Leia crônicas da semana do professor Ederson Mota
CANOINHAS – 106 ANOS
É difícil falar sobre a “princesa gentil do planalto” neste momento de comemoração. A Santa Cruz de Canoinhas despertou para a vida pelos esforços dos intrépidos colonizadores que aqui fixaram seus sonhos e esperanças.
O tempo passou e criou para Canoinhas um modo de viver único numa sociedade plural, hospitaleira, aconchegante, responsável pelo desenvolvimento contínuo de sua gente.
Com sotaque típico único, carregado no /r/, traz consigo as lembranças do passado glorioso de lutas e conquistas, o que valoriza seu povo que não se submete a pressões de quaisquer natureza. Povo altaneiro que mesmo esquecido pelos governantes de plantão tem a mania de realizar feitos inéditos e enfrentar as piores tragédias com galhardia e competência.
Salve, Canoinhas da erva-mate, da agricultura, das terras férteis, do povo de mãos estendidas, dos exemplos edificantes para o Brasil. És uma estrela que brilha no infinito da constelação da paz e da prosperidade!
E agora? É hora de receber mais atenção e investimentos para que provoque o sorriso aberto na face das crianças, jovens e adultos dessa terra abençoada.
A FÁBRICA FECHOU
A sede administrativa, os galpões, as máquinas, o refeitório, os depósitos, tudo está lá, no seu devido lugar, mas e as pessoas que davam vida ao lugar sumiram, foram trabalhar em outros locais ou estão desempregadas. Antes um rumor permanente, ronco de veículos e ruídos das máquinas, dia e noite, uma vibração constante e rotineira. Agora o silêncio, a paralisia, portas fechadas, avisos amarelecidos nos quadros, abandono e o que é pior, desemprego em massa. Há tristeza nos olhos dos pais que labutavam por lá, um ganha pão que se foi com a frigidez das leis, afinal o trabalho existe para dar oportunidade às pessoas e trazer esperança no porvir. A fábrica encerrou suas atividades e com ela levou expectativas, sonhos, planos, projetos de muitos que lá deixaram o seu suor, sua experiência, seu conhecimento. Para muitos, que viveram esse doloroso trauma, as portas se fecharam pela idade, pelo único caminho percorrido com fidelidade à uma só empresa. A fábrica fechou como tantas outras do Brasil, mas para os homens com alma a ousadia e a confiança permaneceram.
E agora? Agora é vencer o saudosismo e buscar oportunidades sem lamentar pelo leite derramado.
AGRESSIVIDADE
O desrespeito com os mais experientes inicia em casa e ,atualmente, termina na escola com explosões de violência contra quem ensina – o professor.
Exemplo terrível aquele de Indaial-SC, quando um desses jovens sem rumo, sem escrúpulos, sem medidas, sem controle, sem motivo aparente, se irritou com a presença de uma professora, tanto que partiu, sem pestanejar, sem respeitar quem quer que seja, para violenta agressão, de tal forma que provocou lesões corporais sérias na docente.
Triste sociedade aquela que ofende e prejudica os que a servem.
Triste a sociedade que deixa tal fato passar impune, sem importar-se com o bem –estar dos que a beneficiam. Sabe-se que o agressor, chamado de estudante, continua a frequentar aulas no local e, provavelmente, a professora, no momento de sua dor, pedirá remoção de tal trabalho, agora perigoso.
A culpa sempre recai na sociedade, mas a questão que insiste em ecoar é: que família é esta que não conseguiu educar para o respeito mútuo, para a aceitação, para a disciplina consciente? Infelizmente, com conselho tutelar ou não, será difícil combater os males deste jovem sem uma punição equivalente com o mal que causou. Se queremos responsabilidade, não podemos permitir a impunidade!
E agora? Agora é o momento de renovar valores esquecidos e o respeito aos professores deve ser o primeiro.
EDUCAR PARA A VIDA
Educar para o conhecimento científico e tecnológico fortaleceu seus princípios, enquanto que educar para a vida enfraqueceu suas baterias que já estão até esgotadas. O que você prefere? Encontrar pessoas educadas para o conhecimento ou aquelas educadas para a vida em sociedade, que respeitam seus limites e sabem exercer sua liberdade. Hoje são tão raras e escassas e até negam seus princípios humanistas diante da torrente de informações diárias da ciência e da tecnologia. Por que o ser humano no Brasil está se tornando cada vez mais individualista, egocêntrico, insensível e avesso à convivência fraterna? Porque está sendo educado para ser assim, indiferente, omisso, isolado. Quando se educa alguém deve-se pensar nas consequências de suas ações, nos objetivos, em todos os aspectos da formação, por isso, se a sociedade deseja um cidadão mais ativo, nada melhor do que educá-lo para a vida em todos os seus aspectos mais reais. Prepará-lo para a vida é melhorar sensivelmente a sociedade com o enfrentamento dos problemas que a enfraquecem. Educar para a vida é ensinar a resolver problemas do dia a dia.
E agora? É hora de despertar para uma educação que conduza crianças, jovens e adultos a resolver problemas do meio onde vive.
AUTORITARISMO À SOLTA
Mesmo diante de práticas dialógicas constantes, ainda se vê por aí, à solta, práticas autoritárias medievais e, o que é pior, com a humilhação de pessoas, discriminação, falta de urbanidade e demonstração de coronelismo flagrante.
Por isso a superlotação de processos na justiça comum e do trabalho, porque a falta de respeito e a truculência ainda ocupam procedimentos de mandatários incompetentes e donos da verdade. A irresponsabilidade ainda é mais grave quando de trata de instituição voltada para a assistência de pessoas, carentes de atenção múltipla.
E agora? Agora, é preciso afastar esses mandatários ultrapassados, renovar gestores e preocupar-se com os seres humanos, antes de tudo.
DIA QUALQUER
Hoje é um dia qualquer, em qualquer lugar, com quaisquer pessoas em qualquer circunstância.
Parece um dia num país chamado Brasil, onde os dias se parecem, onde os dias se tornam noites de incerteza e insônia.
As pessoas do país são assediadas com notícias geralmente pessimistas e de maus presságios sobre saúde, educação, segurança e infraestutura. Não sabem o que fazer para resolver esses problemas a não ser invocar santos e fazer promessas, pois aqueles que administram a nação não encontram solução ou não desejam encontrá-la.
Passeatas, abaixo assinados, correspondências, manifestações não comovem mais o poder público, ensurdecido, por isso todos os dias são iguais, sem esperança, sem perspectivas, sem planejamento.
E agora? Agora é o momento de mostrar a insatisfação, por ocasião das escolhas que faremos. 2018 vem aí!
EXCESSOS
Faz muito tempo que a burocracia atormenta as pessoas, atrapalha suas vidas, interfere no tempo de cada um e tem um altíssimo custo.
A papelada faz com que o ser humano perca o seu real valor e que a sua palavra, o seu compromisso com a verdade deixe de ser considerado. Homens sem papéis comprobatórios nem existem, precisam provar quem são, trazer testemunhas e, finalmente, apresentar documentos. A palavra empenhada não é mais aceita, o ser humano perdeu sua credibilidade. Precisa pagar para provar que um bem lhe pertence, e assim prossegue a vida, sufocada de papéis e exigências sempre com alto custo.
Todos são culpados até prova em contrário ou todos são inocentes até provas em contrário? Eis o elemento gerador, na verdade a perda da confiança mútua, o medo de ser ludibriado obtiveram destaque na cultura atual e duvidar sempre faz parte das regras do jogo, assim como o jeitinho, o apadrinhamento, o levar vantagem em tudo.
A solução simples e barata seria: quem duvida tem o direito de investigar assumindo o ônus cartorial, em todos os níveis, e, nos casos de golpes, puna-se o culpado de forma exemplar e não toda uma população – a papelada seria reduzida ao mínimo, o índice de confiança aumentaria e a palavra empenhada voltaria ao seu devido lugar.
E agora? Agora, é preciso desburocratizar todo o sistema e utilizar a tecnologia da informação a serviço do homem.
CAMINHOS
As escolhas que fazemos são sempre inevitáveis, angustiantes e, quando se referem à vida, tornam-se verdadeiros impasses.
Ao dormir, qual o lado? Ao sair, qual o traje? Ao se alimentar, qual a preferência? Pé direito ou esquerdo? Sair com ou sem guarda-chuva?
Quando se trata de questões mais íntimas, a complicação se torna mais grave ainda; amigos, namorados, colaboradores, desafetos, grupos afins, clubes, escolas, atividades, compromissos diversos.
A decisão é toda sua, pertence a você, é sua propriedade, e errar ou acertar significam avanços ou retrocessos.
O ser humano tem muitos motivos para ser indeciso, porque vive dentro de um mundo que é um imenso ponto de interrogação.
E agora? Agora é preciso compreender melhor a vida e as pessoas que nos cercam para converter o pensamento em: ACERTAR É HUMANO!
FOGO NO CIRCO
A cultura brasileira estabelece como normal apreciar e torcer até nas tragédias que ocorrem no dia a dia. Exemplo claro foi o tumulto gerado por ocasião de um incêndio ocorrido na noite de sábado em nossa cidade. A avenida Expedicionários, 22 horas, estava repleta de pessoas e veículos, todos para apreciar um sinistro de grandes proporções que ocorreu num prédio abandonado, consumido totalmente pelo fogo. O significado desta manifestação não é somente a curiosidade, mas o desejo mórbido em conhecer a desgraça de outrem e satisfazer-se com isso. Culturalmente, essa atitude popular é deveras preocupante porque tem se repetido em acidentes com vítimas, até fatais, demonstrando que a violência, de qualquer espécie, é apreciada por um número expressivo de pessoas. No sentido de auxiliar, apoiar, colaborar todos se tornam omissos e indiferentes, já no sentido de observar, reconhecer e apreciar fatalidades há muitos participantes, que não se furtam de dar palpites, verificar ferimentos e sangramentos, bem como farejar fatalidades e inventar histórias a respeito.
Triste essa cultura brasileira do sensacionalismo e da pronta assistência à desgraça alheia. Ninguém se coloca no lugar daquele que sofre ou perece de algum mal. Quer incentivar a violência? Torne-se indiferente a ela e cruze os braços.
E agora? Agora, de forma urgente, é preciso educar o povo a conter-se nas manifestações que enaltecem a desgraça alheia.
IGUAIS E DIFERENTES
Dizem que os iguais se encontram em algum momento da vida. E quando se encontram, muitas coisas favoráveis acontecem, por que harmonizam sobremaneira o ambiente de convivência, do trabalho, das soluções, pensam de forma diferente, mas possuem afinidades, sintonias e proporcionam a otimização de todas as atividades.
A sincronia produz o equilíbrio, o que a nação brasileira e seus cidadãos precisam desfrutar nestes tempos bicudos.
Já os diferentes travam batalhas diárias contra os outros, começando por si mesmo e disseminam a violência e a intolerância. São avessos às leis e propiciam a imoralidade e os desvios de conduta.
Felizmente, os semelhantes têm praticado a arte do encontro, do bom senso, do combate à impunidade e estabeleceram elos do bem e da discórdia. Acreditam numa nova nação, num Brasil real e alvissareiro.
E agora? A resposta virá em 2018, com o expurgo dos quadrilheiros!