Canoinhas tem cerca de 28 crianças e adolescentes com TEA na rede municipal de ensino e 52 atendidos pela Apae, mas ainda falta suporte
O autismo, cujo nome técnico oficial é Transtorno do Espectro Autista (TEA), é um transtorno de desenvolvimento caracterizado pela dificuldade de comunicação e interação social e por comportamentos repetitivos ou restritos. Os sintomas aparecem logo nos primeiros anos de vida. O TEA não tem cura, no entanto, a realização de terapias auxilia no desenvolvimento do indivíduo.
Em Canoinhas, são aproximadamente 28 crianças e adolescentes cadastrados na rede municipal de ensino com o diagnóstico do TEA. Além das crianças que estão nas escolas municipais, a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Canoinhas atende aproximadamente 52 crianças e adolescentes. Mas o número tende a ser maior no município, já que estudos apontam que uma em cada 58 crianças estão dentro do TEA pelo Censo americano.
Diante da condição de seus filhos com TEA, as mães e amigas Sarah Hoppe, Taisa Budant e Katia se uniram e formaram o grupo Coração de Mãe para acolherem outras mães de autistas, para trocarem informações e experiências, dar força e apoio umas às outras.
Após vários relatos de mães buscando diagnóstico e profissionais especializados no tratamento, as mães perceberam que havia uma lacuna na cidade. A maioria busca atendimento médico em outras cidades como Mafra, Joinville e Porto União, além de centros especializados em Curitiba (PR).
A Apae faz o atendimento educacional relativo a estimulação precoce em crianças de até seis anos, com atraso no desenvolvimento. Porém, não há atendimento educacional para faixa etária dos sete aos 14 anos. Em relação ao atendimento clínico, se o diagnóstico vem tardio (após os seis anos), existe hoje fila de espera na Apae de Canoinhas, por não suportar mais a demanda.
Diante dessa situação, as mães começaram a pesquisar sobre instituições especializadas e surgiu a ideia e a vontade de ter uma instituição focada no atendimento de pessoas com TEA em Canoinhas, o que facilitaria muito a vida dessas famílias. Assim, desde o final de maio deste ano, Sarah e Taisa, juntamente com algumas voluntárias que abraçaram a causa, iniciaram uma busca por conhecimento técnico e da realidade da região frente ao autismo.
O grupo de mães e amigas, realizou uma visita a Associação de Amigos do Autista (AMA) de Jaraguá do Sul (SC) e voltou com um desejo: tornar realidade a AMA Canoinhas.
DESAFIO
Por ser uma instituição sem fins lucrativos, a AMA Canoinhas vai depender nesse primeiro momento da ajuda do setor privado e de pessoas com a intenção de ajudar financeiramente e voluntariamente, tanto no trabalho administrativo, como na compra de produtos personalizados como camisetas, canecas, máscaras, além de rifas e ações como vaquinha, troco solidário, venda de canjas, entre outros planejamentos. Todo o lucro será revertido 100% para inicio dos trabalhos de constituição da associação e início dos atendimentos.
“Precisamos de um neuropediatra em Canoinhas urgentemente, para realizar os diagnósticos mais rapidamente, pois tempo para o autista é precioso. Esta será uma das nossas lutas”, relata Taisa.
“ Precisamos ter uma equipe multiprofissional para o tratamento visando sempre uma melhor qualidade de vida e independência. Essa equipe seria composta por psicólogo, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, educador físico, fonoaudiólogo, pedagogos, entre outros, além de profissionais capacitados a atuar em terapias com evidência científica para o tratamento do TEA. A intervenção deve ser intensiva e por toda a vida, visto que o autismo não tem cura e sim melhora do quadro. Por isso o custo do tratamento para as famílias é altíssimo, e percebe-se a necessidade de auxílio do poder público na causa”, afirma Sarah.
O grupo está aumentando e em atividade há cerca de dois meses, por meio de Whatsapp e também pelas redes sociais @amacanoinhas (Instagram e Facebook). As pessoas da comunidade que estiverem interessadas em participar da associação, podem entrar em contato pelas redes sociais ou pelo telefone (47) 98485-0574 (falar com Sarah) ou (47) 99649-8662.