A crise que afeta os principais setores da economia brasileira começa a mostrar seus efeitos no mercado de trabalho da região. No primeiro semestre do ano, o Planalto Norte, que vinha apresentando bons índices na geração de postos de trabalho e baixas taxas de desocupação, registrou queda no número de novas vagas. Levantamento realizado pelo JMais com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostra que de dez municípios da região, somente Canoinhas, Mafra e Porto União tiveram mais admissões que demissões. A queda no emprego com carteira assinada é mais acentuado nos pequenos municípios. Bela Vista do Toldo, por exemplo, apresentou 58,4% de demissões ante 41,5% de admissões no semestre, um dos piores índices de emprego da região. Para o prefeito de Bela Vista do Toldo e presidente da Associação dos Municípios do Planalto Norte (Amplanorte), Gilberto Damaso da Silveira (PMDB), o resultado surpreende. “Não temos visto muitas demissões no Município. Pelo contrário, há gente sendo admitida”, afirma.
Para Damaso, a preservação dos empregos passa pelos investimentos. “O País deu uma freada. Pessoas que queriam investir estão esperando. Não é falta de dinheiro, é medo. O susto faz segurar os investimentos. Os próprios prefeitos estão segurando as contas, cortando gastos”, avalia. Sem investimentos, na visão de Damaso, o emprego estabiliza e muita gente que está pronta para ingressar no mercado de trabalho não encontra uma oportunidade.
Nem mesmo Três Barras, que concentra grandes empresas como a RockTeen e a Mili, alcançou saldo positivo.
Saldo do Estado ainda é positivo
Estudo mostra que há uma tendência de eliminação dos empregos em cargos com remuneração média
O saldo no semestre em Santa Catarina ainda é positivo: 11.845. Mas, nos últimos três meses, SC perdeu 18.848 empregos, a maioria com salários médios (de R$ 960,39 a R$ 3.233,55).
Um levantamento feito pelo consultor do site especializado Trabalho Hoje, Rodolfo Torelly, que cruza dados das 20 ocupações com mais demissões e admissões com as médias de salários, mostra que há uma tendência de eliminação dos empregos em cargos com remuneração média, como de gerentes e supervisores administrativos.
Em contrapartida, há mais vagas em funções operacionais e admissões por salários menores. Neste grupo, o salário varia de R$ 774,14, pago operadores de telemarketing, por exemplo, até R$ 1.637,80, salário médio de professores com nível superior no ensino fundamental (primeira a quarta séries).
BRASIL
Em junho, foram fechados 111.199 postos de trabalho com carteira assinada no país, segundo dados do Caged. O resultado é o menor para meses de junho registrado desde 1992.
O número resulta da diferença entre admissões (1.453.335) e demissões de trabalhadores (1.564.534) e é inferior ao do mês anterior. Em maio, tinham sido fechadas 115.599 vagas com carteira assinada. Segundo o ministério, no primeiro semestre, houve perda de 345.417 postos de trabalho. É o menor resultado para o período desde 2002. Nos últimos 12 meses, o recuo foi de 601.924 postos de trabalho, na série ajustada.
No recorte por regiões, apenas o Centro-Oeste registrou aumento de empregos, com abertura de 3.508 vagas. A Região Sudeste fechou 57.294 postos de trabalho; o Sul, 30.828; o Nordeste, 18.589; e o Norte, 7.996. Entre os estados, São Paulo foi o que teve o pior desempenho, com fechamento de 52,3 mil vagas, seguido pelo Rio Grande do Sul, pelo Paraná e por Santa Catarina. Por outro lado, Minas Gerais, Mato Grosso, Maranhão, Goiás, Ceará e Acre tiveram resultado positivo.