Delegacia da comarca instaurou 1.796 procedimentos a partir de prisões e denúncias de crimes e contravenções nos seis primeiros meses do ano
A comarca de Canoinhas – que congrega ainda Três Barras, Major Vieira e Bela Vista do Toldo – registrou média de 2,5 furtos por dia no primeiro semestre de 2018. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina.
No ano passado, no mesmo período, foram 332 furtos registrados (média de 1,8 ao dia). No primeiro semestre de 2016 o número tinha pouco oscilado, com 323 furtos registrados.
Aos 459 furtos registrados no primeiro semestre deste ano não se somam os 20 furtos de veículos. Os roubos, quando há violência, chegaram a 48 no primeiro semestre.
Aumentou, também, o número de homicídios. No ano passado foram quatro no primeiro semestre. Neste ano, seis, além de um latrocínio (quando se mata para roubar).
O único latrocínio foi registrado em junho no Rio d’Areia do Meio, interior de Canoinhas. Dois homens mataram um agricultor para roubar bandejas de fumo.
Para o comandante do 3º Batalhão de Polícia Militar de Canoinhas, tenente coronel João Marcos Dabrowski de Araújo, o aumento no consumo de drogas está intimamente ligado ao aumento de furtos. Materiais furtados como celulares, televisores, eletrodomésticos e bicicletas são usados como moeda de troca para aquisição de drogas para consumo do usuário e para compra de drogas pelos traficantes locais junto aos traficantes de quem adquirem as drogas para revender na região.
“Também não se pode deixar de lado fatores econômicos e sociais. Muitas famílias convivendo com o desemprego. Geralmente os que seriam sustentados pelo salário, passam a não ter mais esta cobertura, mas continuam querendo os bens materiais, levando-os a furtar. Neste sentido, furtos de bens como alimentos, peças de vestuário, de higiene pessoal e de limpeza são registrados. Bicicletas, celulares e tablets também entram nesta seara”, explica o comandante.
Araújo chama a atenção para o bairro Piedade, onde mais que dobrou o número de furtos se comparado o primeiro semestre deste ano com o do ano passado (foi de 24 para 64). O fator principal teria sido a concentração de moradores no Conjunto Habitacional Nossa Senhora Aparecida. São mais de 300 famílias morando a cerca de um metro de distância entre as casas. A criminalidade no conjunto já foi motivo de reportagem do JMais.
Ele alerta também para o aumento de moradores de rua, que são consumidores contumazes de bebidas alcoólicas e drogas ilícitas e têm contribuído para o aumento de furtos.
Sobre os roubos, o comandante elenca três motivos principais. O primeiro é a presença de pessoas ligadas a facções criminosas, “que já mapeamos terem aqui aportados criminosos vindos de Joinville e São Francisco do Sul, cujo principal foco é o comércio de drogas, mas que também praticam roubos, popularmente chamados assaltos.”
A segunda é o criminoso encontrar dificuldades, em especial no furto ou no tráfico de drogas, e migrar para o roubo. “O autor vê facilidade em cometer roubos a estabelecimentos ou pessoas que julga mais vulneráveis. Tivemos roubos a farmácias, mercados e panificadoras em bairros ou estabelecimentos de menor porte, de onde levaram o dinheiro da movimentação da caixa registradora. Também alguns ataques diretos a pessoas nas vias públicas, para roubar celular, bolsa, relógio, tênis ou pequeno valor em dinheiro”, reflete.
A terceira é a presença de muitas pessoas desocupadas, geralmente moradores de rua, que já foram flagradas praticando roubos.
Quanto ao latrocínio, Araújo recomenda que as pessoas não reajam a roubos, “em especial estando desarmadas, não contando com o fator surpresa a seu favor ou já estando dominadas/imobilizadas pelo criminoso.”
OS DADOS DO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2018 NA COMARCA
Homicídios | 6 |
Latrocínio | 1 |
Roubos | 48 |
Ameaça | 130 |
Calúnia | 2 |
Dano | 17 |
Difamação | 9 |
Injúria | 36 |
Lesão corporal dolosa | 221 |
Armas apreendidas | 23 |
Pessoas presas | 192 |
Estelionato | 59 |
Furto | 459 |
Furto de veículo | 20 |
Receptação | 12 |
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
Dezoito mulheres foram estupradas no primeiro semestre de 2018 em Canoinhas. Houve, ainda, três tentativas de estupro. Os casos são tratados na Delegacia da Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI).
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2018
Estupro consumado | 18 |
Tentativa de estupro | 3 |
DROGAS
Quase oito quilos de maconha foram apreendidos no primeiro semestre do ano na comarca. Cocaína e crack não chegaram a um quilo cada. Teve ainda a apreensão de 27 comprimidos de ecstasy e cinco de LSD.
No total, a Polícia trabalhou em 46 ocorrências envolvendo tráfico de drogas.
QUANTIDADE DE DROGAS APREENDIDAS NO PRIMEIRO SEMESTRE
DROGAS | Kgs |
Cocaína | 0,181 |
Crack | 0,61 |
Maconha | 7,857 |
unidades | |
Ecstasy | 27 |
LSD | 5 |
ESTADO
Apesar do aumento dos índices de violência no primeiro semestre deste ano na comarca de Canoinhas, no Estado eles apresentaram quedas significativas em relação a igual período do ano passado. Em alguns casos, os números foram inferiores aos de 2015, conforme relatórios estatísticos da Diretoria de Informação e Inteligência da Secretaria de Estado da Segurança Pública.
“São indicadores que demonstram o acerto das ações do Governo do Estado na área de segurança pública”, resumiu o governador Eduardo Pinho Moreira (MDB). Até o final de junho foram registradas 93 mortes violentas e 2.847 roubos a menos do que em 2017. Com relação a roubos a pedestres, a redução foi de 41,5% e, em residências, de 38,6%”, acrescentou o governador.
No caso de homicídios, ocorreram 435 em 2018, contra 528 no primeiro semestre do ano passado; uma redução de 17%. Com relação a roubos (transeuntes, cargas, veículos, em comércio, em residências e em veículos, etc), a baixa foi de 31%, quando comparadas as ocorrências deste ano com as do ano anterior. Neste caso, o número é inferior inclusive ao de 2015: 6.344 até o dia 2 de julho deste ano; 9.191 em 2017; 9.828 em 2016 e 9.123 em 2015.