EDERSON MOTA: Operação Educação Brasileira

“Para discordar, é preciso pedir permissão; para contestar, é preciso coragem e indignação”. Elmo

Segundo Antônio Ribeiro, www.veja.com/deparis, há um fenômeno recorrente no Brasil, que justifica todas as demais carências da população e, invariavelmente, passa ao largo do cerne das questões pontuais. Os 9 bilhões de reais gastos com novos estádios são irrelevantes em relação aos 600 bilhões usados anualmente para sustentar a pesada e emperrada máquina governamental. Extraindo-se todos os absorvedores insaciáveis de verbas públicas, mantidos pelos cinco meses de trabalho suado, dedicados pelo cidadão ao erário, somados a quase 40% de toda renda nacional transformados em impostos e taxas, resta saber até quando o ensino fundamental básico irá resistir a tanto marasmo e a tanto descaso. O faz de conta tem data término, mas os dirigentes do sistema não acreditam nessa hipótese e apostam na infalibilidade da atual gestão, cheia de sobressaltos e incertezas. O que as famílias brasileiras desejam para seus filhos é uma simples educação de qualidade, sem as “invencionices” e as alegorias contumazes; afinal para que servem os elevados impostos rigorosamente cobrados da população produtiva? Educação de qualidade não somente para a educação pública superior, mas realmente para todos os brasileiros, sem subterfúgios, sem discriminação (agora em evidência com legislação retrógrada) e sem o fantasma da exclusão.

Quando se constata que mais de 9 milhões de estudantes brasileiros se inscreveram para a avaliação do ENEM, verifica-se a fragilidade do sistema de admissão à universidade pública, pois o que acontecerá com os demais, a maioria, que já foi excluída do processo? E com aqueles que não atingirão a pontuação necessária para o ingresso no ensino superior? Como lidar com as decepções e frustrações advindas do fracasso educacional?

São muitas as perguntas e poucas as respostas, porém existem soluções aplicáveis em curto prazo e bem menos onerosas certamente do que estádios monumentais e outros gastos como viagens e ajudas internacionais a ditaduras: todas as instituições de ensino superior são públicas e de livre acesso aos estudantes brasileiros, por isso basta fazer repasses destinados a vagas para os excedentes de cada região; todas as universidades públicas têm a condição de promover projetos de extensão em escolas do sistema estadual e municipal, melhorando sobremaneira a qualidade de ensino, com financiamento do MEC e outros órgãos; incentivar a meritocracia em todos os níveis para aumentar o padrão de qualidade de ensino; focalizar a competência e as habilidades decorrentes como metas em todos os níveis educacionais, para desenvolver no aprendiz e no docente o processo de descoberta e construção do conhecimento.

A OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), em recente pesquisa, mostrou que o Brasil está na 38ª posição entre 44 países, com relação a uma avaliação aplicada para medir o seguinte item: solução de problemas que exigem raciocínio lógico, demonstrando que os alunos brasileiros não conseguem resolver problemas aplicados à vida real, por exemplo, programar um ar condicionado ou calcular a tarifa mais barata entre algumas possibilidades de transportes. Os alunos brasileiros obtiveram 428 pontos, enquanto a média geral foi de 500 pontos. No resultado do teste PISA, divulgado no ano passado, o Brasil ficou em 58º lugar entre 65 nações.

Alguma atitude precisa ser tomada e com urgência, porque a ausência de uma educação de qualidade causa prejuízos de toda a ordem a essa magnífica nação, e alguns efeitos começam a despontar com certa frequência nas comunidades brasileiras. A ironia está no fato de que tudo custa muito menos do que aqueles 600 bilhões para manter a “máquina” dita pública!             

Rolar para cima