Declaração foi feita durante a sessão desta terça-feira, 13, quando cerca de 100 pessoas foram à Câmara protestar contra a construção do novo prédio da Câmara
Depois de ter suspendido o edital para construção de uma sede avaliada em R$ 4 milhões para a Câmara de Vereadores de Canoinhas, o presidente da Câmara, Célio Galeski (PR), anunciou na sessão desta terça-feira, 13, que vai cancelar definitivamente o edital e que já acertou com o prefeito Beto Faria (PMDB) o envio de um projeto de lei que destine entre R$ 700 mil e R$ 800 mil de dinheiro do caixa da Câmara para o Hospital Santa Cruz (HSCC). A Câmara não pode fazer o repasse direto, mas pode devolver as sobras do ano para o Município, que faria o repasse. Hoje Galeski diz ter em torno de R$ 1,3 milhão em caixa guardado para a obra do novo prédio. No meio do ano, ele já havia devolvido R$ 500 mil ao Município, repassados ao HSCC. Na manhã desta terça, o diretor administrativo do HSCC, Derbi Fontana, disse ao JMais que o dinheiro ajudará o Hospital até o final do ano. “Temos como nos manter até o final deste ano, mas não tenho como abrir (o Hospital) ano que vem”, declarou.
Galeski prometeu, ainda, a compra de um carro para a Polícia Civil.
O recuo de Galeski, que até então dizia que o projeto voltaria a ser discutido em 2017, foi diante de um público de cerca de 100 pessoas, que marcaram o manifesto pelo Facebook. Com cartazes e em silêncio rompido às gargalhadas quando Galeski disse que a obra geraria empregos, os manifestantes se mostraram satisfeitos com o desfecho do episódio.

DISCURSO
Representando o Observatório Social de Canoinhas, Gilson Pedrassani e Reinaldo de Lima Jr fizeram discursos contundentes usando a tribuna da Câmara. “Não somos contra a Câmara ter sede própria, mas entendemos que não é o momento. O País vive uma severa crise”, explanou Pedrassani.
Lima foi ainda mais contundente ao pedir o cancelamento do projeto, considerando que ele pode voltar à pauta a qualquer momento no próximo ano. Pediu, ainda, que a nova legislatura não eleja para presidir a Casa alguém simpático ao projeto. Ele lembrou que uma obra como a a nova sede pode ser determinada pelo presidente apenas com anuência da mesa diretora. “Estamos em um espaço aconchegante, com ar-condicionado, outros espaços adequados, não vemos como prioridade a construção de uma nova sede”, afirmou.
Lima encerrou sua fala lembrando que o assunto pode voltar à tona, mas no momento adequado. “Qual esse momento? Daqui a cinco, dez, 15 anos, nunca?”. Sobre o argumento de Galeski de que o Município economizaria com aluguéis se o prédio fosse devolvido, Lima rebateu: “Entendo que ao devolver os recursos de sobra de caixa, a Câmara está pagando um bom aluguel à prefeitura”, exemplificou.
O discurso de Lima e Pedrassani foi apoiado pelos vereadores Paulo Glinski (PSD), Wilmar Sudoski (PSD) e Cris Arrabar (PR). Citando matéria do JMais veiculada nesta terça, Glinski lembrou que o Município levaria mais de 100 anos para recuperar os R$ 4 milhões investidos na nova Câmara. “É mais que a idade do Município”, comparou. Disse ainda que não vê perspectivas de a nova sede ser construída nos próximos quatro anos e propôs que a nova legislatura eleja um presidente comprometido a não mexer no projeto.
Ao encerrar a discussão, Galeski reafirmou o compromisso com o cancelamento do edital e reclamou de a Câmara estar instalada na “casa da sogra” ao se referir ao fato de o prédio ser um anexo da prefeitura. “Não cedi à pressão, cedi à participação do povo, por isso estou muito feliz hoje”, afirmou. Disse, ainda, que o projeto da nova Câmara foi criado por Renato Pike (PR) quando ele era presidente da Câmara em 2013. “Só dei continuidade ao trabalho dele”, concluiu.