Síntese Anual da Agricultura de SC traça um raio-X da produção agrícola catarinense na última safra
A Epagri/Cepa apresentou na semana passada a 39ª Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina. O documento disponibiliza informações dos setores agrícola, pecuário, florestal e aquícola de Santa Catarina. A síntese faz um raio-X da produção agrícola em Santa Catarina na safra 2017/18.
Na região, os números mostram que há perspectiva de aumento na produção de feijão, menor produção de milho, mais soja, tabaco e suínos. Acompanhe abaixo um balanço por cultura.
Área plantada (ha) | |||||
Posição em SC | 2014/15 | 2015/16 | 2016/17 | 2017/18 | |
Feijão | 4º | 9.970 | 9.720 | 9.860 | 8.910 |
Milho | 4º | 39.000 | 30.500 | 32.100 | 28.800 |
Soja | 2º | 127.000 | 133.000 | 132.000 | 130.000 |
Trigo | 3º | 14.900 | 9.580 |
Produção (t) | ||||
2014/15 | 2015/16 | 2016/17 | 2017/18 | |
Feijão | 19.015 | 19.541 | 16.261 | 14.434 |
Milho | 367.295 | 266.270 | 304.670 | 277.180 |
Soja | 441.000 | 456.000 | 502.000 | 451.000 |
Trigo | 54.474 | 27.957 |
FEIJÃO TEM PREÇOS MAIORES NESTE ANO
Nesta safra 2018/19 a microrregião de Canoinhas está esperando colher cerca de 11.920 toneladas de feijão 1ª safra, cultivados em cerca de 5,7 mil hectares, e mais 5.559 toneladas de feijão 2ª safra, que ocuparam cerca de 3,1 mil hectares, totalizando cerca de 17.480 toneladas da leguminosa, cultivados em aproximadamente 8,8 mil hectares. A variedade plantada em sua totalidade nas microrregiões, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de feijão-preto.
“Em se confirmando esses números, teremos um aumento na produção total de feijão – soma da primeira e segunda safras – da ordem de 21%, numa área praticamente idêntica a cultivada na safra 2017/18. Isso é resultado da colaboração do clima, que apesar de alguns contratempos nesta safra, se comportou bem melhor do que na safra passada”, afirma o economista da Epagri de Canoinhas, Getúlio Tonet. Outro aspecto apontado pelo economista é que nesta safra os produtores investiram mais na atividade, os bons preços praticados deram ânimo aos produtores que se esforçaram para colher uma safra com qualidade.
Com relação ao mercado, para os três primeiros meses do ano, os preços pagos ao produtor pela saca de 60 quilos, na região de Canoinhas, estão cerca de 43% maiores do que os praticados no mesmo período de 2018. Em março, o produtor recebeu em média R$ 165 por saca de 60 quilos.
PRODUÇÃO DE MILHO VEM CAINDO
A área de cultivo de milho na região Norte do Estado vem caindo, a exemplo do que acontece em todo o Estado. Segundo o engenheiro agrônomo especializado em produção vegetal, da Epagri, Haroldo Tavares Elias, a redução de plantio basicamente acontece em função da maior atratividade pela cultura da soja, em função dos preços praticados e demanda do mercado externo. China em especial. “Isso aliado ao maior custo de produção do milho em relação à soja, bem como a soja ser mais resistente a algum estresse climático”, explica. No entanto, nos últimos três anos, a área cultivada de milho grão estacionou, tendo aumento na safra 2018/2019 de aproximadamente 9%. “Isto em função dos melhores preços praticados em 2018”, justifica.
A área de cultivo de milho-silagem cresceu muito nos últimos anos, tomando uma parte de área de cultivo de milho grão. A justificativa deste crescimento está em função da grande expansão da produção leiteira no Estado.
Para o especialista, o aumento gradual na produção de soja nos últimos anos mostra que o agricultor da região está mudando de cultura. “Mas isso não é definitivo, pois Santa Catarina tem um grande déficit de milho para suprir as agroindústrias catarinenses, suínos e aves. Além disso, por questões técnicas, rotação de cultura soja versus milho é necessária em função de doenças na soja na região Norte, especialmente em Canoinhas e Mafra”.
Por esses fatos, a demanda interna de milho no Estado e necessidade de rotação de cultura com a soja, a área de cultivo de milho deve se manter.
TABACO SEGUE SOBERANO
Esse cenário, no entanto, não se aplica ao tabaco, que segue soberano como a cultura mais popular da região. “Para haver uma substituição, é necessária uma atividade que possa manter o produtor rural no campo com uma renda compatível a esse perfil de pequena propriedade rural”, opina o técnico da Epagri João Rogério Alves.
Com o custo da modernização tecnológica, sobretudo mecanização, o perfil dessas propriedades rurais é incompatível com a necessidade de produzir grandes volumes de grãos para compensar os investimentos necessários, tornando os investimentos ociosos e com um custo altíssimo.
As microrregiões de Canoinhas, Rio do Sul e Ituporanga participam com 66,3 % da produção total de tabaco no território catarinense, sendo as três principais regiões
produtoras de tabaco.
Em termos municipais, entre os dez principais municípios produtores de tabaco de Santa Catarina destacam-se os municípios de Itaiópolis (1º), Canoinhas (2º) e Santa Terezinha (3º), todos da microrregião de Canoinhas.
Segundo estimativas da Epagri/Cepa, para a próxima safra 2018/19 está prevista uma área plantada cerca de 10% menor que a área da safra 2017/18. As microrregiões de Joaçaba, Rio do Sul e Ituporanga são as que apresentam as maiores reduções, contrapondo aumentos que ocorreram nos Campos de Lages, Chapecó e Tubarão. Em parte, as reduções observadas na área plantada no estado são explicadas por ajustes de área decorrentes do Censo 2017, que apontou para uma área significativamente menor da que vinha sendo apresentada.
SUÍNOS EM ASCENSÃO
A microrregião de Canoinhas tem ampliado a produção de suínos nos últimos anos. Em 2014 foram produzidos 391 mil suínos, o que representava 3,60% do total de abates daquele ano. Já em 2018, o número de suínos produzidos passou para 485 mil, 3,73% do total do Estado. Dessa forma, o número total de animais produzidos aumentou 24%, mas a participação no total do Estado manteve-se relativamente estável. “A priori, não há indicações de mudanças drásticas nessa trajetória nos próximos anos”, afirma o técnico da Epagri, Alexandre Luiz Giehl.
Participação de cada mesorregião na produção catarinense de suínos (2018)
Esse crescimento tem muito a ver com a produção da Fricasa Alimentos, que desde 2017, além de atender ao mercado interno, tem exportado carne suína.
PRODUÇÃO DE FRANGOS EM QUEDA
Participação de cada mesorregião na produção catarinense de frangos (2018)
A microrregião de Canoinhas produziu 33,37 milhões de aves em 2014, o que representa 3,65% da produção estadual daquele ano. Em 2018, a produção da região caiu para 30,47 milhões. Contudo, como a produção estadual também sofreu queda significativa (-13,7% entre 2014 e 2018), a participação da microrregião apresentou leve alta, atingindo 3,87%. “No curto prazo, não há indicação de alteração significativa desse cenário”, acredita Giehl.
LEVE QUEDA NA PRODUÇÃO DE BOVINOS
Participação de cada mesorregião na produção catarinense de bovinos (2018)
Em relação aos bovinos, em 2014 a microrregião de Canoinhas produziu 34,7 mil cabeças, o que representou 6,43% da produção estadual daquele ano. Em 2018, o número de animais destinados ao abate foi de 35,5 mil. Como a produção estadual aumentou nesse período, a participação da região apresentou leve queda, passando para 5,79%. “Acredita-se que esse patamar deva se manter estável nos próximos anos, já que algumas regiões vem diminuindo sua participação, mas a mesorregião Oeste Catarinense tem compensado essas quedas”, afirma Giehl.