Rede de gás natural entre Canoinhas e Três Barras deve ter obras iniciadas ainda em 2022

Projeto Estruturante já foi aprovado pela Aresc

A Agência de Regulação dos Serviços Públicos de Santa Catarina (Aresc) publicou no Diário Oficial do Estado autorização para prestação de serviços de distribuição de gás natural canalizado pelo Projeto Estruturante (PE) nas cidades de Canoinhas e Três Barras. Na prática, é o start que empresas das duas cidades aguardam há pelo menos 20 anos para ganhar em produtividade e economia.

A SC-Gás confirmou que já está preparando a licitação que vai definir a empresa que deve assumir as obras, mas detalhes do projeto estruturante só serão divulgados na próxima semana.

O JMais apurou junto a fontes ligadas à empresas que se beneficiarão com a novidade que a região irá receber um novo conceito em distribuição de gás natural chamado de rede estruturante, cujo projeto piloto foi desenvolvido em Lages. Esse novo conceito não estende os dutos subterrâneos pelos quais passa o gás – que na região param em Rio Negrinho -, mas sim, constrói uma nova estrutura. Dentro de uma área de 3 mil metros quadrados deve ser construída uma central de descompressão do gás liquefeito ou pressurizado. Este gás viria da central da SC-Gás via transporte terrestre. A central deve ser construída em Três Barras e uma rede de 17 quilômetros de tubulação deve ser instalada até Canoinhas. A princípio, essa rede vai da WestRock, em Três Barras, até a CIA Canoinhas de Papel, duas das empresas que mais demonstraram interesse nestes últimos anos pelo gás natural. Isso não significa que a rede não seja estendida caso aumente o interesse pelo gás. Um levantamento junto a postos de combustíveis, por exemplo, deve ser feito. Hoje, o gás natural é a fonte de energia mais barata entre os combustíveis de veículos.

Com a aprovação da Aresc, em até três meses deve-se abrir um edital para licitar uma empresa que vai construir a central em Três Barras e construir a rede até Canoinhas. Empresas oferecem propostas e uma é escolhida. Pode haver judicialização via recursos, o que sempre é previsto em editais de licitação de qualquer esfera.

Se tudo correr bem a obra deve começar no segundo semestre deste ano, tendo a rede de gás apta a operar a partir do primeiro semestre de 2023.


IMPORTÂNCIA

A rede de gás natural substitui outras formas de gerar energia comum nas indústrias da região como é o caso de caldeiras.

Para o consultor de empresas Alvaro Concha, “a vinda de gás para a nossa região é um acontecimento muito positivo, pois além de servir de alternativa energética (e servir assim de opção caso a energia elétrica suba demasiadamente), pode também reduzir os custos, principalmente para a indústria que, por sua vez, precisa de incentivos urgentes em sua incessante busca pela competitividade”.


O consultor liga a questão, também, ao atual cenário geopolítico. “As precauções são importantes, pois como mostra a atual situação da Ucrânia, que temendo uma invasão russa, ainda sofre a angústia de um corte de gás, cujo fornecedor são empresas de seu possível invasor. Não que possamos sofrer uma invasão russa, longe disso, mas que, em minha opinião, aquelas empresas que tenham interesse em implementar a matriz energética gasosa, devem se precaver de um possível desabastecimento esporádico, considerando que a América do Sul é um terreno fértil para a instabilidade política”, destaca lembrando que a Bolívia é o principal fornecedor de gás natural para o Brasil. Contudo, já há exploração dessa fonte de energia em vários pontos do território brasileiro.



PERGUNTAS E RESPOSTAS

O que é o gás natural?

O gás natural é um combustível fóssil normalmente encontrado em camadas profundas do subsolo, associado (dissolvido) ou não ao petróleo. No Brasil, a maior parte da produção é associada ao petróleo. O gás natural é usado como combustível no transporte e nas usinas termoelétricas, bem como fonte de energia em casas, fábricas e estabelecimentos comerciais. Também pode ser convertido em ureia, amônia e outros produtos usados como matéria-prima em diversas indústrias.

Onde ele é usado? Por quem?

A grande consumidora no Brasil é a indústria, que usa 52% do total produzido. Em seguida, com 33%, está o setor de geração elétrica, com as termoelétricas. Depois vem o uso como combustível automotivo (GNV), com 9%. Outros 4% são usados por cogeração de energia, enquanto o uso residencial e o de estabelecimentos comerciais responde, cada um, por apenas 1% do consumo total.

Qual a diferença para o gás de cozinha?

O gás natural que chega à residência dos consumidores é o encanado. O chamado gás de cozinha, vendido em botijões, é de outro tipo: o gás liquefeito de petróleo (GLP). O primeiro é composto principalmente por metano e etano, enquanto o segundo é uma mistura de hidrocarbonetos, entre eles os gases butano e propano.

Como o gás chega ao consumidor?

Depois de extraído, precisa passar por unidades de processamento, onde é transformado em produtos que servirão de combustível ou matéria-prima para a indústria. Ele também pode ser importado de outros países na forma liquefeita, via navios – nesse caso, precisa passar por um processo chamado “regaseificação”. Já tratado, o gás é transportado por gasodutos até as distribuidoras. 

Quem produz gás natural no Brasil?

Além da Petrobrás, o País tem cerca de 30 outras empresas que produzem gás natural. Mas a estatal responde pela grande maioria da produção. 

Quem fica responsável pela distribuição?

Em geral, a distribuição é feita por Estado (em Santa Catarina pela SC-Gás), na maioria por empresas estatais. Além da Petrobrás, que atua no ES, existem outras 26 distribuidoras no País. A Petrobrás, por meio da Gaspetro, tem participação em 19 dessas companhias. 

Qual o tamanho da Petrobrás nesse mercado?

Segundo o governo, a estatal responde por 77% da produção e por 100% do que é importado. É sócia de 20 das 27 distribuidoras do País e consome 40% da oferta total. A empresa opera quase 100% da infraestrutura, e detém toda a capacidade da malha de transporte, com fatia em todos os dutos.

Rolar para cima