Leia a crítica de Tony Goes
“Eu Não Sou Seu Negro” estreou no Brasil bem no meio da temporada do Oscar – da qual, aliás, ele fazia parte, pois foi indicado a melhor documentário. Mas tinha tanta coisa para ver que eu acabei perdendo o filme no cinema.
Ainda bem que ele já esteja disponível nos serviços de pay-per-view, e quer saber? Acho que eu prefiro ver documentários em casa. Talvez porque eu não me distraia com a pipoca e a mensagem entre mais rápido na cachola. Aqui ela é devastadora: um poderoso libelo contra o racismo, nas palavras do escritor James Baldwin.
O autor de “O Quarto de Giovanni”, livro obrigatório no currículo de qualquer bicha que se preze, queria escrever sobre a vida dos três grandes líderes negros que foram assassinados nos Estados Unidos na década de 1960: Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King.
Mas ele nunca passou das cartas que enviou ao seu editor, e são elas que Samuel L. Jackson lê em off, num tom muito mais suave que de costume. “Eu Não Sou Seu Negro” me deixou encafifado. A escravidão no Brasil foi tão cruel e até mais longa que nos EUA. No entanto, não tivemos aqui leis explicitamente racistas, nem os conflitos por direitos civis que rolaram por lá. Será que é só a nossa miscigenação, maior que a deles, que explica isto? E no entanto os negros americanos estão numa posição melhor do que os brasileiros, apesar de não chegarem a 20% da população. Preciso ler mais, para entender melhor.