Declaração de Raimundo Colombo de que o PSD não deve favor a nenhuma outra sigla colocou gasolina na relação com o PMDB, que enfrenta disputa interna para definir candidato
Uma declaração do governador Raimundo Colombo (PSD) na semana passada abriu a disputa por sua sucessão em 2018. Já é certo que ele vai se licenciar no começo do próximo ano para disputar uma vaga no Senado. Mais uma vez, Eduardo Pinho Moreira (PMDB) assume o Estado. Para além disso, garante Colombo, não há mais nenhum compromisso com a sigla que o ajudou a se eleger por dois mandatos. “A gente tem o maior interesse em se dar bem com todo mundo, mas se temos uma dívida, é com o povo de Santa Catarina e mais ninguém. Só depende de nós, nada nos amarra para fazer um projeto de sucesso”, afirmou Colombo na semana passada.
A reação do PMDB foi imediata. “Estava absolutamente pressuposto (apoio do PSD). Por que iríamos apoiar o Raimundo por duas vezes se não esperássemos reciprocidade? O cumprimento de acordos políticos se dá ou não se dá. Isso também é jogo”, disse Pinho Moreira ao jornal Diário Catarinense.
Deputado federal Mauro Mariani (PMDB), que teve de engolir derrota no diretório peemedebista na eleição passada quando estava obstinado pela candidatura própria, olha para os colegas de partido agora com a cara típica do “eu avisei”. À época, Mariani garantia que apoiar Colombo pela segunda vez enfraqueceria o PMDB. O revés que se arma prova que o deputado estava certo. “É legítimo que todo partido busque seu espaço. Isso é tranquilo um dirigente partidário falar. Causa um desconforto o governador Colombo, que conduz uma aliança, e devia seguir o exemplo de Luiz Henrique, que era muito comedido quando na mesma situação”, disse.
DISPUTAS INTERNAS
Além de administrar e digerir a traição peesedista, o PMDB precisa enfrentar uma disputa interna. Antes de morrer, Luiz Henrique tinha prometido a Mariani que ele seria o candidato a governador pelo PMDB em 2018. Mas, como política evolui muito rapidamente e LHS nem está mais entre nós, a candidatura de Mariani está ameaçada pela ascensão do prefeito de Joinville, Udo Döhler. Muitos apontam semelhanças entre LHS e Udo e o empresário que virou prefeito não desmente nem confirma sua vontade de concorrer ao Governo.
Mariani reafirmou, em entrevista para o jornal A Notícia, que mantém a disposição de disputar o governo do Estado em 2018. Frisou que as especulações sobre o nome do prefeito de Joinville não mudam seus planos. “Seja em coligação ou chapa pura continuo pré-candidato”, destacou, em entrevista concedida ao colunista Jefferson Saavedra, do AN.
Para Mariani, é legítimo Udo ser lembrado. Afinal, é um prefeito reeleito de um grande município, o que pode ocorrer com outros gestores de cidades de grande porte. “Se o Norte quiser ter uma candidatura, eu e Udo temos que estar juntos”, ressaltou o parlamentar.
No PSD, a ideia de adiantar o pleito se deve a necessidade de popularizar o nome do deputado estadual Gelson Merisio, pouco conhecido no Estado, mas que vem de uma administração elogiada à frente da Assembleia Legislativa. Até o momento ele não encontra concorrente dentro do partido e é o favorito de Colombo. “A declaração do governador é natural por ser legítima e por ser verdadeira. Nunca foi feito nenhum acordo em 2014 que envolvesse a eleição em 2018. A reação do PMDB também é legítima, mas isso não nos impede de seguir nosso próprio caminho”, disse Merísio ao jornal Diário Catarinense.
Correndo por fora, há dois possíveis concorrentes: senador Paulo Bauer (PSDB), que recusou uma vaga na mesa diretora do Senado pensando na campanha do ano que vem, e Jorginho Melo (PR), que esvaziou as cadeiras destinadas ao PR no governo justamente para poder criticá-lo numa possível campanha.