Boas práticas são importantes para conservação do solo e da água

22 DE MARÇO É DIA MUNDIAL DA ÁGUA

A água tem sido um tema de destaque em âmbito nacional ora pela falta, ora pelo excesso. Enquanto em alguns locais a crise no abastecimento ainda está longe de terminar, em outros pontos o excesso de chuva também tem provocado prejuízos. Na zona urbana, o acúmulo de lixo atrapalha o escoamento e se torna o grande vilão em períodos de muita chuva, causando transtornos de saúde pública e de mobilidade urbana. Pequenas atitudes passam a ser vistas como estratégicas, como despejar o lixo em locais adequados, evitando o entupimento de tubulações.

No meio rural, o cenário é parecido. Além de depender da chuva para uma boa safra, o pequeno produtor também precisa estar atento a algumas práticas que podem ser diferenciais importantes em períodos de intempéries, evitando problemas como erosão e acúmulo de sedimentos em rios e fontes de água. Segundo a ANA (Agência Nacional da Água), o setor agrícola consome cerca de 72% da água captada no País. Este índice revela a importância da atuação do setor para a preservação dos rios e matas ciliares, como estratégia fundamental para garantir o processo natural de abastecimento de água para a sociedade como um todo.
No Rio Grande do Sul, um estudo sobre os fluxos de água, sedimentos geoquímicos e atividade biológica do solo são realizados no Arroio Lageado Ferreira, no município de Arvorezinha. O local vem sendo monitorado desde 2005, via Programa de Microbacias, desenvolvido pelo SindiTabaco com o apoio das Universidades Federais de Santa Maria (UFSM) e de Porto Alegre (UFRGS).

Recentemente, a Microbacia de Arvorezinha, na região do Vale do Taquari (RS), se tornou parte de um estudo global. Conduzida por engenheiros agrônomos e geógrafos da Alemanha, Bélgica, Brasil e Espanha, a pesquisa “Avaliação do impacto humano nas mudanças do solo e suas consequências no funcionamento do solo” têm como objetivo principal a análise do impacto das atividades agrícolas sobre o solo e os recursos hídricos. O levantamento é feito em diferentes condições geológicas e climáticas no mundo, possibilitando o intercâmbio de informações entre os pesquisadores dos países participantes.
Segundo o coordenador da pesquisa pelo lado brasileiro e professor da UFSM, Jean Minella, está comprovado que as boas práticas de manejo e conservação do solo apresentam eficiência na redução dos problemas agrícolas e ambientais, como erosão, empobrecimento do solo e contaminação da água. “Com o monitoramento consegue-se estimular sistemas conservacionistas, como cultivo mínimo e plantio direto, proteger as nascentes dos rios e preservar as matas ciliares, além de melhorar a qualidade biológica”, explica.

PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS
Cultivo mínimo: a técnica consiste em revolver o solo o mínimo possível, preservando parte da sua superfície com resíduos da cultura anterior ou dos cultivos de cobertura, e com o objetivo de diminuir os riscos de erosão.

Plantio direto: o plantio direto na palha é a técnica de cultivo mais eficiente na redução da erosão. Consiste no plantio com o mínimo de revolvimento do solo, preservando os resíduos (palhada) da biomassa oriunda da cobertura implantada ou da cultura anterior sobre a sua superfície. Além do aspecto conservacionista, esta técnica propicia redução no uso de combustíveis fósseis, redução na mão de obra de preparação e aumento da rentabilidade do produtor através da redução de custos e aumento da produtividade. É uma técnica largamente utilizada no Brasil e também na cultura do tabaco.

Preservação de mata ciliar: a mata ciliar – localizada no entorno de nascentes e junto  às margens dos córregos e rios – é protegida pela legislação e proporciona inúmeros benefícios ao meio ambiente e ao homem. Ela serve de refúgio e fonte de alimento para a fauna silvestre, auxilia na infiltração das águas das chuvas no solo, controla a erosão e contribui na manutenção dos mananciais de água.

Plantio em nível: prática de cultivo que também contribui para reduzir a erosão do solo. O plantio em nível funciona como barreira ao escoamento da água da chuva, reduzindo a sua velocidade e seu potencial erosivo.

Presença de cordões vegetados e terraços: assim, como no plantio em nível, os cordões vegetados e terraços atuam como obstáculos, retardando a velocidade da água e proporcionando mais tempo para que possa infiltrar-se no solo.

SAIBA MAIS

Uma microbacia hidrográfica se caracteriza como uma área geográfica delimitada por divisores de  água, drenada por um rio ou córrego, para onde escorrem as águas das chuvas. Considerando-se apenas o aspecto geográfico, a microbacia tem a mesma definição que caracteriza uma bacia hidrográfica. O diferencial básico é que uma microbacia tem pequena área de drenagem e é a melhor unidade para o desenvolvimento de programas de desenvolvimento sustentável, tendo como beneficiários diretos as comunidades locais. A metodologia de trabalho em microbacias hidrográficas, em aprimoramento no Brasil nos últimos 20 anos, busca a autogestão comunitária dos recursos naturais por meio da adoção de práticas de manejo integrado e sustentável. Estas ações favorecem o envolvimento e a participação das comunidades que habitam e exploram as propriedades rurais situadas na sua área de abrangência.

 

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