O voto é livre e ninguém tem nada a ver com suas escolhas, mas depois da eleger candidatos de fora não adianta reclamar
VOTO REGIONAL
A polarização do debate em torno da disputa pela Presidência da República tirou o foco das não menos importantes eleições para Governo, Senado, Câmara Federal e Assembleias.
Mais importante do que quem vai propor mudanças é preciso atentar para quem vai não só propor projetos de lei, mas também apreciar e, eventualmente, aprovar essas mudanças. Por isso, o voto para deputados e senadores é tão importante quanto para presidente e governador.
“É nas cidades que as pessoas vivem”, já disseram vários estudiosos de política para atentar para o fato de Brasília ser um universo paralelo que vira as costas para o Brasil real. No caso de Santa Catarina, Florianópolis é literalmente uma ilha da magia que distribui privilégios para despachantes de luxo dos governos. Os poucos gatos pingados que não votam com o governo são marginalizados. Foi assim pelo menos nos últimos 16 anos. Decisões tomadas em uma ilha a partir de negociações entre governo e deputados repercutem em 295 Municípios.
Nesse jogo de interesses, que não difere muito quando se relaciona Congresso Nacional e Assembleias – muda-se as caras, mas o interesse é o mesmo, ou seja, o que me é conveniente -, quem tem maior representatividade é rei. Foi assim desde sempre e salvo um milagre se opere nas urnas no domingo, 7, assim continuará sendo.
Canoinhas está a quase 500 quilômetros da Capital e a alta concentração de deputados de cidades litorâneas mostra que isso não é um detalhe. As cidades maiores, por uma questão de quantidade de eleitores, consegue eleger mais deputados. Cidades menores têm menor chance.
Canoinhas conseguiu manter Antonio Aguiar (PSD) na Assembleia Legislativa por cinco mandatos (um como suplente). Elogiado, criticado, polemizado, hostilizado, Aguiar nunca foi uma unanimidade. Agora o que ninguém pode negar é que ele foi o deputado que mais emendas parlamentares mandou para o Planalto Norte, especialmente para Canoinhas.
Por razões pragmáticas – agradar sua base eleitoral para ter o mandato renovado – Aguiar foi fiel a Canoinhas e por mais que esticasse o olho para outros territórios, priorizou sua terra natal. Agora ele se aposenta da Assembleia e indica Renato Pike (PR) como o seu candidato.
Pike é canoinhense, vice-prefeito e na cidade construiu sua carreira política. Seria incoerente se não somasse mais votos na cidade e, se eleito, priorizasse a cidade. Assim como o ex-prefeito Leoberto Weinert (MDB) e Nilson Sousa (PT). Os três têm como base Canoinhas e concorrem a uma vaga na Assembleia.
Canoinhas ainda tem dois candidatos a deputado federal: Norma Pereira (PSDB) e Agente Elias (PTC).
Quem mora em Canoinhas e cidades limítrofes tem, claro, a opção de votar neles ou não. Agora acreditar que o voto em um candidato de fora vai garantir além de um agrado pessoal, já é ilusão.
ADOLESCENTES EM ALTA
Levantamento aponta crescimento da fatia de jovens com 16 e 17 anos interessados em votar nas eleições deste ano. Essa faixa etária responde por 1,9 milhão dos que vão às urnas neste domingo, 7.
DEBOCHE
A desfaçatez com que os partidos políticos agem no Brasil não tem limites. Reportagem da Folha de S.Paulo mostra que as siglas pagam R$ 5,1 milhões de verba pública a dirigentes dos próprios partidos por serviços genéricos. O PT é o partido que mais gasta recursos públicos com dirigentes (R$ 2,8 milhões), seguido do PMN (R$ 593.4 mil), PDT (R$ 584 mil) e PTB (R$ 302.3 mil).
MAIS PESQUISAS
Na reta final do 1º turno, pipocam pesquisas diárias. As mais recentes do Ibope e do Datafolha mostram avanço de Jair Bolsonaro (PSL) e suscitam nos mais otimistas partidários a esperança de vencer já no primeiro turno.
Nesta quinta, 4, o Datafolha mostrou em uma pesquisa mais ampla, com mais de 10 mil eleitores, que Bolsonaro tem 35%, seguido por Fernando Haddad (PT), com 22%. Em terceiro lugar, Ciro Gomes (PDT) tem 11% das intenções de voto. Geraldo Alckmin (PSDB) continua na quarta colocação, com 8%. Marina Silva (Rede) tem 4%. João Amoêdo (Novo) tem 3%, seguido por Henrique Meirelles (MDB), com 2%, e Cabo Daciolo (Patriota), com 1%.
Em relação aos votos válidos, Bolsonaro tem 39%, seguido por Haddad, com 25%. Ciro tem 13% e Alckmin, 9%.
Abaixo a pesquisa Ibope divulgada ontem:
R$ 500 milhões
é quanto o SUS gastou na última década com complicações decorrentes de abortos clandestinos
CITAÇÃO
O Município de Canoinhas recebeu citação do Ministério Público Federal sobre a ação que pede nulidade de licitação, nulidade de contrato e malversação de verbas federais contra o Município de Canoinhas e a Cooperativa de Profissionais de Serviços Públicos e Privados de Santa Catarina (Coopesc). Segundo o MPF, o Município de Canoinhas, em 2011, na administração do então prefeito Leoberto Weinert (MDB), teria direcionado licitação para contratar a Coopesc para implementar o programa Projovem Trabalhador.