Fora do Mais Médicos, cubanos trabalham como balconistas

Sem o processo de revalidação dos diplomas, estima-se que mais de 2 mil médicos decidiram ficar no Brasil

 

Muitos dos médicos cubanos que até o fim do ano passado atuavam no programa Mais Médicos, agora experimentam uma nova experiência profissional. Eles estão trabalhando como balconistas de farmácia.

 

 

Em Mafra e Rio Negro, quatro médicos já estão na nova função, e o caso não é isolado.

 

 

Sem o processo de revalidação dos diplomas, estima-se que mais de 2 mil médicos decidiram ficar no Brasil e estão à procura de requalificação provisória no país.

 

 

É o caso do médico Jose Luiz Gomes. Solteiro, com 29 anos, ele atuou como clínico geral durante 8 meses no posto de saúde do São Lourenço, em Mafra. Com o fim do programa, o médico decidiu ficar na cidade e hoje é balconista na Farmácia Santa Catarina – AC Farma.

 

 

“O foco é trabalhar, estudar e validar meu curso de medicina. Quero voltar a atuar como médico. Enquanto isso, vou ganhando experiência e novos amigos”, diz.

 

 

Ainda segundo o médico, no início a maior dificuldade foi o idioma, depois a recolocação no mercado de trabalho.

 

 

“Com o fim do programa ficamos desempregados da noite para o dia e a farmácia é o lugar mais próximo da nossa formação. Apesar da saudade da família, ainda compensa ficar no Brasil”, pontua.

 

 

Para quem contrata a experiência é única, explica a farmacêutica e gerente de Farmácia Santa Catarina – AC Farma, Ana Catarina Scholze de Souza.

 

 

“De certa forma, a contratação também tem um sentido humanitário. Até então os médicos estavam com muita dificuldade de achar vagas de trabalho e principalmente a valorização da profissão. Embora eles não atuam como médicos, acabam auxiliando os clientes”, observa.

 

 

A médica Evelin Castilho Ramires, de 29 anos, também decidiu ficar no Brasil. Ela e o esposo, também médico, trabalhavam na cidade de Pão de Açúcar, no Estado de Alagoas, e, por convite de amigos, decidiram fixar residência em Mafra. Hoje ela trabalha na Farmácia Maxifarma, em Rio Negro.

 

 

“Apesar da saudade da família, estamos felizes. Trabalhando como balconistas de farmácia e vou ganhar três vezes mais o que ganharia como médica em Cuba. Agora é se preparar e esperar o próximo Revalida para apresentar nosso conhecimento e voltar a atuar em medicina”, finaliza.

 

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