As cidades de Três Barras e Major Vieira completam 55 anos de emancipação político-administrativa neste sábado, 23. Abaixo o JMais resgata a história dos dois municípios antes distritos de Canoinhas:
Três Barras – história de guerra e progresso
Quem anda pelas ruas estreitas e tranquilas de Três Barras não imagina que por essa região se desenrolou um dos maiores entraves territoriais da história: a tão aclamada Guerra do Contestado. Por aqui também se viu o progresso nascer por meio de uma grande indústria, a norte-americana Lumber, que estabeleceu um avanço no tempo que tornou a Três Barras dos primeiros moradores, caboclos e cafuzos que trabalhavam para os coronéis donos de terras recebidas do governo em uma cidade industrial. A “Southern Brazil Lumber and Colonization Company” – a maior serraria da América Latina –, trouxe ao então distrito, italianos, alemães e até japoneses. A ação da empresa foi devastadora: toda a madeira extraída dos 180.000ha das terras do município foi vendida para a fabricação de casas nos Estados Unidos. A madeireira financiou a construção de casas, hospital, clube e a importação de máquinas e locomotivas, trazendo rápido desenvolvimento para Três Barras. A empresa trouxe também o terceiro projetor de cinema do Brasil – equipamento igual só existia no Rio de Janeiro e em São Paulo. O progresso, porém, custou caro: a Lumber tinha suas próprias leis e funcionava como um território norte-americano dentro do Brasil. Pistoleiros vindos dos Estados Unidos tinham ordem de atirar nos empregados descontentes. Em 1938, Getúlio Vargas estatizou a madeireira, que tinha desviado 2.000.000 de libras esterlinas e pedira concordata. Cerca de 1.800 trabalhadores ficaram desempregados.
O Centro de Instrução Marechal Hermes incorporou o patrimônio que sobrou da Lumber e promove exercícios militares que chegam a mobilizar até 5.000 homens, como o que realizou em novembro do ano passado. Hoje, a maior empresa de Três Barras, a Rigesa, também vive da madeira. Uma produção de 245.000 toneladas/ano de pinus tenta amenizar a devastação promovida pela Lumber. Na agricultura, destaca-se a produção de milho, feijão, soja e batata – com 20.000 toneladas anuais, Três Barras é o maior produtor da região.
O povo tresbarrense é o resultado da miscigenação de muitas raças, mistura de caboclos, cafuzos, italianos, alemães e japoneses.
A Floresta Nacional de Três Barras é a maior das nove florestas nacionais do sul do Brasil. Ali é feito o manejo da fauna, além de experimentos com árvores, visitação, pesquisa e educação ambiental. O visitante encontra trilhas ecológicas e animais como a curicaca, a gralha, o pica-pau-do-campo, bugios, veados, lebres, jaguatiricas, capivaras e até mesmo o lobo-guará, ameaçado de extinção. O passeio é acompanhado por policiais militares, que dão detalhes sobre a fauna e a flora da região. Criada em 1944, a Floresta Nacional de Três Barras não sofreu retirada de madeira nativa.
Três Barras foi emancipada em 23 de janeiro de 1961, desmembrando-se assim do município de Canoinhas. O primeiro prefeito de Três Barras foi Sizenando de Andrade e o atual prefeito é Luis Divonsir Shimoguiri, cumprindo seu terceiro mandato.
Data de fundação – 23 de janeiro de 1961.
Principais atividades econômicas – Indústria de papel e agricultura.
População -18.945 habitantes.
Colonização – Cabocla, alemã, italiana e japonesa.
Principais etnias – Cabocla, alemã, italiana e japonesa.
Localização – Região do Contestado, na microrregião de Canoinhas, a 462km de Florianópolis.
Área – 419km².
Clima – Mesotérmico úmido, com verão quente e temperatura média de 17,1°C.
Altitude – 766m acima do nível do mar.
Major Vieira – desenvolvimento que vem da agricultura
Antes mesmo de servir de cenário para a Guerra do Contestado, em 1912 já existem registros de que pela região de Major Vieira passaram tropeiros que transportavam gado, couro e charque do Rio Grande do Sul para São Paulo e Minas Gerais. Ali eles paravam para descansar por volta de 1880. Dessa forma, foram surgindo na região pequenas comunidades. Depois da Guerra do Contestado, uma leva de imigrantes poloneses chegou às terras em busca de melhores oportunidades. Os colonos encontraram a floresta densa, que não os intimidou. Abrindo picadas nas matas, construíram as primeiras casas ao sul de Canoinhas. Na época, o lugar chamava-se Colônia Vieira e ainda pertencia ao Paraná. Em 1924, quando italianos, alemães e alguns poucos ucranianos já habitavam as terras, a área passou a distrito de Ouro Verde. A criação do município só ocorreu em 23 de janeiro de 1961 e o nome é uma homenagem ao major Tomaz Vieira, primeiro superintendente de Canoinhas.
A cidade tem sua economia voltada para a agricultura mecanizada que facilita a produção dos mini e pequenos agricultores que cultivam fumo, soja, feijão e milho. O extrativismo vegetal da erva-mate e a indústria cerâmica completam o quadro da economia local. Os estudantes que freqüentam a Universidade do Contestado, em Canoinhas, recebem passagem de graça e têm 50% do valor das mensalidades quitados pela Prefeitura. As crianças em idade escolar aprendem também a plantar e colher e os produtos servem para reforçar a merenda escolar. Orildo Severgnini é o atual prefeito de Major Vieira.
Data de fundação – 23 de janeiro de 1961.
Principais atividades econômicas – Agricultura.
População – 7.899 habitantes.
Colonização – Alemã, italiana, ucraniana e polonesa.
Principais etnias – Alemã, italiana, ucraniana e polonesa.
Localização – Planalto Norte, a 393km de Florianópolis.
Área – 543,5km2.
Clima – Mesotérmico úmido, com temperatura média de 19°C.
Altitude – 786m acima do nível do mar.