Eles apoiam as medidas de isolamento social, mas reclamam que só o comércio está sendo penalizado
Na manhã desta quarta-feira, 8, participaram da coletiva de imprensa na Prefeitura de Canoinhas relacionada às providências tomadas em relação ao avanço do coronavírus, representantes das três entidades do comércio canoinhense: o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Sirineu Novak; presidente do Sindilojas, Carlos Burigo e o presidente da Associação Empresarial (Acic), Reinaldo de Lima Jr.
Durante a coletiva, o prefeito Beto Passos (PSD) comentou sobre a reunião da semana passada em que foi elaborado um documento em conjunto com as entidades que representam o comércio da região, encaminhado à Amplanorte e à Fecam, no qual os empreendedores do comércio de Canoinhas solicitavam a reabertura do comércio.
Novak afirmou que a CDL, o Governo do Município, a Acic e o Sindilojas estão fazendo o possível para que o comércio volte ao normal. Segundo ele, há muitos questionamentos dos lojistas da região, para que seja aberto o comércio. “Essa semana foi dia de pagamento, tem alguns comércios que atrasaram e alguns funcionários que não receberam ainda, porque as empresas estão sem condições de fazer esses pagamentos. O que temos de possibilidade estamos fazendo. Hoje, temos mais um ofício que fizemos para enviar para o governador para que seja reaberto o comércio para o pessoal conseguir trabalhar”, relatou o presidente da CDL.

Trabalhando no mesmo sentido, Carlos Burigo também relatou sobre a tentativa de reabertura do comércio, mas afirmou que as entidades estão de mãos atadas. “Formamos plantões, deixamos os funcionários em home office e estamos quase que em reuniões diárias junto com a Federação do Comércio de Santa Catarina. Estamos discutindo isso estadualmente junto com as Federações, com a FCDL, com a Facisc. As três federações, desde a semana passada, quando houve uma mudança um pouco por parte do Governo, conseguiram fazer contatos direto com o governo. Estamos levando todas as sugestões para que se abra o comércio inteiro”.

Burigo falou que as entidades percebem a angústia do empresário, dos pequenos comércios dos nove municípios que compõem a região. “Temos uma preocupação enorme com os nossos comerciantes aqui que a hora que formos retomar, a retomada seja muito mais lenta que em outros municípios que tenha mais potencial industrial, de turismo e de se levantar. Entendo que a nossa maior briga para que o nosso comércio abra, é essa inversão de papeis: o setor que gera emprego e gera renda está fechado e o setor arrecadador está aberto. Quando eu acho que essa conta deveria ser ao contrário. Entendo que como entidades estamos de mãos atadas, mas nós temos de fazer o possível, convencer dentro de todos os parâmetros, não podemos esquecer isso, que é o principal”, afirmou.
Burigo falou ainda da importância de conscientizar todos os comerciantes e associados de manter prevenção, de incentivar que os clientes tenham a prevenção a partir de segunda-feira, 13, caso o comércio reabra. “Temos de manter nossos pais e mães idosos em casa, a contenção é importantíssima, mas a parte econômica chegou a um ponto que não tem mais como segurar, nós precisamos que o comércio reabra. Os prejuízos para o nosso município, para a nossa região, vão ser incalculáveis se nós continuarmos com esse mesmo procedimento nesse momento”, finalizou o presidente do Sindilojas.
Reinaldo de Lima Jr, frisou que a Associação Comercial e as outras entidades inicialmente entenderam as medidas duras que o Estado adotou, amargas, mas que eram necessárias. Porém, segundo ele, no decorrer do período o Governo do Estado se perdeu em alguns momentos. “A primeira perda que ocorreu foi quando ele anunciou um plano de retomada em um dia, e passados dois dias, ele anunciou que aquilo não iria ser colocado em prática. Isso demonstrou uma certa insegurança por parte do empresariado. Hoje temos um comércio que recebe duas pessoas do lado de uma instituição bancária onde tem um movimento enorme e a Polícia Militar não deixa abrir o comércio onde entraria, duas, três ou cinco pessoas. Há um certo contrassenso”, relatou.
Lima mencionou que o Governo do Estado criou vários medidas para combater o vírus, mas questionou o governador de quais iniciativas foram feitas para a classe empresarial. “Ocorreu prorrogação do prazo do IPVA? Não. Ocorreu prorrogação do prazo de vencimento do ICMS? Não. Ocorreu prorrogação de algum tributo? Não. Qual é a participação do Governo do Estado com os autônomos, com os informais? Nenhuma. As que existem são de nível federal. É preciso um prazo maior para que o comércio consiga retomar. Questiono nosso nobre governador do Estado, parabenizo ele pelas medidas ao combate do vírus, mas o outro lado, infelizmente, ele deixou a desejar. Não tivemos nenhum incentivo a classe empresarial por parte do Governo do Estado”.
“Não queremos criar uma certa ‘bagunça’ em nosso município, mas gostaria de dizer que a Associação Empresarial, assim como a Facisc, somos favoráveis à retomada total do comércio e não de penalizar hoje, na nossa interpretação, o comércio de forma geral, sendo beneficiadas hoje diversas áreas, diversos ramos. Quem está pagando essa conta é o comércio. Hoje, infelizmente, só as lojas comerciais estão paradas, as demais atividades todas foram retomadas. O que faltou na minha concepção, do Governo do Estado, foi uma palavra que se chama equilíbrio”, desabafou Lima.