Operação Autópsia constatou diversas ilegalidades na contratação de médicos em Papanduva
Foto: Fábio Rogério de Oliveira, funcionário da Med Kos e responsável pelas escalas de plantão dos médicos foi preso na terça-feira, dia 1º/Divulgação
A Polícia Civil de Papanduva deflagrou nesta semana uma operação denominada Autópsia, decorrente do escândalo dos falsos médicos que atuavam na região, descoberto no fim do ano passado.
Na época, o Conselho Regional de Medicina (CRM) constatou que um suspeito estaria se passando por médico no Pronto Atendimento de Canoinhas. Como o falsário também atuava em Papanduva, pela mesma empresa, um Inquérito Policial foi instaurado pela Polícia Civil do Município.
Depois de cerca de quatro meses de investigações, o esquema envolvendo a empresa Med Kos, que fornece médicos para os Pronto Atendimentos de Canoinhas e Papanduva, foi desvendado. A Polícia Civil descobriu que outros dois suspeitos também atuavam em situação ilegal, utilizando nomes e números de registro no CRM de profissionais legítimos. Segundo o apurado pela Polícia, os investigados são médicos formados no exterior, mas que não possuem habilitação para atuar no Brasil por não conseguirem aprovação no teste conhecido como Revalida, que avalia os conhecimentos do candidato e permite a homologação do diploma no país.
A investigação também apurou que os proprietários da empresa eram responsáveis pelo esquema, pois contratavam e orientavam os falsários a clonar carimbos. O objetivo era aumentar os lucros, pois enquanto os médicos verdadeiros recebiam R$ 850 por cada plantão de 12 horas, os falsos ganhavam apenas R$ 600. A diferença era embolsada pelos empresários. Ainda de acordo com a Polícia, como os suspeitos eram os que mais realizavam plantões, o lucro ilícito foi considerável. As identidades verdadeiras dos falsos médicos também foram descobertas no decorrer das investigações.
Como resultado, o Poder Judiciário, atendendo aos pedidos realizados pelo delegado de Polícia Civil Gustavo Muniz Siqueira, responsável pelo caso, prontamente decretou a prisão preventiva de cinco envolvidos.
PRISÕES
Com os mandados de prisão, a Operação Autópsia foi desencadeada ainda no mês de março, quando a falsa médica Rosimar Barrozo Braga foi presa na cidade de Boa Vista, pela Polícia Civil do Acre. Rosimar, que se passava pela médica Roselaine Sturiao, confessou ter praticado a medicina ilegalmente e incriminou os responsáveis pela Med Kos. A prisão foi mantida em sigilo para evitar a fuga dos demais investigados.
Na terça-feira, dia 1º, policiais civis de Papanduva, com apoio de policiais de Mafra, dirigiram-se até a cidade de Curitiba, sede da empresa e possível local de endereço dos suspeitos. Na ocasião, foi preso Fábio Rogério de Oliveira, funcionário da Med Kos e responsável pelas escalas de plantão dos médicos. Fábio negou ter ciência da existência de falsos médicos. No entanto, confirmou que os proprietários da empresa eram quem recebiam documentações e fazia pagamentos. A Med Kos foi criada pelo médico Anderson de Rezende e por sua esposa, a advogada Karin Finato de Rezende.
Informado acerca da prisão de seu funcionário, Anderson desapareceu, deixando, inclusive, de atender pacientes. Clayton Douglas Mota e José Fábio Costa de Jesus, que fingiam serem, respectivamente, os médicos Clayton Moura Belo e Eduardo Magrin de Barros, também não foram localizados ainda. Todos são considerados foragidos.
Segundo Siqueira, o Inquérito Policial que apura o caso será concluído nos próximos dias, mas a Operação Autópsia somente será considerada encerrada quando todos os envolvidos estiverem presos. “Todos serão indiciados pelo crime de associação criminosa, antiga formação de quadrilha, bem como por falsidade ideológica e falsificação de documentos”, esclarece o delegado.
Os integrantes da empresa responderão também por estelionato, enquanto os falsos médicos serão responsabilizados ainda pelo exercício ilegal da medicina.