Enfático em sua fala na entrevista coletiva desta sexta-feira, 25, Passos conseguiu trazer prefeitos da região para o debate
ACERTO NO TOM
Prefeito Beto Passos (PSD) demorou, mas acertou o tom na entrevista coletiva desta sexta-feira, 25. A resposta que poderia ter sido dada no ano passado (não veio porque ele apostou no desgaste da imagem da administração do HSCC e não da sua), evitando todo o desgaste que sofreu, veio com firmeza e somou pontos para sua gestão. Além de anunciar o repasse anual de R$ 1,5 milhão, que resolve em parte a situação do Hospital Santa Cruz de Canoinhas (HSCC), conseguiu trazer os três outros prefeitos da comarca para a mesa de negociações, assumindo assim um papel de liderança regional em prol da saúde. Por mais que haja má vontade entre a administração do HSCC e os prefeitos, eles sabem que só um acerto entre eles pode resolver o problema.
Para os prefeitos da região já se provou ser mais vantajoso mandar os pacientes para Mafra, mas a que custo? Financeiros, menores. Mas e se o caso é urgente e os 40 minutos que separam Três Barras de Mafra, por exemplo, podem ser fatais?
Os prefeitos sabem do risco que correm por causa da distância e, por isso, estão abertos ao diálogo. Não aceitam, no entanto, Derby Fontana, a quem cabe decidir até que ponto sua permanência no cargo de administrador do hospital contribui para a melhora do cenário. Os prefeitos são os maiores clientes do HSCC e como diz a velha premissa, clientes têm sempre razão, por mais que estejam errados. Ao dono do negócio cabe engolir em seco e acatar o que o cliente pede.
Mas como no HSCC é tudo muito mais complexo, as respostas aos dilemas que vive não são simples. Não há nada que garanta que a saída de Derby vá melhorar o cenário. A redução do custo dos serviços para os prefeitos, creio, necessite de uma série de fatores bem mais complicados, como o Estado pagar o que deve, por exemplo. A dívida hoje beira R$ 1 milhão. Não há, também, um fato que torne a saída de Derby irreversível. Crise financeira o HSCC vive desde que foi inaugurado há 80 anos.
Beto Passos fez o primeiro gesto para conciliar a questão. Cabe agora a direção do HSCC, mais especificamente ao próprio Derby, e aos prefeitos, baixarem as armas e iniciar um diálogo franco, direto e sem intenções que não a de manter o Hospital.
IMPORTÂNCIA DA IMPRENSA
Passos fez uma conclamação, na coletiva de ontem. “A imprensa séria há de vencer as redes sociais, quem só denigre e busca o mal. Faço uma conclamação aos colegas de imprensa e entidades para que todos nós façamos um gesto a favor do Hospital Santa Cruz. Vamos fazer com que o nosso hospital seja divulgado de forma positiva, como um exemplo para Santa Catarina e, quiçá, para o Brasil”, afirmou.
Como todos sabem, Passos fez carreira na imprensa regional e respeita muito os colegas. Na coletiva havia representantes de toda a imprensa canoinhense.
OUTRO TIME
Quem acompanhou atentamente as falas do prefeito Beto Passos (PSD) e do vice Renato Pike (PR) percebeu que os dois parecem viver um relacionamento de aparências. Pike deixou claro que discorda da má vontade dos prefeitos com o administrador do HSCC, Derby Fontana. Beto se adiantou a Derby, afirmando que ele tinha pedido as contas, o que Derby negou logo em seguida.
Essa é uma das tantas divergências que deixam claro que os dois estarão em times diferentes em 2020.
DOIS COELHOS…
Com as medidas anunciadas para manter o HSCC, Beto Passos tenta matar dois coelhos com uma cajadada só: acabar com as especulações sobre o concurso público da prefeitura realizado em 13 de janeiro e com as críticas ao aumento da Cosip.
Mais, Passos partiu para a ofensiva contra grupos do Facebook e de WhatsApp que denigrem sua imagem. Está processando os administradores da página Reclame Canoinhas. Não pelas críticas, que julga legítimas, mas pelas ofensas pessoais como chamá-lo de “ladrão” e “vagabundo”. No WhatsApp obteve print de uma conversa em um grupo onde uma das participantes identificada como Marlene postou a frase “Vamos matar o prefeito. A culpa é dele”. Ela se referia ao malfadado concurso aplicado pelo Instituto Excelência.
FALANDO EM CONCURSO
A assessoria de imprensa da prefeitura respondeu à nota da coluna que registrava o fato de que Beto Passos assinou o gabarito oficial da prova. “O gabarito oficial não é assinado pelo prefeito. Somente o edital que torna público que está disponível no site www.institutoexcelenciapr.com.bro gabarito oficial do Concurso Público Edital nº 001/2018, após período recursal, como prevê a legislação”, diz a nota.
CONTRADIÇÃO?
Os médicos que reclamam do impedimento estatutário de que eles participem do Conselho Deliberativo do HSCC, questionam porque a vereadora Norma Pereira (PSDB) faz parte do Conselho, já que o artigo 80 do estatuto diz que “é vedado aos associados que exercem cargo político de concorrer às vagas do Conselho Deliberativo e Conselho Fiscal da instituição”.
Eles lembram que não estão criticando os membros do Conselho, mas acreditam que quanto mais diversificado for o grupo de conselheiros, melhor. Como se trata de um hospital, na visão deles, nada mais oportuno que ao menos um médico possa aconselhar a administração.
VOLUNTÁRIOS
Um grupo de voluntários arrecadou alimentos e dinheiro para o HSCC ontem à tarde no centro de Canoinhas. O grupo também fez camisetas vendidas a R$ 25 com a inscrição “Juntos somos mais fortes”.
IMPOSITIVAS, SÓ QUE NÃO
As emendas impositivas dos deputados estaduais assinadas em 2017 não foram e nem serão pagas. Ao sancionar a lei orçamentária aprovada pela Assembleia Legislativa para este ano, o governador Carlos Moisés da Silva (PSL) oficializou um calote dado por seus antecessores – especialmente o ex-governador Eduardo Pinho Moreira (MDB). Reincluídas no orçamento deste ano pelo relator Marcos Vieira (PSDB), as 1.259 emendas impositivas apresentadas pelos parlamentares para 2018 foram vetadas pelo novo governador. É uma conta de cerca de R$ 200 milhões em obras e ações indicadas pelos deputados que deveriam ter sido executados ano passado, mas que foram ignoradas por Raimundo Colombo (PSD) e Pinho Moreira, que assumiu em fevereiro de 2018.
ACÚMULO
Carlos Moisés da Silva (PSL) vetou nesta semana o projeto que proibia a acumulação dos rendimentos de aposentadorias ou pensões do Estado com salários de cargos comissionados na administração pública. Na justificativa do veto, o Executivo, com base em manifestações da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e da Secretaria de Estado da Administração (SEA), argumenta que o projeto é inconstitucional por ter vício de origem, ou seja, a iniciativa da lei deveria partir do governador e não do Legislativo. “É de iniciativa privativa do Governador do Estado a propositura de leis que dispõem sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis e militares”, consta na justificativa.