Reeleição de prefeitos não é tão comum no Brasil

Vantagem em relação a adversários também pode ser um fardo

 

 

 

REELEIÇÃO

A máxima de que candidatos a reeleição têm maior vantagem na disputa pelas prefeituras “por terem a máquina na mão” não tem muito sustento na realidade. Canoinhas mesmo, por exemplo, tinha um candidato a reeleição em 2016 que não vingou.

 

 

 

 

Dados compilados a partir de pesquisa no  CepespData, plataforma de dados eleitorais, mostra que os prefeitos, longe de serem “caciques” locais, têm muitas dificuldades para se reeleger, como mostram os dados abaixo.

 

 

 

 

 

 

Prefeitos em 1º mandato        Prefeitos candidatos a reeleição   Nº de prefeitos reeleitos

                                                        prefeitos candidatos                  prefeitos reeleitos        

 

 

 

 

Como os prefeitos, assim como os governadores e o presidente, têm um limite de dois mandatos consecutivos, a tabela que ilustra artigo do professor George Avelino na Folha de S.Paulo se concentra nos prefeitos que estavam em primeiro mandato e poderiam se recandidatar à reeleição. Por exemplo, em 2008, 4.145 prefeitos eleitos em 2004 poderiam se recandidatar a um segundo mandato, mas apenas 3205 (77%) o fizeram e, desse grupo, apenas 2124 (66%) foram bem-sucedidos.

 

 

 

 

Já em 2012, 73% dos prefeitos se recandidataram e 55% desses foram reeleitos. Ao longo das três eleições é possível observar queda tanto no percentual dos que se recandidatam como no percentual de sucesso dos que o fazem.

 

 

 

 

 

Em 2016, menos da metade dos prefeitos candidatos a reeleição emplacaram. Isso ocorre porque ao contrário dos adversários, que podem se colocar como o novo, capaz de revolucionar a cidade, os candidatos a reeleição têm de apresentar o que fizeram como modo de se credenciar a um segundo mandato. E nem sempre isso é bom diante de um eleitor cada vez mais exigente e impaciente. Os novatos podem prometer as estrelas enquanto que o candidato a reeleição precisa responder porque não entregou as estrelas no primeiro mandato. É o outro lado de uma faca de dois gumes. A linha tênue entre legado positivo e negativo, do ponto de vista do eleitor é, de fato, um risco eleitoral. Quem diga Beto Faria (MDB), que em 2016 perdeu a reeleição por apenas 1,24% dos votos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PODER DE INFLUÊNCIA

O professor Avelino aponta outro fator preponderante: com a concentração de recursos em Brasília, se dá melhor o prefeito que tem maior articulação política na capital federal. Dessa forma, ganha mais aquele que consegue atrair mais recursos para seu município. Os recursos próprios são escassos e têm, a maior fatia, destino certo. Somente um valor substancial conseguido junto a deputados e senadores viabiliza obras significativas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

59%

dos eleitores brasileiros dizem que a pandemia terá influência nas eleições municipais, aponta pesquisa Ibope

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POLARIZAÇÃO

Após tabular dados das eleições brasileiras entre 1994 e 2018, o cientista político Rodrigo Rodrigues-Silveira, da Universidade de Salamanca, identificou padrões de votação e chegou a uma conclusão que vai de encontro ao senso comum: os eleitores votam, sim, de maneira ideológica em eleições municipais. “Bairros e seções eleitorais nos quais predomina um voto na esquerda podem variar o seu voto, mas dificilmente cruzam a linha e passam a ser bastiões da direita, ou vice-versa.”

 

 

 

 

 

 

Transportando essa análise para a realidade canoinhense, em 2016 Beto Passos ultrapassou Beto Faria nas urnas com a força do voto interiorano, enquanto Faria se deu melhor no centro. Se isso se manter, quem fica com a vantagem no centro?: Norma Pereira ou Ivan Krauss? Os dois dividem estes votos ou Passos conseguiu conquistar este eleitos ao longo do mandato?

 

 

 

 

Silveira disse ao jornal O Estado de S.Paulo que, ao escolher prefeitos e vereadores, o brasileiro tende a votar mais à direita que na eleição presidencial anterior. Não à-toa há gente de direita tentando colar em Passos o adesivo de esquerda, emulando seus tempos de PT.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

OS CONTROLADORES

O estudo aponta que esse comportamento revela, de um lado, uma capacidade forte de coordenação das elites políticas locais para controlar a oferta de candidatos, pelo menos para o Executivo, e, de outro, o espaço de consolidação dos partidos do Centrão em cargos executivos que não são capazes de ocupar no nível estadual ou federal. Não é desprezível que MDB, PSD, PP, PR, DEM, PTB, PRB e PSC controlaram 55,2% dos 5.568 municípios que fazem eleições municipais. Em 2020, é possível que aumente ainda mais a fragmentação decorrente do veto às coligações.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

88,9%

é a proporção de eleitores na população com mais de 16 anos neste ano. Em 2012 esse percentual era de 93,3%, o que mostra certo desencanto dos jovens com a política 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

EM CAMPANHA

O sábado será movimentado para os candidatos a prefeito de Canoinhas. Ivan Krauss (PRTB) fará um adesivaço a partir das 15 horas em frente ao diretório municipal.

 

 

 

Já Norma Pereira (PSDB) fará um drive in próximo a Igreja da Vila Fuck a partir das 16h.

 

 

 

Beto Passos (PSD), por sua vez, segue em isolamento por causa do diagnóstico positivo de sua esposa para covid-19. Nas redes sociais ele publicou um vídeo com depoimento de um eleitor.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ESTADO DE CAOS

Presidente da Alesc, deputado Julio Garcia/Daniel Conzi/Agência AL

Um dos protagonistas do processo de impeachment do governador Carlos Moisés (PSL-SC), o presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, Julio Garcia (PSD), tem uma das filhas na folha de funcionários do Tribunal de Contas Estadual (TCE). Ela é assessora no gabinete do conselheiro José Nei Ascari.

 

 

 

Garcia foi conselheiro do TCE por oito anos e cedeu a vaga em 2017, ao pedir aposentadoria voluntária, a José Nei, que era deputado estadual.

 

 

 

 

Júlia, assim como o pai, foi denunciada pelo Ministério Público Federal na Operação Alcatraz, que apura fraudes e desvios de dinheiro público em licitações no estado. Com a iminente cassação do mandato de Carlos Moisés é ele quem assume o Governo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

NÃO PARA POR AÍ

A Polícia Federal descobriu que o esquema controlado por Julio Garcia bancou até passagem aérea para a Disney para uma de suas filhas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Será a necessidade que o eleitor vai ter de escolher candidatos capazes de resolver problemas. Depois de duas eleições, de 2016 e 2018, em que a nova política era o grande tema, agora é se o candidato consegue ou não resolver problemas. A pandemia tem um efeito fundamental nisso”

do cientista político Felipe Nunes, professor da Universidade Federal de Minas Gerais e CEO da Quaest, consultoria que analisa popularidade de figuras públicas em redes sociais

 

 

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