A eleição mais surpreendente desde a redemocratização

Eleitor vai às urnas neste domingo, 7, com indefinição na disputa pelo Governo do Estado; para Presidência a dúvida é se haverá segundo turno

 

 

INCERTEZAS

A eleição para o governo do Santa Catarina caminha para ser a mais imprevisível das últimas décadas. Há pelo menos 20 anos o Estado não tem uma eleição tão concorrida. O fim da polialiança que alternou MDB (antes PMDB) e PSD (aglutinação de vários partidos) no poder nos últimos 16 anos manteve as eleições bastante previsíveis. Com forte estrutura e rede de apoio, Luis Henrique e Raimundo Colombo não só foram facilmente eleitos, como reeleitos.

 

 

Com o fim da polialiança se desenhou esse cenário que caminha para um segundo turno sem a certeza de quem estará nele. A última pesquisa Ibope antes do primeiro turno mostra Mauro Mariani (31%), Gelson Merisio (29%) e Décio Lima (23%) embolados nas primeiras colocações. Ao que tudo indica, em meio a uma campanha recheada de troca de acusações, Merisio e Mariani irão para o segundo e decisivo round, mas Lima orbita os dois lembrando a todo o momento o eleitor insatisfeito “com tudo que está aí” que os dois foram governo até bem pouco tempo. O PT, no entanto, tem alta rejeição no Estado.

 

 

Esse eleitor descontente com a política, pra não dizer enojado, é o mesmo que coloca Jair Bolsonaro (PSL) na liderança das últimas pesquisas para a Presidência, ao ponto de muitos cogitarem vitória logo no primeiro turno. Seria algo que só Fernando Henrique Cardoso (PSDB) conseguiu desde a redemocratização.

 

 

Neste sábado, 6, saem as duas últimas pesquisas, do Ibope e Datafolha e, se não mostrar uma movimentação para cima de Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) ou Geraldo Alckmin (PSDB), mantendo Bolsonaro estável na liderança, as chances de ele faturar logo neste domingo são grandes. Fernando Haddad (PT) seria o único a ameaçá-lo, mas se de fato não houver reação dos candidatos que orbitam os dois prováveis candidatos do segundo turno, fortalece-se o chamado “voto útil”. O eleitor passa a se questionar: “Por que vou desperdiçar meu voto em um candidato que não tem chances?” Seria a antecipação do segundo turno.

 

 

O questionamento é descabido, considerando que não estamos em uma loteria, mas é assim que muitos eleitores pensam. As pesquisas contribuem muito para fomentar esse pensamento.

 

 

O que barraria Bolsonaro no primeiro turno, no entanto, é sua alta rejeição (45% pelo último Datafolha). Mas aí entra também a alta taxa de rejeição a Haddad (40%), o que torna essa uma das mais emocionantes e eletrizantes eleições dos últimos tempos.

 

 

Na hipótese (mais plausível) de Bolsonaro ou Haddad ganhar no primeiro turno, certo é que o segundo turno haverá, mas nas ruas, com os que rejeitam um ou outro questionando sua legitimidade.

 

 

BRANCOS E NULOS

Uma particularidade destas eleições deve ser os altos índices de votos brancos e nulos, especialmente para os cargos de deputado estadual, federal e senador. O eleitor descarrega sua aversão pela política especialmente nas casas legislativas, que custam muito e pouco produzem. Ou melhor, produzem benefícios prioritariamente para os legisladores e seus amigos.

 

Os discursos de que “sou ficha limpa e farei diferente” não colaram.

 

 

Interessante atentar para o fato de que quanto mais brancos e nulos para deputados e senadores, mais baixa a régua do número de votos necessários para se eleger. Dizer que brancos e nulos anulam a eleição é mentira. Ou seja, você pode se excluir do processo, mas alguém vai ser eleito.

 

 

PERGUNTA PERTINENTE

Cabos eleitorais de candidatos paraquedistas têm compromisso com Canoinhas e região?

 

 

 

BATALHA JUDICIAL

O Tribunal Superior Eleitoral acatou pedido da Coligação Santa Catarina Quer Mais, de Mauro Mariani (MDB) e reformou, no início da madrugada desta sábado, 6, acórdão do TRE-SC, cassando o direito de resposta do candidato Gelson Merísio (PSD).

 

 

Mariani teve validados seus comerciais pelo ministro Luis Roberto Barroso, que ainda suspendeu às 18 inserções de TV que seriem exibidas hoje e que tinham como objetivo contestar a propaganda veiculada pelo MDB em seu horário político. A ação cautelar foi assinada pela Dra. Katherine Schreiner, advogada da Coligação.

 

 

A decisão afirma que os fatos divulgados nas propagandas são verídicos. Que o próprio candidato (Merísio) declarou possuir dinheiro em espécie para a Justiça Eleitoral e que efetivamente existe um procedimento preparatório instaurado pelo Ministério Público Federal para apurar notícias de suposto enriquecimento ilícito do candidato (Merísio).

 

“Críticas políticas dessa natureza são extremamente valiosas para as eleições, pois permitem que sejam discutidas informações sobre a idoneidade dos candidatos, de fundamental importância para a escolha do eleitor”

do ministro Barroso, no despacho que favoreceu Mariani

 

 

 

AMIN

O deputado federal Esperidião Amin (PP) foi punido com redução de recursos de campanha pelo próprio partido por não ter seguido orientação da sigla em três ocasiões:  na votação que criou o fundo público de campanha e nas duas denúncias contra o presidente Michel Temer.

 

A propósito, Amin continua falando que Canoinhas precisa encontrar sua vocação.

 

 

“É impossível que um ser humano não tenha vocação para a liberdade”

da ministra do STF, Cármen Lúcia

 

 

 

O ELEITOR QUE VAI ÀS URNAS

Três em cada dez brasileiros entre 15 e 64 anos são analfabetos funcionais, aponta estudo. Eles têm muita dificuldade em entender e se expressar por meio das letras e números em situações cotidianas, como fazer contas de uma pequena compra.

 

Taí o Facebook pra reforçar os dados da pesquisa.

 

 

 

 

84%

dos eleitores usam a imprensa para se informar sobre as eleições, aponta Ibope; 38% leem jornais e ouvem rádio

 

 

RENOVAÇÃO

A representação catarinense na Câmara Federal terá renovação de 50% antes mesmo da eleição. Dos 16 deputados federais, oito não concorrem a reeleição. Na Assembleia Legislativa, 11 deputados deixaram de concorrer, entre eles Antonio Aguiar (PSD), o que dá renovação antecipada de 27,5%.

 

 

 

MAIS DO MESMO

De modo geral, a Câmara dos Deputados terá a menor renovação desde 1990, aponta estudo do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Quase 80% dos atuais deputados são candidatos à reeleição. Com a maior parte do fundo partidário para fazer campanha e maior tempo de exposição na mídia, calcula-se que a maioria consiga a reeleição.

 

 

Só pra exemplificar, enquanto a candidata do PSDB aqui de Canoinhas, Norma Pereira, conseguiu R$ 150 mil do fundo partidário, a candidata a reeleição pelo mesmo partido, Geovania de Sá, levou R$ 2 milhões. Levantamento do jornal O Globo mostra que 67% do dinheiro do fundo ficam com os chamados políticos profissionais.

 

 

 

Entre estes há candidatos-presidiários, que faturaram R$ 24 milhões do fundo eleitoral. É o caso do deputado federal catarinense João Rodrigues (MDB).

 

 

Tem mais: as chamadas dinastias políticas que dominam e assolam as instituições brasileiras há décadas, lançaram 60 candidatas nestas eleições. Só José Sarney lançou os dois filhos e um primo. Renan Calheiros lançou um filho, um sobrinho e dois irmãos. Jader Barbalho, um filho, um primo e duas ex-mulheres.

 

 

 

 

DINHEIRO NÃO GARANTE ELEIÇÃO

Parece uma bela mentira, mas não é. Com R$ 828,151 milhões (48%) do fundo eleitoral, Geraldo Alckmin (PSDB) amarga a quarta colocação entre os presidenciáveis segundo o último Datafolha. O líder Jair Bolsonaro (PSL) recebeu R$ 12,99 milhões.

 

 

 

0,5%

do PIB é quanto o próximo presidente da República terá a disposição para investimentos

 

 

 

 

O BRASIL QUE EU QUERO

Fim da corrupção liderou em larga escala os pedidos dos brasileiros expostos nos telejornais da TV Globo nos últimos meses. Pois bem: pelo menos seis nomes de alto escalão arrolados na Lava-Jato são favoritos à reeleição. Vá entender.

 

 

 

ESPERANÇA

Os jovens têm mais interesse em atuar na política, aponta pesquisa Datafolha. Entre brasileiros de 16 a 25 anos, 29% têm interesse em disputar uma eleição. Na faixa acima de 41 anos, a taxa é de 15%.

 

 

 

A ELEIÇÃO DA INTERNET

Quarenta por cento dos candidatos com mais tempo de propaganda em rádio e TV nos Estados não lideram as pesquisas de intenção de voto. Definitivamente, especialmente pela disputa presidencial, esta eleição está se mostrando o pleito da internet, ou, mais especificamente, a eleição das redes sociais.

 

 

 

 

 

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