Para exemplificar o valor do SUS, convido vocês a visitarem os centros de oncologia dos hospitais da rede pública
Maria Luiza Milani*
O Sistema Único de Saúde (SUS) é o melhor sistema de saúde do mundo, que tem uma das melhores políticas públicas, que atende com presteza e qualidade, que tem uma estrutura toda construída com a nossa participação. Mas o SUS está correndo risco de ser eliminado de nossos direitos. A saúde pública, direito de todos e dever do Estado, adquire essa definição com a Constituição Federal brasileira em 1988. Antes disso, ser atendido pela saúde pública era para quem estava empregado e pagava uma contribuição.
Como ficavam as pessoas que não estavam empregadas? Pagavam pelo atendimento médico e medicamentos ou morriam. Pode parecer dramático, mas era assim que acontecia. Não acredita? É só perguntar aos mais velhos que eles lhe dirão.
Só que essa situação incomodava, pois todos nós brasileiros, empregados ou não contribuímos com os impostos para termos serviços executados pelo Estado e atender aos nossos interesses e necessidades. Era justo o modelo que tínhamos? Não, não era. Foi esse senso de injustiça que deu base ao movimento da reforma sanitária, a qual foi construindo o SUS que conhecemos hoje. Foi a mobilização popular, os diálogos nas comunidades, o trabalho dos profissionais de saúde, que produziram essas mudanças. Mas desde 2016 com a Emenda Constitucional 95, o SUS vem passando por interferências que tem fragilizado a sua capacidade de atender a população de forma ágil, eficaz, ampliando os serviços, confirmando a atenção básica como um dos recursos estratégicos da promoção da saúde.
Nesse tempo todo da pandemia, o SUS foi altamente demandado, com os testes, os medicamentos, com os profissionais, com os internamentos e com as UTIs. Tudo isso foi oferecido pelo SUS. Dê uma olhada no seu município quantos kits testes foram usados e quantos eles custaram para a saúde pública. Lembre que o SARS-COV-2 não escolhe cor, idade, sexo, renda, profissão. Mas é importante alertar que para um SUS eficaz e fechar a boca dos muitos que discursam contra ele, será preciso muito anos ainda, pois temos uma sociedade com quadro de morbidade agravado e muitas resistências em torno dele.
Há relatórios públicos no Ministério da Saúde que mostram os cenários da saúde dos municípios e as mortes que poderiam ser evitadas se os interesses privados não o boicotassem. Há uma imagem dele cotidianamente difamada, por isso temos que cuidar com os discursos.
Para exemplificar o valor do SUS, convido vocês a visitarem os centros de oncologia dos hospitais da rede pública. Só quem percorreu um hospital como o Erasto Gaertner em Curitiba, pode entender o tamanho da sua importância para nossa vida. Também, quem não entendeu ainda que a atenção básica é a estratégia para nos apoiar em nossas necessidades, está perdendo a oportunidade de melhorar seu quadro de saúde e ter qualidade de vida. Vem vindo mais intenção de desmonte da saúde pública e do SUS.
Então convido vocês a conhecerem no seu município como está estruturado o SUS, ainda, convido a acompanharem como vem sendo melhorada a situação de vida e de saúde da população. O SARS-COV-2 mostrou nossa vulnerabilidade, nos ensinou o valor da saúde, nos fez pensar e repensar atitudes de respeito ao outro. Afirmo que a saúde é o principal bem de todo ser humano e de toda a sociedade. A falta de saúde afeta as pessoas, as comunidades, as sociedades e o mundo. No Brasil, a universalidade e a integralidade estão salvando vidas como direito humano. Quem disponibiliza à população os recursos para a saúde para que se atenda com igualdade a quem deles precisar como direito social é o SUS. Pense nisso, DEFENDA-O!
*Maria Luiza Milani é docente do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado (UnC). E-mail: [email protected]