Alto índice de transtornos mentais leva Canoinhas a discutir depressão

Profissionais da saúde foram à Câmara para convidar população e receberam apoio dos vereadores

 

Mais de 300 milhões de pessoas de todas as idades sofrem com a depressão no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde, que também alertou que a doença é a principal causa de incapacidade laboral no planeta. Foi justamente pensando em trazer à tona a importância desse tema, que o médico Marcos Okada e o dentista Régis Gonçalves se dirigiram à Tribuna da Câmara de Vereadores nesta segunda-feira, 24. Eles convidaram todos os canoinhenses a participar de evento que abordará a depressão e os transtornos mentais sob os mais variados pontos de vista e aspectos.

 

De acordo com Okada, atuando na saúde ocupacional, ele se depara com muitos trabalhadores que, acompanhando a tendência mundial, apresentam transtornos mentais e acabam afastados do cargo. O médico disse que casos desse tipo, quando o profissional é amparado pelo benefício previdenciário, somaram 75,3 mil em 2016. Ainda segundo suas informações, 37,8% de todas as receitas neste mesmo ano foram motivadas por transtornos mentais. Okada relatou que a Associação Brasileira de Psiquiatria aponta que 25% da população tem ou já teve depressão. “Até 2020 essa depressão será a maior causa de incapacidade em todo o mundo”, alertou. Ele também lembrou dos suicídios ocorridos recentemente em cidades do Planalto Norte e demonstrou preocupação com a inclusão cada vez mais intensa de jovens neste cenário.

 

Okada ainda detalhou o sofrimento enfrentado por quem convive com pacientes com transtornos mentais. “Uma pessoa que comete suicídio afeta diretamente seis pessoas da família e do convívio. Se isso acontece no trabalho, pode subir para cem pessoas que podem sofrer de algum transtorno motivado por esse caso”, contou, exemplificando este último caso com o estresse pós-traumático. “É um problema previdenciário, de saúde pública, problema familiar, escolar”, disse o médico, que ainda destacou os estigmas que este tipo de doença carrega, já que ainda há dificuldades e vergonha em se buscar ajuda.

 

O profissional também explicou que no corpo humano há neurotransmissores, que, quando desregulados, podem resultar em depressão. “Quando tem problema na utilização deles, a pessoa adoece. E por mais que a gente tente estimular por meio de incentivo, falta o fluido”, explicou. Okada trouxe à discussão também a importância da religiosidade, onde, segundo ele, muitas vezes as pessoas encontram uma forma de se abrir.

 

O dentista Regis Gonçalves sofreu de depressão profunda há 20 anos e, após encontrar sozinho um meio de reagir, ele passou a estudar o ser humano. Concluiu uma pós-graduação em teologia, um mestrado em bioética e estudou psicologia e filosofia. A partir daí, passou a ajudar pacientes com transtornos mentais. De acordo com ele, é preciso ultrapassar a visão mecanicista e enxergar as cinco dimensões do ser humano: “somos corpo, mente, temos relacionamentos, fazemos parte de uma cultura e somos seres espirituais”, comentou, afirmando que, uma delas estando em desequilíbrio, não é possível desfrutar de uma vida plena.

 

No debate proposto pelos profissionais, a ideia é discutir com psicólogos, psiquiatras, sociólogos, assistentes sociais, líderes espirituais, professores e membros da sociedade a visão integral do ser humano. A princípio a data agendada para ocorrer o evento é dia 6 de maio, a local a ser definido. Com o apoio de todos os vereadores, a Câmara está disponível para sediar o evento.

Rolar para cima