Vitória de Beto Passos é rompimento histórico com tradição política local

Leia a análise do colunista Edinei Wassoaski sobre o resultado das eleições em Canoinhas; Beto Passos venceu por diferença de 402 votos de Beto Faria                                                                                                                                                 

A eleição de Beto Passos (PSD) faz história por romper com um ciclo de décadas. Pela primeira vez em muitos anos, temos um prefeito que não vem de família tradicional, teve uma infância paupérrima e ganhou notoriedade pela capacidade como comunicador e não pela atividade política. Na Câmara de Vereadores rompeu com a velha prática da “vantagem”, cortando diárias e expondo podres escondidos há anos debaixo dos tapetes da Casa de Leis. Seu vice-prefeito, Renato Pike (PR), por sua vez, como presidente da Câmara, aperfeiçoou ainda mais os mecanismos dispostos por Passos. Pagaram o preço que a classe política cobra por trabalharem a favor da ética e da transparência. Com o eleitorado, no entanto, certamente essa capacidade de gestão apresentada na Câmara favoreceu a eleição dos dois.

    Mas as urnas que elegeram Passos e Pike mostram muito mais que isso. Primeiramente, a necessidade de renovação. Beto Faria (PMDB), que passa longe de ter sido um mau prefeito, pagou o preço pela necessidade que a população sentiu de ver alguém novo na prefeitura. Passos, talvez, não fosse a melhor opção na visão de muitos, mas como única alternativa levou vantagem.

    Outro motivo que levou à derrota de Faria é culpa exclusiva dele. No ano passado, em entrevista ao Jornal da Band, o prefeito foi questionado sobre as péssimas condições das estradas do interior. Ao que respondeu: “Deve haver um equívoco, porque as estradas do interior foram todas arrumadas”. Pois bem, Passos ganhou em 26 das 28 localidades do interior. A miopia de Faria em relação a sua equipe – mesmo sabendo das críticas, não mandou ninguém embora. Quem saiu foi porque quis – se somou ao cansaço da população em relação à classe política.

    Enquanto o PMDB tem de fazer a crítica interna para tentar voltar em 2020, Passos tem agora pela frente um desafio muito maior. Com pouco dinheiro em caixa e muitas propostas onerosas para colocar em prática, terá de provar sua capacidade de gestor executivo, o que, evidentemente, tem de ser muito maior do que sua comprovada capacidade como legislador.

 

 

COMEMORAÇÃO

Renato Pike, além de ser eleito vice-prefeito, conseguiu emplacar quatro vereadores na Câmara pelo partido que preside, o PR, que, por sua vez, elegeu o prefeito de Três Barras, Luiz Shimoguiri.

 

 

Maioria na Câmara

O poder de articulação de Renato Pike (PR) garantiu à Beto Passos (PSD) maioria na Câmara de Vereadores. Salvo algum acerto de início de mandato, Passos terá somente os três vereadores do PMDB fazendo oposição ao seu governo. Beto Faria, no entanto, já disse que a rivalidade terminou com o encerramento da apuração.

 

 

O grande perdedor

O PMDB garantiu a maioria das prefeituras no País, mas foi o grande perdedor na região. Ficou sem as prefeituras de Canoinhas, Bela Vista do Toldo, Papanduva, Porto União, São Bento do Sul e até Rio Negrinho. O resultado desfavorece Mauro Mariani (PMDB), que busca o governo em 2018. Gelson Merísio (PSD), que deve ser seu adversário na disputa pelo governo, vê em Canoinhas um importante polo agora dominado por seu partido.

Quem está feliz é o deputado estadual Antonio Aguiar (PMDB) que apostou alto em Passos e saiu vitorioso.

 

Ele não soube conquistar o deputado e agora arca com as consequências”

do deputado Antonio Aguiar, se referindo a Mauro Mariani e a ele mesmo, lembrando que em 2014 o PMDB da região não se empenhou na sua campanha a reeleição e que por isso apoiou Passos

 

 

O futuro a Deus pertence

Na tortuosa autorreflexão que o diretório regional do PMDB tem feito, de uma coisa tem certeza: terá candidato à Assembleia em 2018 e esse não será Antonio Aguiar. Leoberto Weinert já se voluntariou, mas com a derrota de Faria, surge um novo possível candidato. Aguiar já disse que não deixa o PMDB. Vai em busca da reeleição esperando contar com o apoio de Passos e Pike que, no domingo, 2, pouco depois de comemorar a vitória com os militantes, foram à casa de Aguiar agradecer ao apoio de sua esposa, Marilu. Aguiar, de fato, sequer tirou foto com os dois durante a campanha.

 

RÁPIDAS

GABARITO: Não só pela presença inédita de quatro mulheres vereadoras, a próxima legislatura tem tudo para ser uma das mais produtivas e capaz de gerar debates de mais alto nível.

 

TRÊS BARRAS: Elói Quege (PP) deixa a prefeitura sem ter feito sucessor e com um inimigo declarado: Renato Pike.

 

ARTICULADOR: Pike foi quem articulou a filiação de Luiz Shimoguiri no PR, o início do processo que levou à vitória do neorrepublicano.

 

ALIÁS: Quege está totalmente desacreditado da política e diz que em 31 de dezembro abandona a política sem chance de sentir saudade.

 

OS MAIORES: O PMDB levou 98 municípios catarinenses com 1,45 milhão de habitantes. Já o PSD, 61 com 1,48 milhões de moradores.

 

R$ 2,21: Foi o custo por voto em SC, segundo o Tribunal Regional Eleitoral. Ao todo, 69.109 pessoas trabalharam, a maioria voluntariamente.

 

CÂMARA: Norma Pereira (PSDB) foi a recordista de votos no centro (718). No Campo, Zenici Dreher (462).

 

FORMIGUINHA: O recordista de votos, Gil Baiano (PR), foi quem mais pulverizou votos, a maioria nas localidades do interior da cidade.

 

 

 

 

 

 

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