No último mês do ano aumentou em 23% o número de registros no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC); lojistas relatam que além de comprar menos, consumidor comprou presentes mais em conta
O otimismo com que o comércio brasileiro viu o Natal 2017, como uma espécie de desagravo do Natal de 2016, não se refletiu nas vendas em Canoinhas. Dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) do Município mostram queda de 5,8% no número de consultas no mês de dezembro de 2017 em relação a 2016. No ano passado foram 13.229 consultas ao SPC ao longo do mês de dezembro. No ano anterior foram 14.043. “Sentíamos que seria assim. As vendas no começo do mês de dezembro estavam muito fracas. Claro que melhorou com a proximidade do Natal, mas aquilo que perdemos não recuperamos”, reflete o gerente de uma rede de lojas da cidade, Fábio Cisz.
Para o presidente da CDL Canoinhas, Cirineu Novak, a crise política refletiu em todos os setores da economia, inclusive no comércio. Ele faz uma ressalva, no entanto, que nem todos os setores tiveram queda. “Não são números exatos. Na minha loja, por exemplo (de materiais de construção), tive um movimento bem atrativo, maior que no ano passado”, afirma. Para Novak, 2017 foi ano de aprendizado para o comércio. “Vejo que o pessoal está se preocupando com decoração, a imagem da loja, propaganda. Isso é positivo”, garante.
Fabio conta que além de haver queda no número de vendas, quem comprou optou por presentes mais em conta. “Acho que é reflexo do fechamento de empresas nos últimos meses em Canoinhas. Veja o exemplo da Tabacos, que foi para Papanduva, e da Fuck, que encerrou as atividades no ano passado, sem contar que Canoinhas é polo e também sente a crise regional. A palavra que eu diria que resume esse resultado negativo seria desemprego. Geralmente no Natal crescemos em vendas. Nos últimos cinco anos é a primeira queda que vejo”, lamenta lembrando que no Natal anterior havia tido um acréscimo de 8 a 9% nas vendas. Outro dado sintomático da crise é que 60% das vendas da rede foram no crediário próprio. “Imagino que 12% das vendas foram em dinheiro à vista”, estima. Ele ainda menciona o inverno fraco e a demora para esquentar neste verão, o que também contribui para a queda de vendas nas lojas de vestuário.
Os resultados em Canoinhas vão na contramão do Estado. Segundo pesquisa da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDLs) de Santa Catarina, houve crescimento de 2,9% nas vendas de dezembro de 2017 ante o mesmo mês de 2016. Os itens mais procurados pelos consumidores foram confecções, calçados, óculos, joias e relógios. O valor médio gasto pelos consumidores foi de R$ 187,83, superando o previsto pela FCDL-SC: R$ 172.
O cartão de crédito e o crediário foram as modalidades mais utilizadas no parcelamento das compras – 48,3% e 31,8%, respectivamente. O levantamento foi realizado pela FCDL-SC junto a 400 empresas associadas com atuação no varejo nas 20 cidades catarinenses de maior potencial de consumo.
INADIMPLÊNCIA
Ainda no mês de dezembro aumentou em 23% o número de registros no SPC de Canoinhas. Foram 1002 registros de inadimplentes ante 768 registros em dezembro de 2016. Houve um leve aumento, no entanto, no número de pessoas que aproveitaram o 13º salário para limpar o nome em Canoinhas. Em 2017 foram 892 ante 883 em dezembro de 2016.
Fabio também atribui ao desemprego o aumento na inadimplência.