Presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina e do PSD estadual, o deputado Gelson Merisio fez questão de abonar a filiação do ex-petista Beto Passos no partido na sexta-feira, 7. Em seu discurso, reafirmou apoio a candidatura de Passos a prefeito, garantindo que, agora, ele terá uma equipe sólida e comprometida. Antes do ato, ele conversou com o JMais.
Como o sr vê a filiação de Beto Passos no PSD no contexto da política local?
Beto Passos fez uma grande eleição na disputa pelo cargo de prefeito e agora tem melhores condições de disputa em um partido bem estruturado, mais consolidado, com mais experiência, da própria eleição do ano passado e com as pessoas que o acompanham agora, que vão compartilhar experiências que vão ajudá-lo a ser o próximo prefeito de Canoinhas. Não só prefeito, mas um bom prefeito.
A tendência é de se repetir a disputa da eleição passada entre o Beto (Faria) do PMDB e do Beto, agora, do PSD. Considerando a aliança estadual entre PSD e PMDB, isso pode inviabilizar a candidatura do Beto Passos?
A gente tem essa situação em mais de 100 municípios. Isso é absolutamente natural. Cada cidade tem sua vocação, sua singularidade e respeitamos isso. Uma coisa é a eleição estadual, outra coisa é a eleição municipal. Foi assim em 2008, em 2012, e nem por isso tivemos problema na composição estadual. Além disso, em 2018 pode ser que estejamos em caminhos diferentes. Também é natural que o PSD queira construir uma candidatura para dar continuidade ao trabalho do Raimundo Colombo. Mas na questão local, vamos construir em torno da candidatura do Beto Passos.
Mas em nome da manutenção da aliança entre PSD e PMDB, o sr pondera reconsiderar as candidaturas locais?
Não, sou presidente estadual do partido e posso dizer que a chance de isso ocorrer é zero. Seria injusto. Não há nenhuma hipótese que mude esse cenário. No caso do deputado Antonio Aguiar, sou amigo pessoal dele, respeito muito ele, mas essa questão não diz respeito a conjuntura estadual, é uma questão puramente local.
O sr fez uma crítica às SDRs recentemente. Isso soa estranho considerando que o PSD mantém as SDRs no seu governo, uma ideia que partiu do PMDB.
Não podemos confundir descentralização com regionais. As regionais, sim, acho que têm de ser extintas, não a descentralização. As regionais prestaram um grande serviço ao Estado, mas a grande ideia do governador Luis Henrique foi descentralizar o governo. A ferramenta foram as regionais, agora esse processo precisa evoluir. As ferramentas tecnológicas e o modo como o processo administrativo evoluiu pede novas formas de gestão. Uma ideia seria fazer a descentralização direto com os municípios, como é o Fundam (Fundo de Apoio aos Municípios), que para mim é um bom exemplo de descentralização. O Município tem equipe técnica para fazer todo o serviço. As regionais têm de ser extintas porque já cumpriram seu objetivo.
E a ideia do governador de transformar as SDRs em agências?
É o caminho para isso. Essa é uma posição particular. Só o fato de tirar o status de secretaria já é um avanço. Inconcebível termos 60 secretarias de Estado. A sociedade não entende. No futuro caminha para a extinção das próprias agências, porque os Municípios podem fazer isso. Podemos evoluir para a municipalização que, para mim, seria um grande avanço no futuro.
O governador Raimundo Colombo tem um grande respeito pela memória de Luis Henrique. O desaparecimento de LHS altera a relação do governo com o PMDB?
A gente tem de separar as coisas. O governador é o Raimundo Colombo e ele tem todas as condições de mediar essa questão com o PMDB.
O sr estuda colocar em votação do plenário a questão do duodécimo?
A pressão dos poderes foi muito grande e para não partir para um processo de radicalização, eu decidi retirar (o projeto de votação). O debate está lançado, nós temos a Lei de Diretrizes Orçamentárias que é colocada em votação todos os anos, então, temos plenas condições de voltar a esse debate com mais maturidade. Entendo que era o momento de fazermos um gesto de economia à sociedade, porque era possível ser feito, mas os poderes entenderam de forma diferente e temos de respeitar. Embora tivéssemos votos para aprovar, temos de respeitar os poderes.
Quais os desafios da Assembleia para este segundo semestre?
Temos algumas matérias importantes como o Plano Estadual de Educação, a reforma administrativa, o orçamento e a análise do cenário nacional. O Rio Grande do Sul está parcelando folha de pagamento, está em insolvência, é um cenário a se avaliar. Não podemos permitir que o que acontece lá venha a acontecer aqui. Precisamos nos antecipar. Para isso, uma série de medidas preventivas tem de ser tomadas.