Reino Unido libera vacina de Oxford e facilita aval no Brasil, legalização do aborto na Argentina e boas-vindas a 2021

Quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

 

 

O Globo

 

O premiado escritor angolano José Eduardo Agualusa, colunista do Globo, dá as boas-vindas ao ano que chega com esperança e lirismo: “Mais do que antes, é importante conversar sobre recomeços. Trocar sonhos. Debater utopias”

 

Carta a 2021

 

Querido 2021, seja bem-vindo!

Entre, a casa é sua.

Se não for pedir demais, nos devolva, por favor, todos os abraços que seu prezado antecessor nos roubou. Queremos também as gargalhadas dos parentes e amigos, o livre sorriso dos desconhecidos, a brisa no rosto.

Gostaríamos ainda de ter de volta a alegria das viagens; a tumultosa euforia dos estádios e dos grandes shows; todas as tardes em que não formos beber cerveja com os amigos no boteco da esquina.

Não se esqueça de devolver aqueles jantares intermináveis, em que discutíamos o fim do mundo e como iríamos recomeçá-lo.

Hoje, que sabemos muito mais sobre o fim do mundo, essas conversas antigas que parecem todas um tanto ou quanto ingênuas. Contudo, mais do que antes, é importante conversar sobre recomeços. Trocas sonhos. Debater utopias.

Peço em particular que me devolva os festivais literários – dos quais, em 2019m eu estava até (confesso) um pouquinho enfastiado. Durante o seu reinado, quero muito regressar a Paraty. Não posso perder a FliAraxá, a Flup ou a Flica, em Cachoeira.

Eu, que não sou de futebol nem de carnaval, agora sinto ânsias de me perder entre multidões, gritando, sambando, abraçando meus velhos pais sem medo de os contaminar.

A maior invenção da Humanidade não foi a roda nem o fogo. Não foi o futebol, a feijoada, o samba, o xadrez, a literatura, sequer a internet. A maior invenção da Humanidade, querido 2021, foi o abraço.

Olho para trás e vejo a primeira mãe, acolhendo nos braços o filho pequeno.

O nosso pai primordial apertando contra o peito forte (e peludo) a mulher amada; dois amigos se consolando numa armadura de afeto. Depois desses primeiros abraços, alguma coisa mudou para sempre. O mundo continuou perigoso, sim, o mundo sempre será perigoso, mas passamos a ter o conforto de um território inviolável.

Foi o abraço que fundou a civilização.

 

Com elevada estima,

José Eduardo Agualusa

 

 

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Folha de S. Paulo

 

 

Manchete: Argentina aprova legalização do aborto

Por decisão inédita em grandes países da região, mulheres poderão optar pela interrupção da gravidez até a 14ª semana

O Senado da Argentina aprovou nesta quarta (30) a liberação do aborto no país. Por 38 votos a 29, além de 1 abstenção, as mulheres agora têm o direito de optar pela interrupção da gravidez até a 14ª semana de gestação.

O procedimento era legal em caso de estupro ou risco de morte da mãe. A Argentina se tornou o primeiro grande país da América Latina, região fortemente influenciada pelo catolicismo ibérico, a legalizar a prática.

No Brasil, o aborto é admitido em caso de estupro, risco de morte ou anencefalia fetal. Projetos sobre o tema visam aumentar restrições, e Jair Bolsonaro disse que, no que depender dele, a prática não será flexibilizada. MUNDO A7 E A8

 

 

 

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O Estado de S. Paulo

 

 

Manchete: Reino Unido libera vacina de Oxford e facilita aval no Brasil

Uso emergencial deve ser pedido aqui nos próximos dias; aposta de Bolsonaro, imunizante tem eficácia de 70%

Considerada a principal aposta do governo Bolsonaro, a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a Astrazeneca foi liberada para uso emergencial ontem no Reino Unido. A decisão da agência reguladora britânica dá força à aprovação do imunizante no Brasil – ele deve ter o uso emergencial pedido na Anvisa pela Fiocruz na semana que vem. É a segunda vacina autorizada no Reino Unido, que já vem usando a da Pfizer desde o

“É um dia especial, porque a aprovação no Reino Unido facilita a análise de outras agências” LILY YIN WECKX ESPECIALISTA DA UNIFESP

início do mês. Mais barata e de fácil distribuição, a de Oxford será aplicada a partir do dia 4 em duas doses, com intervalo de 1 a 3 meses. A eficácia média é de 70%, segundo pesquisadores, mas o grau de proteção de idosos é desconhecido. Ainda ontem, o imunizante foi aprovado pela Argentina, que começou a vacinar a população na terçafeira com a russa Sputnik V. Após informar, na segunda-feira, que deveria pedir apenas o registro definitivo da vacina na Anvisa – o que leva mais tempo –, a Pfizer anunciou que voltou a avaliar possibilidade de pedir o uso emergencial no Brasil. METRÓPOLE PÁGS. A8 E A9.

 

 

 

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