Três Barras, por outro lado, superou a meta
A cidade de Canoinhas está entre as cidades com piores índices de vacinação contra a poliomielite, doença erradicada nos anos 1990 por meio da vacinação, mas que ameaça voltar por causa de fake news que levam pais a não vacinarem os filhos.
Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde compilados pelo portal NSC Total, Canoinhas atingiu 62% da meta. Mafra, apenas um ponto adiante, vacinou 63% do público-alvo. Há situações mais críticas, como a de Caçador, que vacinou somente 32% da meta. São Francisco do Sul tem o pior desempenho do Estado, com apenas 24% da meta atingida.
A Secretaria de Saúde de Canoinhas chegou a fazer mutirões em fins de semana para turbinar a vacinação, mas com pouca adesão.
EPIDEMIA
Quem não dá a devida valorização às campanhas anuais de vacinação contra a poliomielite certamente não entende porque as autoridades levam tão a sério o assunto. Em 1980, mais de 30 crianças foram internadas com sintomas de poliomielite em Canoinhas. Quatro delas morreram. A epidemia não tem precedentes na história do município. Surgiu em União da Vitória (PR) e chegou a atingir a capital Curitiba.
Balanço de janeiro de 1980 mostra que quase 100 crianças foram contaminadas com a poliomielite no Paraná e Santa Catarina. Dessas, 22 morreram. A maioria das vítimas (90%) era de crianças menores de cinco anos, da periferia das cidades atingidas e de classe socioeconômica pobre. Em União da Vitória e Porto União foram 18 mortes.
A situação em Canoinhas, Três Barras, Porto União e Mafra foi tão grave que o secretário estadual de Saúde à época, Valdomiro Colautti, autorizou os municípios atingidos pelo surto a vacinar pessoas com qualquer idade. Isso porque, a epidemia avançou tanto que chegou a atingir até adultos. O Exército foi usado na campanha de vacinação, realizada em massa na região. Os postos de saúde abriam direto, nos finais de semana, para receber a população a ser vacinada.
O secretário estadual de Saúde chegou a abrir um inquérito para apurar as razões de os postos e unidades sanitárias de Canoinhas terem permanecido fechadas num fim de semana, contrariando determinações da Secretaria.
A pólio foi erradicada em 1994 com vacinação em massa.
EXEMPLO
A uma semana do fim da campanha nacional de vacinação, o município de Três Barras já havia superado a meta preconizada contra a poliomielite.
Parcial divulgada pela Vigilância Epidemiológica apontou que 1.370 crianças de 1 ano a menores de 5 anos já haviam recebido as gotinhas extra da vacina. Sendo assim, a cobertura atingiu 101,18%. A meta nacional é vacinar, no mínimo, 95% deste público.
De acordo com o Ministério da Saúde, que tem como base cálculo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1.354 crianças estariam aptas a receber o imunizante.
Para a enfermeira Kátia Reis, responsável pelo setor de imunizações do município, o sucesso da campanha é fruto do trabalho em equipe.
Ela lembra que além da oferta do imunizante nas unidades básicas de saúde (UBS), as vacinadoras também realizaram busca ativa junto aos centros de educação infantil do município.
“Foi uma ação conjunta entre os profissionais de saúde, Secretaria de Educação, professores e direção das unidades escolares. Vale ressaltar que só recebeu, as gotinhas, a criança que os pais ou responsáveis autorizaram”, explicou.