Crise no Hospital Santa Cruz tem como pano de fundo disputa por sua administração

Assunto foi tratado de modo sutil durante a sessão desta segunda-feira, 19, da Câmara de Vereadores

 

 

DISPUTA CAMUFLADA

A crise do Hospital Santa Cruz de Canoinhas (HSCC) desencadeada a partir do pedido das sobras financeiras da Câmara de Vereadores esconde uma disputa  pela administração do hospital. Derby Fontana Neto vem, há meses, sentindo uma espada sobre sua cabeça e o fogo vem da classe política. Quem estaria limando o diretor administrativo, especialista em administração hospitalar, seria o deputado estadual Antonio Aguiar (MDB). Sem mandato a partir de 2019 (ele não concorreu a reeleição), Aguiar estaria disposto a assumir o cargo de Fontana. A coluna questionou o deputado sobre essa suposta intenção, mas ele não respondeu.

 

 

Aguiar, de fato, sempre esteve ao lado do HSCC, liberando diversas emendas para a entidade como deputado. Tem vasta experiência no Legislativo, mas não há evidências de que um possível modelo de gestão a ser implementado por ele seja mais eficaz do que o atual. O problema do hospital, como ficou claro na fala de Fontana na Câmara nesta segunda, 19, é falta de recursos. A conta simplesmente não fecha. O SUS não paga 100% do que deve e os Municípios que usufruem do serviço quando bate uma emergência se fazem de desentendidos quando cobrados. Sobra Canoinhas, que também não consegue, sozinho, tapar o rombo. A solução seria um repasse mensal de R$ 250 mil. Hoje, excluindo os repasses federais e estaduais que passam pela prefeitura, a ajuda que sai dos cofres municipais é de R$ 36,5 mil. Matemática simples explica a crise.

 

 

Ainda sobre Fontana, ontem na Câmara havia pelo menos 150 funcionários do HSCC. Todos o aplaudiram. Gestor sem apoio de seus subordinados é mesma coisa que festa sem convidados.

 

 

SALÁRIO

O presidente do conselho deliberativo do Hospital Santa Cruz, João Mario Groskopp, deixou claro que nenhum membro da diretoria do HSCC é remunerado. “Falaram que o presidente do Hospital (Artur Burgardt) recebe R$ 20 mil, quando a diretoria não recebe um real”, afirmou.

 

A propósito, Fontana também foi presidente do HSCC antes de ocupar o cargo de gestor e por isso nada recebeu. Ele defendeu seu salário (não citou o valor), lembrando que não recebe por oito, mas sim, por 24 horas de trabalho.

 

“Ouve-se um zum zum zum que tem alguém interessado em tomar o Hospital, mas não é tão fácil assim. Se for a pessoa que se tem falado por aí, ele tem é que ficar bem longe do Hospital porque onde foi só fez lambança”.

do vereador Paulinho Basilio (MDB)*

 

 

 

PAPEL DE PASSOS

Prefeito Beto Passos (PSD) sabe que terá de ceder ao pleito do HSCC sob o risco de comprometer qualquer projeto político futuro. Ele estuda uma junção de valores, raspando o tacho aqui e ali para juntar o valor exato para pagar o 13º salário de todos os funcionários. O Município acredita que o valor não chega a R$ 500 mil. A grande questão é o que ele ganha nesse vácuo de críticas com boa parte da população a favor do repasse.

 

O Município alega, com razão, que não é o responsável por manter o Hospital. Mas vá explicar isso para a família de um cidadão internado na UTI do Santa Cruz.

 

 

 

O PAI DA CRIANÇA

Se depender de ofícios o Hospital Santa Cruz tem R$ 600 mil a ver da Câmara dos Deputados. A bancada catarinense definiu pela destinação de R$ 200 mil para o HSCC. Rápidos em assumir a paternidade da emenda, os deputados Marco Tebaldi (PSDB), Carmem Zanotto (PPS) e Paulo Bauer (PSDB) mandaram, cada um, um ofício diferente afirmando que eles estariam destinando a emenda.

 

“Imagina-se serem R$  600 mil, mas é um só valor comunicado três vezes. É uma criança que tem três pais”, resumiu Paulo Glinski (PSD).

 

 

SACO SEM FUNDO

Falas dos vereadores Telma Bley (MDB) e Célio Galeski (PSD) dão uma ideia da complexidade e dimensão dos gastos do Hospital Santa Cruz. “Quando a São Camilo assumiu o Hospital, R$ 4 milhões foram liberados pelo prefeito Leoberto Weinert, para colocar o hospital nos trilhos. Repassávamos R$ 250 mil mensais. Eram vários aportes para que o serviço se mantivesse. Politicamente, há hospitais que recebem muitos recursos porque têm representatividade. Nós não teremos representatividade a partir do ano que vem”, ponderou.

 

 

Galeski, por sua vez, lembrou que só em 2016, R$ 850 mil foram liberados para o HSCC pelo Executivo a partir de sobras financeiras da Câmara.

 

 

ANTECIPADO

Vereador Chico Mineiro (PR) declarou apoio e solidariedade aos funcionários do Hospital Santa Cruz. “Se depender de nós no dia 19 de novembro vocês vão receber o 13º”. A declaração foi seguida de risos da plateia. Antecipando o 13º em um mês, os funcionários teriam de receber o valor justamente nesta segunda, 19. Chico corrigiu a declaração logo em seguida.

 

 

ARQUIVADO

Parecer das comissões levou os vereadores de Canoinhas a vetarem projeto de lei de origem executiva que permitia o repasse de 300 metros cúbicos de pedras brita para uma empresa particular. “Essas pedras podem e devem ser usadas nas estradas do interior do Município. Neste momento não é possível ceder esse material devido as chuvas e os estragos nas estradas nos últimos dias”, justificou.

 

 

 

AGONIA

Está decretado: as Agências de Desenvolvimento Regional (ADRs) vão fechar, todas, em fevereiro de 2019. A declaração foi dada pelo governador eleito Carlos Moisés da Silva (PSL) nesta segunda-feira, 19.

 

 

LISTA INVÁLIDA

O sistema de listamento de vagas para os Centros de Educação Infantil (CEIs) de Canoinhas sofreu uma pane. A empresa fornecedora do software já foi informada. A Secretaria de Educação promete gerar nova lista o mais rápido possível.

 

* até às 14h de 20/11/18 a coluna informou erroneamente que a frase era do diretor do HSCC, Derby Fontana

 

 

 

 

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