Agricultores de todo o Estado estão enfrentando problemas por causa do desabastecimento de milho.
Na avaliação da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetaesc) é preciso incentivar a produção interna, diminuir a exportação do cereal e subsidiar parte dos custos do produtor.
A falta do produto tem motivado o fim de atividades que precisam do grão nas principais regiões produtoras como o Oeste, Sul e Planalto Norte do estado. Desde o início do ano, impulsionado pela alta do dólar, o preço não para de subir. Segundo o Centro de Estudos Econômicos (Cepea) a saca de 60kg no dia 29 de março de 2016 estava cotada em Santa Catarina a R$ 41,00. A mais cara do Brasil. (Veja tabela ao lado)
Nós últimos anos o produtor tem preferido plantar soja, que também virou produto de exportação e ganhou preço no mercado internacional ficando mais rentável que a produção do milho.
Outro fator, além da diminuição da área de plantio do milho no estado em 10% se comparada a 2015, está diretamente ligada a exportação do produto. O governo federal, preocupado com a balança comercial, passou a exportar o grão o que causou a escassez do produto e consequente aumento dos preços.
“Será que teremos milho para o pequeno produtor alimentar seu plantel na produção bovina, suína e de aves?”, pergunta o presidente da Fetaesc, José Walter Dresch, que tem participado de encontros com o governo para tratar do tema.
Os mais otimistas acreditam que irá haver falta do produto, mas que a safrinha a partir de junho, que deve injetar no mercado cerca de 70 milhões de toneladas, pode amenizar o problema. Mas a previsão para se confirmar precisa de boas condições e como a cultura do milho é bastante suscetível ao clima a aposta pode não se confirmar.
“Hoje o agricultor que colhe 140 sacas de milho por hectare, compromete 75 sacas para pagar todos seus insumos. Temos que diminuir o custo porque quanto maior é a produtividade, maior serão seus lucros e assim o preço pode ser melhor para o milho do que para a soja”, disse.
O governo estuda parcerias por intermédio das agroindústrias e cooperativas. A proposta já foi apresentada. A ideia é que as indústrias se comprometeriam a fornecer os principais insumos, ou seja, adubo, ureia e semente, para pagamento no próximo ano; a cooperativa forneceria os demais insumos, e o agricultor plantaria e se comprometeria com um volume de produção para entrega na Cooperativa para pagar os insumos, e esta teria seu preço fixado com a agroindústria catarinense. Com isso, segundo o governo, o agricultor teria seus insumos sem precisar financiar, e pagaria com produto da colheita, com o preço do milho definido antes de plantar. A expectativa é ampliar em mais 100 mil hectares a produção de milho no estado. Assim Santa Catarina estaria assegurado pelo menos mais 840 mil toneladas de grãos para o abastecimento interno.
O Governo do Estado asseguraria incentivo fiscal a agroindústria, para que ela possa garantir um preço de garantia no produto, compatível com os custos de produção. Outro caminho e que a Fetaesc tem incentivado é o transporte de grãos via linha férrea. A ideia do governo é buscar o milho nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul levando via trens o produto para Lages o que baratearia o preço da saca em até R$ 10,00 na média.