Interiorização do coronavírus preocupa autoridades; região de Canoinhas tem 226 casos confirmados
A interiorização do novo coronavírus tem avançado a passos largos. As cidades fora das regiões metropolitanas já registram um terço de todos os casos confirmados de covid-19 no País e tem ritmo de crescimento mais acelerado do que o observado em capitais e suas respectivas regiões metropolitanas, segundo levantamento feito pelo jornal O Estado de S.Paulo com base em dados das Secretarias Estaduais da Saúde compilados pela plataforma colaborativa Brasil.IO, que reúne estatísticas por município.
Foram analisados os dados acumulados de casos e mortes por covid-19 até 28 de maio, último dado disponível quando o levantamento começou a ser feito. Os números mais atuais foram então comparados com os cenários de um e dois meses antes para que fosse avaliada a evolução da doença pelo País.
No fim de março, apenas 12,4% dos casos confirmados de covid-19 no País haviam sido registrados em municípios do interior. No fim de abril, esse porcentual passou para 18,6% e, na data mais recente, saltou para 34,5%, o que representa mais de 150 mil infecções confirmadas nessa parte do País.
O número de óbitos registrados no interior segue trajetória semelhante: passou de 9,2% no fim de março para 17,8% no fim de abril e agora representa 22% do total do Brasil. Em números absolutos, já eram quase 6 mil vítimas nessas regiões no fim de maio
Quando calculada a taxa de casos por 100 mil habitantes nos municípios afetados, verifica-se maior aceleração nas cidades do interior. Embora a incidência da doença ainda seja maior nas capitais e suas regiões metropolitanas, o índice cresce quase duas vezes mais rápido no interior do País.
Somente no último mês, entre o fim de abril e o fim de maio, a taxa de infecções confirmadas cresceu 727% no interior, passando de 16,7 para 138,3 casos por 100 mil habitantes. Nas capitais e respectivas regiões metropolitanas, a alta foi de 371% no mesmo período, com o índice subindo de 68,4 para 323,1 registros por 100 mil habitantes.
Outro dado que indica a interiorização da pandemia é o crescente número de municípios brasileiros com ao menos um caso confirmado da doença. No fim de março, eram 299. Um mês depois, eram 1.953, e hoje já são 4.098, o equivalente a 73,5% de todas as cidades brasileiras.
REGIÃO
O primeiro caso de coronavírus na região de Canoinhas foi registrado em Papanduva em 28 de março, 17 dias depois da declaração da pandemia. Mafra registraria o primeiro caso em 3 de abril. Somente em 28 de abril Três Barras confirmaria o primeiro caso. De lá pra cá já são 138 pessoas contaminadas na cidade. Canoinhas, hoje com 54 casos confirmados, só registrou o primeiro caso em 6 de maio, quase dois meses depois da declaração da pandemia. Hoje, somando as cidades do Planalto Norte catarinense já são 226 casos e quatro mortes confirmadas. Todos os mortos são de Papanduva.
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Nesta segunda-feira, dia 1º, diante da possibilidade de relaxar medidas de restrição de pessoas como a liberação do transporte coletivo, o prefeito de Canoinhas, Beto Passos (PSD), disse que “pela nossa realidade, não estamos preparados para liberação do transporte coletivo. Ainda é algo muito perigoso, que dá uma possibilidade de facilidade para transmissão do vírus”, afirmou. Logo depois disse que “vamos acompanhar as testagens que serão feitas durante toda a semana para tomar uma medida acertada, pensando primeiramente na saúde dos canoinhenses, resguardando as vidas. Não temos nenhum caso de pessoa que tenha perdido sua vida por causa do coronavírus, vamos trabalhar para que isso continue”.
Santa Catarina vem relaxando medidas, mas, embora com uma taxa de letalidade inferior a 2 por milhão de habitantes, é um dos que mais interiorizaram a doença. Oito Estados já registram mais casos no interior do que nas capitais e regiões metropolitanas, incluindo Santa Catarina.
A pandemia já estava mais concentrada fora da capital e sua região metropolitana desde os primeiros casos em Santa Catarina. Em outros Estados, porém, o fenômeno é mais recente.