seja maior castigo que ser impichado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

FONTES

A ótima reportagem investigativa do The Intercept Brasil chama a atenção da imprensa para evitar a chapa branca, ou seja, repetir tudo que as autoridades dizem sem questionar. Na justificativa para compra do equipamento por R$ 165 mil cada, o Governo cita reportagem da NSC Total, que afirma que os valores de respiradores ficaram “cinco vezes mais caros” durante a pandemia. Mas o texto não informa a fonte da informação, e as únicas pessoas entrevistadas são Carlos Moisés e o secretário de saúde, Helton Zeferino. O segundo parecer tem como base uma notícia atribuída a um site mato-grossense que diz que o Mato Grosso do Sul adquiriu respiradores por espantosos R$ 680 mil. A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Saúde do Mato Grosso do Sul, que esclareceu que o valor era referente à compra de oito aparelhos, a R$ 85 mil cada, que acabou cancelada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LINHAS

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicou Deliberações no Diário Oficial da União desta quinta-feira, 30, acatando solicitações de empresas de ônibus quanto à supressão de linhas e paralisação de mercados, além de autorizações relativas ao transporte regular e de fretamento.

 

 

Entre elas, a Nordeste Turismo está autorizada a explorar as linhas de Porto Alegre, Lajeado, Passo Fundo, Erechim (todas no RS) e Concórdia (SC) para Porto União, Canoinhas, Mafra, Fazenda Rio Grande (PR) e Curitiba (PR).

 

 

 

A empresa poderá explorar também a linha Fazenda Rio Grande e Curitiba para Porto União, Canoinhas e Mafra.

 

 

 

 

 

 

 

 

REVÉS

O ato rejeita as impugnações apresentadas pelas empresas Unesul de Transportes Ltda, Empresa de Ônibus Nossa Senhora da Penha S/A, Autoviação Catarinense Ltda, Reunidas Turismo S/A, Viação Ouro e Prata S/A e Viação Esmeralda Transportes Ltda.

 

 

 

No mesmo ato, a ANTT determinar que se comunique a Autoviação Catarinense Ltda para prestar esclarecimentos sobre os procedimentos que a empresa deve seguir para solicitar os mercados pleiteados pela empresa Nordeste Transportes Ltda.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

FORA

Ex-secretário de Planejamento, Rafael Roeder, Passos e a ex-secretária de Administração, Morgana Lessak, durante coletiva de imprensa/Edinei Wassoaski/JMais

O secretário de Planejamento de Canoinhas, Rafael Rottili Roeder, foi exonerado nesta quinta-feira, 30, pelo prefeito Beto Passos (PSD). Ainda não se sabe quem vai assumir a pasta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

EXPLICAÇÕES

A Câmara de Vereadores de Bela Vista do Toldo está questionando o prefeito Adelmo Alberti (PSDB) sobre um cargo na estrutura administrativa que vem sendo ocupado por dois servidores comissionados.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LEGAL

O Ministério Público arquivou notícia de fato do vereador Marco Antonio de Souza (MDB) denunciando suposto uso da máquina pública para promoção eleitoral por parte do prefeito de Três Barras, Luis Shimoguiri (PSD). Ele se referia a postagens patrocinadas publicadas no Facebook alertando a população sobre as ações tomadas pelo Município no combate ao coronavírus.

 

 

O MP não viu qualquer violação aos princípios constitucionais de legalidade, da impessoalidade, da moralidade ou má fé do agente público, frisando que se novos indícios de improbidade surgirem a decisão pode ser revista.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

TERRA SEM LEI

Priscila Noernberg /Divulgação

A situação no Residencial Nossa Senhora Aparecida, em Canoinhas, é cada vez mais complicada. Vizinhos denunciam que há gente que fechou as casas e desapareceu. Para não perder o direito a moradia, dada a quem comprovadamente não teria condições de comprar uma casa em valores de mercado, há até o caso de uma proprietária que deixou uma cachorra brava dentro do pátio. Nesta semana, a cachorra conseguiu fugir e matou outro cachorro na rua. O caso foi denunciado à Caixa Econômica Federal.

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