Do total de R$ 577 milhões cortados de obras rodoviárias nos estados, Santa Catarina entrou com cerca de R$ 146 milhões
Os parlamentares catarinenses voltaram a criticar os cortes da União que atingiram as rodovias federais que atravessam o estado e novamente sugeriram que o chefe do Executivo comande a reação contra as tesouradas.
“O governo precisa capitanear para dar um xeque-mate, temos que mostrar força política, deputados, senadores, Fórum Parlamentar, têm de fazer uma guerra, não é possível que o estado arrecade tanto, mande para Brasília e volte tão pouco, podemos colaborar com os outros estados, mas não desta forma”, avaliou Mauricio Eskudlark (PR) na sessão desta quinta-feira (28) da Assembleia Legislativa.
De acordo com Eskudlark, do total de R$ 577 milhões cortados de obras rodoviárias nos estados, Santa Catarina entrou com cerca de R$ 146 milhões.
Os deputados Ismael dos Santos (PSD), Natalino Lázare (PODE), Valmir Comin (PP) e Cesar Valduga (PCdoB) também lamentaram os cortes, advertiram sobre as consequências e sugeriram investimento em rodovias.
“Cerca de 40% da economia de Santa Catarina é transportada pela BR-470, são quatro mil containers diários, mas com uma média de 100 pessoas mortas por ano, sem falar de todo este nó econômico, hoje as empresas não querem se estabelecer ao longo da BR-470 por causa da infraestrutura”, informou Ismael, que cobrou a duplicação do trecho entre Navegantes e Indaial.
“O xis da questão está em saber qual modelo de modal e de intermodal queremos para o país e para o estado. Em 1960 o país tinha 32 mil quilômetros de rede ferroviária, caímos para 22 mil, era para estarmos em 100 mil quilômetros”, declarou Comin, que ponderou o custo do transporte por tonelada em cada modalidade. “Rodoviário R$ 120 por tonelada, ferroviário R$ 75 e hidroviário R$ 65”.
Segundo o representante de Siderópolis, o custo de produção, exacerbado pela precariedade da infraestrutura, diminui a rentabilidade das empresas.
“As empresas vão migrar para o Mato Grosso”, sentenciou Comin, referindo-se às gigantes do agronegócio situadas no Oeste e que seriam beneficiadas com a implantação da chamada ferrovia do frango.
“A situação exige medidas rápidas e urgentes, precisamos sair desse gargalo e as ferrovias são estratégicas; tanto se falou da ferrovia do frango, é um investimento que se paga ao longo dos anos”, observou Cesar Valduga (PCdoB).
“Qual o modal de desenvolvimento? Está faltando pensar o Brasil. O estado, com o potencial que tem, é preterido muitas vezes, estamos atirados ao descaso, um atraso incalculável, com sérios prejuízos futuros. Está faltando liderança em Brasília?”, questionou Natalino Lázare.
Dirceu Dresch (PT) concordou com os colegas, mas lembrou na tribuna a situação também precária das rodovias estaduais que fazem a ligação entre as BRs que cruzam o Oeste.
“A SC-160, que liga (a divisa do) Paraná, Campo Erê, até a divisa com o Rio Grande do Sul na cidade de São Carlos, faz a ligação com as rodovias federais e não tem uma segunda pista, é perigosa, tem muitas curvas, não tem proteção lateral e acostamentos. O estado abandonou as rodovias, não tem uma estratégia clara de investimento na infraestrutura, quem governou nos últimos anos abandonou as rodovias”, argumentou Dresch.
O representante de Saudades ainda citou a rodovia que liga Chapecó a Palmitos, bem como a que liga a capital do Oeste a Concórdia.
ORÇAMENTO COMPROMETIDO
Projeto do governo federal prevê anulação das dotações orçamentárias para obras em cinco rodovias de SC:
BR 280 – Jaraguá do Sul/São Francisco do Sul – R$ 50 milhões
BR 163 – São Miguel do Oeste/ Divisa PR – R$ 10 milhões
BR 470 – Navegantes/Rio do Sul– R$ 50 milhões
BR 285 – Timbé do Sul/Divisa do RS – R$ 27 milhões
BR 282 – Palhoça/São Miguel do Oeste – R$ 9,2 milhões