Poucas propostas e muitas referências ao passado fizeram parte do primeiro debate entre os candidatos a Presidente
DEBATE INÓCUO
Como muito bem lembrou o colunista Sérgio Rodrigues, da Folha de S.Paulo, o “vamo” venceu o primeiro debate entre os presidenciáveis na quinta-feira, 9. Todos cortaram o “s” da palavra ao enaltecer seus projetos. Numa curiosa inversão gramatical, Cabo Daciolo, que fez a alegria da internet, “acusou” Alckmin de ser apoiado por “noves partidos”.
Claro que o vernáculo não é nosso maior problema nessa eleição. Preocupa a falta de propostas. Antenados que o eleitor quer votar em um “ficha limpa”, todos fizeram questão de lembrar que não estão no rol do vexame da política nacional, mas também trataram de buscar na biografia dos adversários qualquer resquício suspeito, como o fato de Henrique Meirelles ter prestado um serviço para um empresa que tinha Joesley Batista como acionista, lembrada pelo Cabo Daciolo.
Os confrontos diretos foram mornos, por sinal. Salvo ataques mais incisivos de Guilherme Boulos logo no começo contra Jair Bolsonaro, quem mais levou alfinetadas foi Geraldo Alckmin que, se por um lado garantiu o maior número de palanques no País ao se aliar ao Centrão, por outro, teve de arcar com a pecha de porta-voz de siglas chafurdadas na Lava-Jato. A maioria dos adversários atacou Alckmin por uma razão muito clara: ele terá a maior parte do tempo na propaganda eleitoral. Os demais mal terão tempo de falar o nome e o número de suas siglas.
Com o líder nas pesquisas preso, esperava-se protagonismo do sempre estridente Bolsonaro. Não foi o que aconteceu. O candidato do PSL adotou uma postura muito mais tranquila do que a que se viu no confronto com jornalistas da Globo News e do Roda Viva (TV Cultura). A estratégia dos concorrentes, ao que parece, foi isolá-lo. Bolsonaro agradece. Não soltou nenhuma bomba e agradou sua militância, fiel independente de qualquer absurdo que ele diga.
De modo geral, o que ficou claro mesmo foi a falta de propostas concretas. Ou alguém levou a sério a promessa de Ciro Gomes de livrar 63 milhões de pessoas do SPC?
A quem ficou três horas da noite acompanhando o debate, ficou como compensação os risos provocados pela atuação do Cabo Daciolo.