A descoberta de Portugal (III)

Um passeio a Estoril

Em nossa última manhã em Lisboa, imprescindível era conhecermos os famosos e deliciosos Pastéis de Belém. Além de saboreá-los na fonte os levamos junto, em adequada embalagem, para um lanche posterior.

E não poderíamos deixar a terra sagrada de nossa literatura-mãe sem percorrer as bibliotecas onde se encontram os originais de Camões, de Eça de Queiroz, de Fernando Pessoa, de Saramago e quantos mais …

Depois de olharmos mais uma vez o deslumbrante sol da manhã de Lisboa era chegada a hora de inaugurarmos o nosso eurailpass iniciando por um passeio ao Estoril, o tão cantado e decantado Estoril a beira-mar plantado.

Sentir o cheiro da maresia, ouvir o ruído do mar.  

E assim tomamos o nosso comboio partindo da gare Santa Apolônia e chegamos ao Estoril onde o mais importante, para mim, claro, era conhecer o Autódromo.

estorilMas antes era preciso almoçar. Num restaurante a beira mar saboreamos peixes e camarões servidos à lusitana moda. Sempre com guitarras e bandolins solando fados. E ao descobrirem que havia gente brasileira no espaço o ar ficou cheio de melodias da bossa nova juntamente com o mais famoso dos sambas, a “Aquarela do Brasil”, o samba que jamais pode faltar.

Antecipadamente já a emoção tomava conta de meu eu apenas em pensar que logo veria um dos sagrados templos de corridas de Fórmula Um. Emoção de estar num local consagrado por tantos pilotos. Emoção de chegar ao circuito onde Ayrton Senna, um ano antes, vencera sua primeira corrida nesta categoria da elite do automobilismo mundial, pilotando uma Lotus-Renault.

Eu não imaginava que uma emoção a mais estaria aguardando por mim. O autódromo leva o nome de Fernanda Pires da Silva que o concebeu juntamente com Ayrton Lolô Cornelsen, um arquiteto curitibano amigo meu. Eu o conhecera ao tempo em que escrevia para o Jornal “O Dia”, jornal do qual ele era sócio-diretor.

Fiquei muito tempo ali olhando, do alto das arquibancadas vazias, as curvas e as retas, os caminhos velozmente percorridos por tantos ases do automobilismo mundial.

Lá do alto eu vi a sombra dos bólidos se deslocando nas mais variadas direções. Lá do alto eu ouvi o doce ronco dos motores que tanto me fizeram sonhar. Vi Senna e vi Piquet, sumindo no final das curvas, reaparecendo nas retas, serpenteando pelas chicanes … a tudo isso eu vi …

            E, embevecida assim fui conhecer o Cassino do Estoril onde a diversão foi outra. Arriscar alguns escudos nas famosas máquinas caça-níqueis, vibrando ao ouvir o sonoro tilintar de inúmeras moedas a se despencarem caçapa abaixo.

Um fechamento glorioso foi um jantar especial de despedida desta maravilhosa orla, em pleno Cassino do Estoril, onde a noite nos encontrou.

            Fomos ficando nas mais agradáveis conversas com eruditos boêmios portugueses que não cessavam de falar das belezas da terrinha insistindo para que conhecêssemos novos caminhos dentro da parte portuguesa daquela instigante península.

Só pudemos agradecer todas as gentilezas e o inteligente papo, dizer adeus … e seguir nossos caminhos.

            Os bilhetes para embarcarmos, na manhã seguinte, no primeiro trem que sairia de Lisboa rumo a Coimbra e depois ao Porto já estavam marcados. Naquela noite ainda teríamos uma hora de viagem de retorno e toda uma bagagem de lembranças para embalar.

            E … o último comboio da noite que nos levaria de volta a Lisboa já na gare iluminada se encontrava prestes a partir …

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