Os dois devem ser afastados nos próximos dias
DESTINO TRAÇADO
Independente do que se diga ou escreva daqui pra frente sobre o governador Carlos Moisés da Silva (PSL) e a vice-governadora Daniela Reinehr (sem partido), o destino político dos dois já está traçado. Corresponde ao limbo.
A nominata de deputados que vai dar sequência à fritura é jogo jogado. Laercio Schuster (PSB) é o único que chegou a ensaiar uma recente aproximação de Moisés (o que não se efetivou. Os demais, além de terem votado pelo impeachment na votação da semana passada (assim como Schuster), são inimigos declarados do governador e não fazem nenhuma menção de perdoar Daniela. Luiz Fernando Vampiro (MDB) é discreto nas críticas, mas Kennedy Nunes (PSD), Maurício Eskudlark (PL) e Sargento Lima (PSL) são abertamente contrários. Nunes chegou a deixar uma sessão da CPI dos Respiradores por dizer que o inquerido estava debochando da cara dos deputados ao dizer que Moisés nada sabia sobre a rumorosa compra. Eskudlark foi líder do governo e se rebelou passando a fazer oposição declarada ao governo. No lance mais recente denunciou uma contratação com valores super generosos de uma equipe de jardinagem para trabalhar nas escolas da região de Canoinhas. Já Lima, aliado de primeira hora na campanha, já fez críticas ácidas ao governo. No seu Facebook postou na semana passada um vídeo da NSC que mostra Moisés aparentemente comemorando algo com champagne. “Minutos antes da votação do impeachment, no palácio, o champanhe corria frouxo, o resultado deve não ter sido o esperado pelo Moita e equipe. Mas a conta quem paga? Isso mesmo… Todos nós.” Moita, neste caso, parece Moisés.
Esses cinco votos, portanto, são pelo impeachment. Resta saber como se comportarão os representantes do judiciário: os desembargadores Claudia Lambert, Rubens Schulz, Sérgio Rizelo, Carlos Alberto Civinski e Luiz Felipe Siegert Schuch têm fama de terem mão pesada e foram elogiados tanto por quem quer os dois afastados como pelo time do governador segundo o colunista político da NSC, Upiara Boschi.
Não se enganem, no entanto, sobre a chance de reversão. O motivo do impeachment pode ser até incompreensível para muita gente ou até banal, afinal, trata-se de um aumento de salário a procuradores que nem se concretizou. Porém, as digitais de Moisés e Daniela estão em um ato que, em última instância é ilegal. Olhando para a legalidade e um contingente de 33 de 40 votos a favor do impeachment fica difícil imaginar qualquer tipo de condescendência por parte dos magistrados.
Basta um voto dentre os cinco desembargadores para o impeachment rumar para a fase final, onde apenas um voto a mais afasta ambos definitivamente.
IMPRESSIONANTE
Carlos Moisés recebeu 69,27% dos votos dos canoinhenses, um recorde. Impressionante nem mesmo os aliados mais próximos do governo (que são poucos) estarem levantando bandeira em defesa do governador. Moisés ficará conhecido como recordista de votos e de rejeição, uma façanha e tanto.
ESTEIRA
Todos sabem que Moisés se elegeu na esteira de Jair Bolsonaro, que recebeu 75,43% dos votos dos canoinhenses no 2º turno. Impressiona, também, que bastou declarações que amenizavam o discurso de Bolsonaro para Moisés derreter. A forma implacável como os seguidores de Bolsonaro eliminam qualquer um que discorde uma vírgula do presidente é espantosa.
CONTUDO
No caso específico de Moisés, independente de sua inação e trapalhadas enquanto governo, bolsonaristas que acham estarem expurgando um traidor precisam sintonizar com a realidade. De fato, estão abrindo espaço para tudo o que sempre condenaram voltar com tudo. Julio Garcia (PSD), representante máximo de tudo o que os bolsonaristas rechaçam (acusado de corrupção, ligado a oligarquias, beneficiário e beneficiador de favores políticos), assumirá o governo por 180 dias e, depois, na eleição que certamente ocorrerá na Assembleia, tem tudo para ser escolhido pelos colegas deputados.
Na hipótese de ele não ser eleito por causa do processo que corre na Justiça Federal, um indicado seu deve emergir. Chance zero de os deputados bolsonaristas chegarem ao governo. A “velha política” emergirá com lustro de pureza e justiça.
A COR DAS URNAS
Reportagem do jornal O Globo mostrou que candidatos brancos têm o dobro de chances de serem eleitos vereadores, em comparação com seus concorrentes negros. A disparidade pode ser comprovada a partir da análise dos resultados das eleições de 2016 nas 26 capitais brasileiras. Dos brancos que entraram na disputa, 6,4% conquistaram vagas nas câmaras municipais — o índice cai para 3,2% entre negros, sendo 3,5% entre pardos e 2,1% entre pretos.
IRESA
Um acordo entre parlamentares membros da Comissão Mista da Assembleia Legislativa que analisa as mudanças na Indenização por Regime de Serviço Público Ativo (Iresa), o adicional de 19,25% pago aos militares do Estado em efetivo serviço ativo, e do governo estadual, em audiência pública virtual e presencial nesta quarta-feira, 23, estabeleceu que será encaminhado nesta sexta-feira, 25 um Projeto de Lei (PL) atendendo as reivindicações dos servidores da Segurança Pública. Com o acordo ficou definido que na próxima quarta-feira, 30, às 17h, haverá uma reunião da comissão encerrando os trabalhos.
CONSELHO TUTELAR
Membros da bancada do PSD cobraram recursos para os conselhos tutelares comprarem equipamentos contra a covid-19, como máscaras, durante a sessão de quarta-feira, 23, da Assembleia Legislativa.
“Os conselhos estão sob a tutela da ministra Damares, mas o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) levanta um questionamento de que havia previsão orçamentária de R$ 6 mi para os conselhos. Os conselhos também estão na ponta atendendo as pessoas mais carentes e não há equipamentos, sequer máscaras disponíveis para os conselheiros, por que não investir os R$ 6 mi nos conselhos tutelares?”, sugeriu Ismael dos Santos.
O deputado foi além e lamentou o contingenciamento de 78% desses R$ 6 mi.
FAKE NEWS
A proposta apresentada pelo deputado federal Orlando Silva (PC do B-SP) ao grupo que debate na Câmara o projeto de lei sobre fake news prevê prisão de até cinco anos a quem promover ou financiar disparos em massas de mensagens com conteúdo falso.
O texto foi encaminhado ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e aos parlamentares que fazem parte do grupo informal constituído para construir um projeto alternativo ao do Senado, criticado por plataformas e especialistas em direito digital.
Agora, os parlamentares vão se debruçar sobre a minuta para acabar de desenhar o projeto que será apresentado aos demais deputados. Se aprovado, o texto ainda volta para o Senado, onde poderá ser modificado antes de seguir para sanção presidencial.
R$ 6 bilhões
é o tamanho do propinoduto que beneficiou vários governantes do Estado do Rio de Janeiro desde 1999