Não basta sobreviver ou “viver por viver”, e reclamar das condições do tempo
Jairo Marchesan*
Princela Santana da Cruz**
De acordo com a literatura, a Terra tem aproximadamente 4,5 bilhões de anos. Este tempo também é denominado de ciclo geológico da Terra. As formas de vida ou a biodiversidade acompanham e se transformam no tempo e no espaço de acordo com os ciclos da Terra. É um longo ou vasto tempo se comparado com a história da sociedade humana. Ao longo do processo ou da história da Terra, a mesma passou por modificações internas (terremotos, maremotos, vulcões, …) e externas, desde ou alterações climáticas naturais (resfriamento ou de aquecimento), aos desastres ambientais (vendavais, ciclones, secas, estiagens,…) e, muitos deles, potencializados pelas intervenções humanas. Dentro deste longo tempo da Terra, alteram-se as relações e os processos de muitas formas de vida. A cada uma dessas modificações climáticas naturais, resultaram novas formas de vida. Já no processo do movimento de translação que dura 365 dias e 6 horas (um ano), por exemplo, são estabelecidas as estações do ano: Primavera, Verão, Outono e Inverno. Cada uma dessas estações é um micro tempo ou ciclo dentro do macro tempo do ciclo da Terra.
No Sul do Brasil, por exemplo, as estações do ano são relativamente bem definidas. Assim, a cada estação interfere o comportamento e as relações de muitas formas de vida, tanto animal (fauna), quanto vegetal (flora), assim como sobre a vida cotidiana dos seres humanos. Dito de outro modo, em todas as fases ou estações do ano implicam ou repercutem com a natureza, especialmente na fauna, flora e também sobre os seres humanos.
É interessante reconhecer que os seres humanos não têm a capacidade de alterar esses microciclos, como por exemplo, interferir sobre as estações do ano ou regular o frio ou o calor do ambiente externo. Diante disso, já que não se pode mudar o tempo de acordo com nossas pretensões, vaidades, interesses ou desejos, cabe adaptarmos e vivermos cada período do jeito que ele se apresenta. Ou seja, conviver com as temperaturas de frio, calor, condições amenas, assim por diante. E não basta sobreviver ou “viver por viver”, e reclamar das condições do tempo. É possível e necessário viver intensamente e diferentemente cada período ou micro tempo. Afinal, felizmente, devido às mudanças de temperatura desses micro tempos, os mesmos nos oferecem enorme diversidade de produtos naturais regionais, como, por exemplo, os alimentícios. Assim, podemos desfrutar do clima, das temperaturas, dos produtos – alimentos, paisagens, manifestações que a natureza oferece, dentre outros. Da mesma forma que esses ciclos, nós, seres humanos, de modo geral, também vivenciamos momentos em nossas vidas que se transformam no decorrer do tempo, tais quais: infância, juventude e velhice. Precisamos entender, reconhecer, aceitar e viver com intensidade cada período ou tempo de nossas vidas.
Podemos e devemos entender e respeitar os longos ciclos da Terra, bem como aceitar e viver bem as estações do ano e os curtos tempos de nossas vidas. De igual modo, podemos e devemos, também, entender e viver os nossos microciclos. Para isso, dentre tantas outras ações, podemos e devemos aceitar as condições do tempo (frio, calor, …), cuidar da Mãe Terra, de nós e de nossas relações com os outros, para viver da melhor forma possível.
*Jairo Marchesan é docente do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado (UnC). E-mail: [email protected]
**Princela Santana da Cruz é mestranda no Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado (UnC). E-mail: [email protected]