Embora área plantada tenha sido maior, a quantidade produzida em toneladas diminuiu em relação à última safra
A microrregião de Canoinhas – que engloba Três Barras, Bela Vista do Toldo e Major Vieira – produziu menos na safra 2017/2018 mesmo plantando em área maior que em relação à safra 2016/2017. Os dados foram revelados em seminário realizado a tarde desta quarta-feira, 20, no auditório do Instituto Federal de Santa Catarina – Câmpus Canoinhas.
MICRORREGIÃO DE CANOINHAS | |||
2016/17 | 2017/18 | ||
Área plantada (ha) | Quant. Produzida (t) | Área plantada (ha) | Quant. Produzida (t) |
131.600 | 501.870 | 140.300 | 487.100 |
Fonte: Cepa/Epagri
O Seminário Regional de Avaliação da Safra Catarinense de Grãos 2017/2018 foi promovido por meio das gerências regionais da Epagri de Canoinhas e Mafra e do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/ Cepa Florianópolis), com apoio do Banco Sicoob, Fecoagro e IFSC – Câmpus Canoinhas.
Além da apresentação e avaliação da safra catarinense 2017/ 2018, também foi realizada a abertura da safra de inverno 2018. Ainda no mesmo evento houve aapresentação do novo aplicativo da Epagri/Cepa, que visa facilitar o acesso às informações agrícolas por parte dos agricultores e sociedade catarinense.
Os participantes do seminário, que vieram de diversos municípios do Planalto Norte Catarinense tiveram a oportunidade de prestigiar a palestra com Mauro Osaki, doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de São Carlos, mestre em Ciência Econômica Aplicada pela USP e engenheiro agrônomo pela UFPR. O assunto debatido com o público presente foi as “perspectivas de mercado e competitividade brasileira na produção de commodities agrícolas”.
AVALIAÇÃO
Para o gerente regional da Epagri de Canoinhas, engenheiro agrônomo Donato João Noernberg, a queda na produtividade nesta safra se explica principalmente pelas condições climáticas que foram um pouco menos favoráveis que na safra anterior. Na avaliação dele, sem contudo comprometer a produtividade e a rentabilidade de forma impactante. “Tivemos uma produtividade um pouco menor, mas nada que impactasse na rentabilidade do produtor, ou seja, voltamos ao patamar de duas safras atrás, que não deixa de ser um bom nível de produtividade. A safra anterior (2016-2017) é que foi recorde e bem acima da média”, explica Noernberg.
Para o engenheiro agrônomo da Epagri de Canoinhas, Getúlio Tonet, a safra 2017/2018 foi menor que a safra 2016/2017, porém, atingiu as estimativas médias esperadas para a região. “Por outro lado, podemos observar que a produção obtida das áreas de milho (277.180 toneladas) na safra 2017/2018 é maior que a esperada inicialmente (267.460 toneladas), porém menor que a safra 2016/17 (304.670 toneladas), confirmando que o clima foi o fator principal para a queda”, complementa.
Preço do milho reage e o grão volta a ter rentabilidade no campo
Os preços da saca de milho seguem em alta pelo quarto mês consecutivo em Santa Catarina. A cotação ficou na média de R$ 35,58/saca pagos ao produtor em maio – um aumento de 4,84% sobre o mês anterior e de 51,2% se comparado o mesmo período de 2017. Em relação ao preço da soja, o milho ganha vantagem e se torna mais competitivo para os produtores catarinenses.
Os preços do milho praticados em maio são os maiores desde janeiro de 2017 e o grão volta a ser atrativo para os agricultores. Em Santa Catarina, o milho disputa a mesma área da safra de verão com a soja e o preço acaba influenciando a escolha dos produtores. Existe uma relação entre preço de milho e soja que auxilia na tomada de decisões: quando o preço da soja é 2,3 vezes maior do que preço do milho é mais rentável plantar soja, quando o valor é menor, o milho é mais atrativo. Com a valorização do milho, o grão toma força na comparação e se torna uma opção mais competitiva.
O secretário de Estado da Agricultura e a Pesca, Airton Spies, ressalta que os produtores devem levar em conta ainda os custos de produção, a produtividade e a resistência às mudanças climáticas. No caso do milho e da soja, os custos para produzir um hectare de milho de alta tecnologia são maiores do que para produzir um hectare de soja. E mesmo com um rendimento maior, o milho é mais sensível às mudanças de clima, principalmente à estiagem.
“Para os produtores que planejam plantar milho na safra 2018/19, as perspectivas são boas. O grão está em alta pela demanda crescente e pelas exportações de um terço da produção brasileira. Os produtores devem fazer uma análise criteriosa de todos esses fatores e escolher a melhor opção para usar sua área”, destaca Spies.
ROTAÇÃO DE CULTURAS
O analista do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa), Haroldo Tavares Elias, inclui ainda outro fator que deve ser considerado pelos produtores: a rotação de culturas. “Na última safra, nós observamos uma grande presença de mofo branco em algumas áreas destinadas ao cultivo de soja, o que diminuiu a produtividade. Para reduzir os riscos de infestação, o produtor pode destinar de 10 a 20% dessa área ao cultivo de milho. A rotação de culturas favorece também o sistema plantio direto e a conservação do solo”, explica.
SAFRA EM SC
A colheita de milho está praticamente finalizada. E as expectativas são de uma redução de 19,7% em relação à safra anterior, fechando em 2,5 milhões de toneladas. Uma colheita menor, mas com uma produtividade maior. O rendimento deve chegar a oito toneladas/hectare. Santa Catarina é extremamente dependente de milho para abastecer as cadeias produtivas de carnes e leite, todos os anos o estado consome em média seis milhões de toneladas do grão – mais do que o dobro do que produz.
“Santa Catarina continua com um déficit de 50% na produção de milho, portanto não faltará mercado para quem produzir esse valioso cereal”, afirma o secretário Spies.
Principal concorrente do milho, a área cultivada de soja é cada vez maior em Santa Catarina. A produção nesta safra deve ser recorde e chegar a 2,44 milhões de toneladas. Com um aumento de 6,84% na área plantada – decorrente da redução da área plantada com milho, pastagens, fruticultura, feijão e outras culturas, ao longo dos anos.
MILHO SILAGEM
Ao contrário do milho grão, o cultivo de milho para produção de silagem vem crescendo a um ritmo de 13,8% ao ano em Santa Catarina. Na safra 2017/18 a área total estimada para plantio de milho silagem foi de 228,3 mil hectares, concentrados principalmente na região Oeste.