Na cultura do feijão, microrregião de Canoinhas se destaca como segunda maior produtora do Estado
A soja ganha cada vez mais importância no contexto do agronegócio mundial. Devido à grande diversidade do uso e ao aumento da demanda global por alimentos, a área destinada ao cultivo da oleaginosa vem aumentando anualmente. Acompanhando essa tendência a região de Canoinhas ruma para se tornar a maior produtora de soja de Santa Catarina. É o que aponta a Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina 2018-2019 e dos Indicadores de desempenho da agropecuária e do agronegócio de Santa Catarina: 2018 e 2019. As duas publicações são produzidas anualmente pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Epagri/Cepa). O lançamento, que normalmente é feito em março, foi adiado por conta das medidas de distanciamento social provocadas pela pandemia da covid-19. A publicação traz os números consolidados da safra 2018/19 e projeta uma estimativa da produção 2019/20.
DADOS DA MICRORREGIÃO DE CANOINHAS
ÁREA PLANTADA (HECTARES) |
PRODUÇÃO (T) |
|||||||||
2016/17 |
2017/18 |
2018/19 |
2019/20* |
2015/16 |
2016/17 |
2017/18 |
2018/19 |
2019/20* |
SC** |
|
Feijão |
9.860 |
8.910 |
8.660 |
9.090 |
19.015 |
19.541 |
16.261 |
12.464 |
17.343 |
2º |
Milho |
32.100 |
28.800 |
29.300 |
29.900 |
266.270 |
304.670 |
277.180 |
254.032 |
281.840 |
4º |
Soja |
131.600 |
129.800 |
126.000 |
135.500 |
456.456 |
501.870 |
450.720 |
429.350 |
519.272 |
1º |
Trigo |
14.900 |
9.580 |
10.850 |
9.700 |
54.474 |
27.957 |
33.235 |
30.490 |
3º |
*estimativa **posição entre as microrregiões produtoras do Estado *** fonte: Epagri
Na safra passada, a região de Canoinhas produziu 429.350 toneladas de soja, tornando-se a terceira maior produtora do Estado, perdendo somente para Xanxerê (518.382 t) e Curtibanos (443.033 t). A estimativa de produzir 519.272 toneladas da oleaginosa na safra atual eleva a região ao posto de maior produtora de soja de Santa Catarina.
FATORES
Além de ser a principal commodity brasileira, a soja se destaca em Santa Catarina por ter rendimento médio de 3.637kg/ha, bem superior à média nacional, que é de 3.162kg/ha. Neste patamar, o estado apresentou o maior rendimento dentre os principais produtores na safra referência 2018/19. “É necessário registrar que, mesmo em áreas relativamente pequenas, a produtividade registrada no estado nas últimas safras tem crescido, apresentando elevação em torno de 20% de 2012/13 a 2018/19. A tecnologia adotada é similar às grandes áreas de cultivo, apoiada por assistência técnica de cooperativas, pesquisa e extensão rural”, discorre o relatório.
Acompanhando a tendência da cultura da soja em outras regiões, a área de cultivo com soja apresentou crescimento significativo em Santa Catarina. Entre as safras de 2015/16 a 2019/20 (estimativa), foram incorporados cerca de 48 mil hectares para a produção da oleaginosa, avançando sobre áreas de milho, feijão e pastagens.
As regiões que apresentaram maior expansão da cultura foram: Curitibanos (Campos Novos), Campos de Lages e Xanxerê, com 25%, 16,6% e 12,8%, respectivamente. Mesmo em regiões com pequenas áreas, a cultura tem avançado, como Concórdia, de 3.300ha para 6.552 mil hectares no período.
Outro fator essencial é o mercado externo. As exportações de soja catarinenses cresceram mais de 300% de 2012 a 2019. Em 2018, registraram o maior valor: 2,33 milhões de toneladas. No entanto, em 2019 ocorreu um recuo nos embarques em 22%, devido, principalmente, à China, que ficou algum tempo fora do mercado em função de questões comerciais com os EUA. Porém, quando retornou houve atrasos na retomada dos embarques catarinenses. Além disso, o Porto de São Francisco teve alguns navios desviados para Paranaguá, em função de fatores logísticos, tendo em vista a manutenção de shiploader (carregador de grãos). A redução do consumo chinês, devido à peste suína africana naquele país, também explica a redução nos volumes embarcados. O valor por tonelada (FOB US$) apresentou decréscimo a partir de 2015 pela desvalorização das commodities no mercado internacional. Entre os principais destinos das exportações, a China lidera o ranking de compra da soja catarinense, em torno de 85% do total comercializado pelo Estado. Falando em pragas, o coronavírus e seus impactos no mercado internacional, claro, também se tornaram uma preocupação.
A alta do dólar em relação ao real: a relação cambial dólar/real, que alcançou no início de setembro entre R$ 4,17 – R$ 4,20/dólar, foi um dos principais fatores que mantiveram os preços da soja fortalecidos no Brasil desde junho de 2019. No entanto, se por um lado a alta do dólar favorece as exportações, por outro eleva os custos de produção, visto que fertilizantes e agroquímicos são na maior parte importados.
FEIJÃO
A publicação da Epagri mostra que a microrregião de Canoinhas deve se tornar o segundo maior produtor de feijão do Estado, perdendo somente para a região de Xanxerê.
Nos últimos oito anos, a área destinada ao cultivo de feijão em Santa Catarina apresentou um declínio de 31%, já considerando as estimativas para a safra 2019/20. Essa redução é explicada, em parte, pela destinação das áreas para o cultivo de soja e milho. Mas existem outros aspectos socioeconômicos envolvidos, como a redução da mão de obra nas propriedades rurais, a limitação de mecanização de atividades como a colheita, em função do relevo acidentado em algumas regiões, as grandes oscilações de preços aos produtores, as sucessivas frustrações de safra em função de problemas climáticos, além da ocorrência de problemas com pragas e doenças.
MILHO
Milho é outra cultura que cresceu exponencialmente nos últimos anos e coloca Canoinhas como a quarta maior produtora estadual. Perde para Chapecó, Joaçaba e São Miguel do Oeste.
Assim como no restante do país, Santa Catarina apresentou crescimento significativo na produção de milho grão na safra 2016/17. Comparativamente à safra anterior, o crescimento na produção foi de 17,3%, enquanto a área aumentou 2,12%. Na safra 2017/18, a redução da produção ficou em 20,4%, justificada pelos baixos preços praticados em 2017, com redução da área plantada, bem como diminuição da produtividade em função de problemas climáticos regionais. O plantio da safra 2018/19, com os preços fortalecidos em 2018, levou a uma reversão na área plantada no Estado, que nos últimos cinco anos decresceu de cerca de 8% ao ano. Para a safra 2019/20 a estimativa inicial é uma pequena redução de área de 0,5%.
TRIGO
A microrregião de Canoinhas deve chegar ao terceiro maior resultado na colheita de trigo na atual safra. Em Santa Catarina, apesar do crescente ganho em produtividade, está ocorrendo declínio na área plantada nos últimos anos. Canoinhas colheu 54.474 toneladas na safra 2016/17 ante 33.235 toneladas na última safra. Comparando os extremos da série do período que compreende a safra de 2012/13 com a safra 2018/19, verifica-se que a redução foi de 21,5%, o que corresponde a quase 15 mil hectares de trigo que deixaram de ser cultivados.
Nesse mesmo período, a produção diminuiu 12,6%, mas o rendimento médio aumentou cerca de 11,3%, passando de 2.705kg/ha para 3.011kg/ha. Já para a safra 2019/20, que está a campo, a expectativa é de que ocorra uma redução na produção em torno de 8%. Como a área plantada sofreu uma redução de aproximadamente 3.000ha, o rendimento médio deverá chegar a aproximadamente 3.000kg/ha