“Acho que nós mais somos aprovados do que reprovados”, afirma Passos

Em mais de uma hora de entrevista, prefeito de Canoinhas, Beto Passos (PSD), faz um balanço de seu primeiro ano de governo: “Em um universo de 200 comentários eu recebo 20 críticas, então está dentro do padrão”

 

No dia em que Beto Passos (PSD), prefeito de Canoinhas, agendou entrevista com o JMais e o jornal Correio do Norte, ele não almoçou. Isso já tem se tornado rotina. A correria é diária e todos querem uma palavrinha com o prefeito. Atencioso, ele procura atender a todos. Antes tinha concedido outra entrevista e ao chegar na prefeitura para a nossa entrevista, encontrou uma pilha de problemas. Desculpando-se pelo atraso de uma hora, atendeu a equipe de repórteres, depois partiu para Florianópolis.

 

 

Usando a todo o momento a expressão “muito a avançar”, não deixou de comemorar o que aponta como vitórias de seu primeiro ano de governo. Aponta como principal conquista o fim das filas para marcar consultas em postos de saúde. Falou sobre o estudo de mudanças no trânsito, a polêmica do Plano Diretor, o sonho do Parque da Cidade, pavimentação de ruas, sua relação com os vereadores e sua presença constante nas redes sociais: “Não fico chateado porque já critiquei demais também… Mas vejo que às vezes tem acusações levianas”. Acompanhe.

 

 

Que projeto o senhor considera que tenha sido a principal realização da sua gestão este ano?

Beto Passos – Pela questão humanitária, vejo que o projeto de tirar pessoas das filas das madrugadas nos postos de saúde dos bairros, creio que foi mais importante, porque todas as pessoas que dependem do atendimento público de saúde tinham que sair de casa de madrugada para marcar a ficha, e hoje esse projeto andou muito bem na área urbana do município e agora avança para o interior. E as respostas, tanto de aceitação da comunidade como de organização, têm sido as melhores.

 

 

 

E qual considera que tenha sido a maior frustração/projeto que, na prática, viu dificuldade em concretizar?

Beto Passos – Dentre os que não pudemos concretizar este ano, está o Parque da Cidade, por conta de algumas burocracias, de ter ainda alguma pendência com famílias de áreas próximas ao parque e que a prefeitura tomou todas as medidas necessárias, mas não evoluiu. Mas é um projeto que nós queremos para Canoinhas e temos a certeza que vamos avançar muito em 2018, até porque existe possibilidade de conseguirmos recursos fora do eixo normal da prefeitura para este projeto.

 

 

 

Entrará em vigor em 2018 o programa Remédio em Casa? A operacionalização está planejada?

Beto Passos – O primeiro passo foi dado em meados do ano, quando fomos conhecer esse projeto em outros municípios. Muitas pessoas até duvidavam que pudesse se tornar uma realidade e hoje já está se materializando, porque tivemos aprovação da Câmara e a partir do ano que vem já teremos uma equipe competente, em que contaremos com o apoio de farmacêuticos e agentes de saúde. Mas é importante salientar que vai acontecer já em 2018, no início do ano. Num primeiro momento atendendo idosos, acima de 65 anos, buscando atender próximo de 1,5 mil idosos com medicamentos de uso contínuo, que irão receber (remédios) nas suas casas. E depois, quando o projeto já estiver bem fundamentado, andando, vai atender outros públicos também.

 

 

 

Leitores têm dito que faltam medicamentos na Farmácia Básica e que lá são informados de que não haverá compra de remédios neste ano. Diante dessa falta remédios, como o senhor pretende acertar essa questão do remédio em casa?

Beto Passos – Nós temos alguns pontos isolados, de um ou outro medicamento que por ventura falta na Farmácia Básica. Só que quando o medicamento é necessário e não temos na Farmácia, nós fornecemos um documento para a pessoa pegar na farmácia que já venceu o registro de preço. Mas é um ou outro medicamento que faltou por alguma razão ou que a fábrica atrasou a entrega. Porque tivemos que fazer uma compra gigante, por conta de que nos últimos meses de 2016 o município não fez aquisição de medicamentos, e nós tivemos que investir mais em medicamentos – isso não é problema nenhum, porque temos que investir nesse direito para a população, mas não é um problema do dia a dia. São casos isolados.

 

 

 

Outra promessa na área de saúde foi a consulta agendada. A Secretaria de Saúde tem dito que o projeto piloto já está em vigor. Que balanço o senhor faz desse início do projeto?

Beto Passos – Muito positivo, porque no Campo d’Água Verde, que é nossa maior unidade, tivemos de janeiro a novembro mais de 78 mil procedimentos. Número muito grande. E lá, temos a informação de que consultas são conseguidas para o dia. De repente no início do projeto tivemos que ter agendamento para dois ou três dias ou durante a semana, mas nunca de uma semana para outra. Então considero que demorou para ser realizado, canoinhenses sofreram muito até isso acontecer, e hoje eu vejo que se fosse para elencar como a principal realização, de tudo que aconteceu no nosso governo, é esse projeto.

 

O senhor acaba de ser autorizado a comprar um terreno para a criação de uma incubadora industrial. Como está esse projeto?

Beto Passos – Seguindo nosso plano de governo, vamos fazer nosso parque industrial. Nós tínhamos que encontrar uma grande área às margens da BR 280, porque quem vai fazer uma empresa, indústria, não vai para dentro do bairro, para dentro de uma comunidade do interior. Ela quer estar às margens da BR, como é o caso dos municípios à nossa volta, aonde a gente chega e nos dois lados da rodovia há empresas instaladas. Então verificamos uma área, pedimos autorização para a Câmara através de projeto de lei, foi aprovado e agora estamos iniciando a tratativa para negociar essa área. A partir do ano que vem, Canoinhas vai dispor essa área, e nós vamos estudar dois métodos de oferecer isso para nossa comunidade. A princípio ceder a área para que a empresa faça sua construção, e num projeto mais ousado que demanda um pouco mais de investimentos e estudos, de repente a própria prefeitura construir alguns barracões e fornecer, como projeto de um aluguel social. Enquanto a empresa estiver com as portas abertas gerando economia para o município, gerando empregos, ela tem lá o seu espaço. A partir do momento que eventualmente ela não esteja mais com o andamento da empresa, automaticamente entregará a chave e nós repassaremos para outras empresas interessadas.

 

 

 

Três Barras e a UnC Canoinhas já instalaram incubadoras que se tornaram verdadeiros fracassos. O que haverá de diferente nesta incubadora?

Beto Passos – Eu vejo que são projetos diferenciados. A de Três Barras é uma incubadora que visava pequenos investidores, no desenvolvimento de softwares, programas de computador e outros nesse sentido, e a da UnC acredito que ocorreu (o fracasso) pela distância. Porque as pessoas querem estar próximas de onde as coisas estão acontecendo. E acredito que a gente vai trabalhar muito forte, temos empreendedores todos os dias batendo na nossa porta, querendo um espaço, um terreno, querendo um barracão para desenvolver melhor suas atividades. Porque hoje, via de regra, um aluguel desse porte é de R$ 5 mil em diante. Então é algo maior do que aquilo que já foi oferecido.

 

 

 

E será para empresas de médio e grande porte?

Beto Passos – Vamos atender também os pequenos, até porque entendemos que não adianta ficar olhando para uma mega empresa aqui em Canoinhas, para geração de 500, 600 empregos, se nós, de repente, temos pessoas que podem gerar 10, 20 empregos e, num escalonamento de 20 ou 30 empresas, alcançarmos o número que uma grande empresa poderia oferecer.

 

 

 

Houve críticas ao valor que foi pago pelo terreno. O senhor acompanhou o estudo a respeito disso?

Beto Passos – Nós temos uma comissão de avaliação da prefeitura formada por membros da sociedade civil, pessoas que conhecem o nosso município, conhecem a área, e que fizeram todos os estudos necessários para se chegar a esse valor. É interessante salientar que uma área não pode ser avaliada apenas pelo seu tamanho. Deve ser avaliado o fato de que é às margens da BR, que interessa ao município de Canoinhas, e para nós realmente é uma área importante. A comissão de avaliação fez o procedimento, não passou pelo prefeito, pelas nossas secretarias, mas por pessoas entendidas do assunto. Então, obviamente nós temos que confiar nos técnicos e avaliadores que fazem parte da sociedade.

 

 

 

Durante a campanha, muito se falou sobre valorizar o interior do município. Mas hoje. queixas acerca das condições das estradas rurais seguem presentes. Vai dar pra cumprir com as expectativas dos moradores da área rural?

Beto Passos – Com certeza. Quero dizer que algumas reclamações até tem bom senso. Outras não cabem. Porque nós não tivemos este ano nenhuma carga perdida de cereais, nenhuma carga de outros produtos o agricultor perdeu ou teve prejuízo por conta de precariedade nas estradas. O nosso interior tem mais de 2,3 mil quilômetros de estrada de chão, sem pavimentação, e nós percorremos praticamente todas as regiões. Tivemos um problema isolado na SC 120, em que nós fizemos um convênio com o Estado para Canoinhas e Bela Vista do Toldo cuidarem da manutenção. Infelizmente, por conta de uma série de burocracias, nós ainda não conseguimos receber recursos do Estado por conta do convênio. Então o município está lá com profissionais contratados, temos as máquinas que foram cedidas pelo Estado e estamos fazendo um trabalho na SC, mas acredito que, juntando o valor deste ano e o valor do ano que vem, nós daremos um salto de qualidade nessa SC. Nas demais regiões, nós não temos uma só estrada que esteja intransitável, com problemas. Tivemos também a questão do britador. Nós pegamos o britador no Rio do Pinho, na nossa pedreira, embargada desde agosto do ano passado, então tivemos três primeiros meses de extrema dificuldade. Mas fizemos o maior volume de investimentos nas estradas do interior, disparado em relação aos governos anteriores. Então eu vejo que uma ou outra crítica nós temos que receber, compreender e buscar soluções, mas a partir do momento que nós temos a tranquilidade de que os agricultores não tiveram prejuízo, não deixaram de escoar sua safra devido à precariedade de estradas, alunos não deixaram de frequentar aula por falta de qualidade nas estradas, então vejo que avançamos muito e temos muito a avançar.

 

 

 

O município já recebeu estudo de trânsito encomendado em setembro? O senhor já viu quais as sugestões de mudanças?

Beto Passos – O estudo foi entregue esta semana. Algumas mudanças sim, inclusive algumas que nós também pedimos que fossem vistas com muito carinho por conta da grande demanda de empresários aqui do município, e grande parte dessa mudança prevê sentido duplo. Muitas ruas de sentido único não têm razão de ser. Tem situações em que a pessoa tem que vir de Três Barras, andar três quadras no centro para então poder fazer inversão para ir até o Campo d’Água Verde. Cito uma das várias mudanças que nós teremos. São mudanças que vislumbramos que darão melhor agilidade para quem usa o nosso trânsito, no centro da cidade principalmente.

 

 

O Plano Diretor enfrentou polêmica recentemente e suscitou até consulta por parte da OAB. Ao que o senhor deve essa polêmica?

Beto Passos – Primeiro que a sociedade foi chamada para discutir o Plano Diretor. A OAB foi convidada também para estar presente nessa discussão. E aí depois que é celebrado um grande trabalho feito pela equipe técnica da prefeitura, por cidadãos que deram seu tempo para vir ajudar a construir a Canoinhas que nós queremos, é fácil, depois de tudo concluído, alguém chegar e criticar. Porque não vieram ajudar a construir? Então só tenho que lamentar. Quero aqui parabenizar a secretária de Planejamento, Vivianne Collares, pois nós teríamos uma despesa de quase R$  400 mil para a implantação do Plano, e aí ela chamou sua equipe e também pessoas da sociedade e todos fizeram um trabalho de meses. Então as pessoas que estão criticando hoje deveriam ter ido a pelo menos uma reunião para poder ajudar. Nós seguimos aquilo que foi compreendido pelos técnicos, que foi sugerido por pessoas da sociedade e seguimos com rigor as leis federais, então nesse aspecto nós estamos muito tranquilos.

 

 

 

Eles se baseiam numa mensagem que está sendo distribuída nas redes sociais de que esse plano dá margem para a estatização, ou seja, para que o município venha a desapropriar uma área contra a vontade do proprietário, usando inclusive que seria uma “comunização”…

Beto Passos – Isso já acontece a partir do momento que o município percebe uma área que é de interesse público, por exemplo, uma área no centro da cidade em que precisamos abrir uma rua. Logicamente ninguém vai fazer nenhuma banalização de valores, jamais, o município tem compromisso, fazemos trabalho sério. A partir do momento que nós tivermos que desapropriar uma área, será pelo valor real, valor justo, e isso não é algo que acontece todo dia. Então acho que é muita polêmica, criando problema onde não existe. E isso já acontece, nós só estamos fazendo a ordenação das coisas, correndo tudo dentro da legalidade.

 

 

Na área de habitação não houve nenhuma unidade entregue neste ano. Há projeto?

Beto Passos – Nós devemos entregar no início do ano que vem 21 novas residências que já estão sendo construídas no Campo d’Água Verde e vão atender famílias que estão em áreas de risco. Existem outros pequenos projetos espalhados e nós também faremos a entrega dessas residências no ano que vem. Nós não temos ainda um grande loteamento, e até conversando com as autoridades e vendo os números da assistência social, da segurança pública, da educação, vejo que as grandes unidades habitacionais trazem o alento da casa, mas criam muitos problemas sociais. Nós temos que oferecer cada vez mais moradias. Mas temos que repensar a forma. Porque da maneira que está colocado hoje, é muita gente num local sem aumentar, por exemplo, serviços à população. E também não tivemos um avanço muito significativo nessa área porque o governo federal não está estimulando nesse momento, neste ano, financiamento dessas unidades habitacionais. Mas é uma área que queremos e vamos avançar em 2018.

 

 

 

 Um de seus projetos era o de distribuir material de construção a famílias carentes. Pretende colocar isso em prática?

Beto Passos – Colocamos esse ano cerca de R$ 140 mil destinados a famílias carentes que estavam com suas casas em situação de risco, de desabar, e foram atendidas algumas famílias através do Prohab. E logicamente nós temos muito a avançar nessa situação. Mas fica também uma incógnita. Às vezes a pessoa está morando numa área perigosa, uma casa com risco sério de desabar, então a tendência é tentarmos negociar, em que pese a família gostar e ter uma familiaridade com aquele local, mas temos que prover segurança. Então em 2018 vamos sentar com o secretário de Habitação e trabalhar fortemente nisso.

 

 

 

As matrículas para os CEIs ainda não abriram porque ainda não foi licitado o software que fará as matrículas online. Por que o atraso?

Beto Passos – Tivemos uma série de reuniões. O software é só o finalmente de um trabalho de muitos meses de estudo e em que tivemos a grata satisfação de ter o Ministério Público participando. É como está acontecendo na saúde, com a questão da fila de cirurgias. Então existe uma fila, nós inclusive assinamos um TAC no início do ano com o Ministério Público para em dois anos zerar a fila de 0 a 3 anos, mas pelo andar da carruagem vamos cumprir esse termo muito antes, porque nós estamos abrindo para o ano que vem perto de 300 novas vagas, então vamos atender a população, cumprir com o TAC. Só que esse projeto, como disse, era muito complexo, porque vai estudar a situação social da família, se o pai e mãe trabalham, para que não haja prestígio para pessoas que são amigas de autoridades, vai ser algo transparente. Nós efetivamente queremos implantar ainda este ano e a equipe está trabalhando muito neste sentido. As famílias podem ficar tranquilas e em qualquer situação de anormalidade a equipe da Secretaria de Educação estará aberta.

 

 

Entre as pavimentações concluídas neste ano, a maioria foi herdada da gestão passada. O que há de projetos na área da pavimentação e qual a chance de esses projetos se concretizarem?

Beto Passos – Nós pavimentamos várias ruas e, gostaria de deixar claro, são obras que pegamos com mais de um ano de atraso, muitas delas, então eu quero dizer que essas obras são desse nosso governo, porque nós fizemos a obra, vamos pagar a obra, então nós vamos colocar também no nosso currículo. De forma eleitoreira, elas foram iniciadas no começo de 2016, mas foram paralisadas. Agora, passou de quatro quilômetros de pavimentação que nós fizemos, estamos cumprindo com o cronograma de pagamentos e vamos entregar para a população. Mas nós já estamos nos planejando para iniciar no ano que vem cerca de 15 quilômetros de novas pavimentações brindando bairros que não têm sequer uma pavimentação, como é o caso do Loteamento Santa Cruz, como é o caso do Conjunto Habitacional Menino Deus, como também vamos beneficiar o bairro Alto das Palmeiras, Jardim Esperança, Alto da Tijuca que já tem entregue a ordem de serviço de um trecho. Já temos algo no Fundam (Fundo de Apoio aos Municípios), que são recursos do governo do Estado, e temos pré-aprovados cerca de R$ 15 milhões no programa Avançar Cidades, do Ministério das Cidades. O nosso projeto no governo todo é de 30 quilômetros de pavimentação. E vamos chegar já nesses próximos anos, ente 2018 e 2019, tranquilamente com 20 quilômetros de asfalto.

 

 

 

Outra promessa de campanha do senhor foi a padronização de calçadas, recém-aprovada na Câmara. Quando esse projeto começa a ser colocado em prática?

Beto Passos – Provavelmente será iniciado no ano que vem. Nós já temos, inclusive, dentro de um projeto de mobilidade urbana, uma proposta pré-selecionada no Avançar Cidades também, fazendo uma parceria público-privada, já que as calçadas são responsabilidade do proprietário. O governo quer buscar contrapartida da iniciativa privada no sentido de nós deixarmos a cidade padronizada.

 

 

 

O Município sediou vários eventos importantes neste ano, mas não temos um centro de eventos. O que o senhor conseguiu até agora de concreto para a construção desse espaço?

Beto Passos – Sou apaixonado por eventos porque acredito que é uma alternativa de economia para Canoinhas, ao mesmo tempo em que é interessante para a população, difunde a cultura, faz com que a população tenha mais acesso à arte. Vamos continuar fazendo isso. Fato é que o cobertor é curto. Os recursos do Fundam, por exemplo, poderíamos usar para pavimentação, ou para aquisição de um britador móvel, ou para o centro de eventos. E aí você tem que escolher. Hoje, sinceramente, devo ressaltar que não é uma prioridade do nosso governo. Sei da necessidade, sei que é importante, mas percebo que ainda assim a iniciativa privada pode oferecer para Canoinhas alguns espaços, e o poder público hoje não teria disponibilidade para investir em um centro de eventos. Se conseguirmos recursos de algum programa do governo federal, Ministério do Turismo, emendas parlamentares, sim, mas hoje ainda não vislumbro essa realidade.

 

 

 

O senhor tem uma presença muito ativa nas redes sociais e justamente por isso recebe críticas e elogios mais ou menos na mesma proporção. Isso é positivo do seu ponto de vista? Fica chateado com as críticas?

Beto Passos – Não fico chateado porque já critiquei demais também… Mas vejo que às vezes tem acusações levianas. As críticas são fundamentais para melhorarmos, porque se não formos criticados, acabamos deixando de nos corrigir, porque nem tudo na vida e muito menos no governo se acerta. Agora, percebo que não existe um equilíbrio. Acho que nós mais somos aprovados do que não aprovados. Por exemplo, no caso da internet na praça, que estava no nosso plano de governo. Pessoas, para tentar desqualificar o nosso trabalho, falam que a ideia é de fulano, que fulano de tal apresentou. Não tem problema de quem seja a ideia, importante é que está em nosso plano de governo. Em um universo de 200 comentários eu recebo 20 críticas, então está dentro do padrão. Tem quatro ou cinco pessoas nas redes sociais que encontram tempo para ficar praticamente todo dia apedrejando o governo. Não tem problema. Eu não perco tempo com elas. Eu perco tempo, ou melhor, eu ganho tempo quando respondo uma pessoa que está precisando de uma informação sobre uma estrada do interior, a respeito de um posto de saúde, aí sim. Agora pessoas que batem no governo por bater e acham que isso é bom vão ficar falando sozinhas.

 

 

 

As diárias para o Executivo não são reajustadas desde 2001. Independente disso, elas são sempre alvo de críticas. No entanto, o senhor mandou esta semana para a Câmara projeto de reajuste das diárias. Não teme reação negativa da população?

Beto Passos – Nós percebemos que os nossos motoristas têm diárias baixas, o prefeito tem diárias baixas, todo o poder Executivo de Canoinhas tem. Somos o município que tem a menor taxa de diária e estamos buscando uma readequação no sentido de reparar só a inflação. Porque hoje você viaja contando os recursos, então logicamente não queremos diárias para ganhar melhor, queremos que cubra os custos de uma viagem. Então nós estamos buscando uma equiparação que é real, necessária não para prefeito e vice, mas para profissionais da saúde e educação que viajam para buscar novos aprendizados, buscar novos projetos de interesse da população. Em três semanas consecutivas eu estou indo a Florianópolis. Mas nas três eu estou trazendo resultados importantíssimos para o nosso município. E a partir do momento que o prefeito fica escondido num gabinete de prefeitura, o município dele sofre prejuízo, porque nós visitamos um deputado, visitamos outro, pedindo recursos. Enquanto gestores, temos que buscar recursos e temos que ter possibilidade de buscar os recursos, de chagar a Florianópolis, de chegar a Brasília.

 

 

 

Em relação à Câmara de Vereadores, o senhor tem maioria se pensar em formação partidária, mas nós vimos alguns projetos e alguns vetos seus serem derrubados por vereadores de situação. Como o senhor avalia sua relação com a Câmara?

Beto Passos – Avalio como extraordinária. Todos os vereadores, tanto de situação como oposição, tiveram maturidade para fazer o seu trabalho. Os vetos nós encaramos com muita naturalidade. Em momento algum acreditei que foi algum recado dos nossos vereadores, porque aí estariam cometendo uma grande injustiça. Porque temos vereadores com mais de um mandato, e nunca a Câmara foi tratada com tanto respeito, com tanta parceria como está sendo tratada por este governo. A parceria é de lá e de cá. Nós trabalhamos em comum e o nosso comum é povo de Canoinhas.

 

 

 

 

O senhor foi eleito novo presidente da Amplanorte para 2018, falando em “buscar junto aos governos Federal e do Estado um olhar diferenciado para os municípios do Planalto Norte Catarinense”. Qual sua estratégia para conseguir isso?

Beto Passos – Estou assumindo a Amplanorte num momento estrategicamente importante, porque vai ser um ano eleitoral. Então vamos saber usar isso a nosso favor. Nós compreendemos uma região de dez municípios, a Amplanorte é forte, e as autoridades, sejam estaduais ou federais, têm que saber que nós estamos abandonados há muito tempo, e não é por esse atual governo estadual ou federal. Quais foram os avanços que nós tivemos nos últimos 20 anos? É muito fácil o governo chegar aqui e dizer que nós temos que procurar a nossa vocação. Há muito tempo nós sabemos qual a nossa vocação. O que queremos são portas abertas, tratamento diferenciado para nossa região, porque sabemos que ela está muito longe do litoral, dos portos e aeroportos, então nós temos que criar alternativas para que nossa região seja mais bem vista. Que compreendam que nossa região é empobrecida devido à Guerra do Contestado, devido ao extrativismo que tivemos no início da nossa história, e que nós emprestamos grande parte da nossa riqueza para enriquecer outras regiões, e ninguém veio ajudar a ao menos buscar uma equiparação com regiões melhor desenvolvidas no estado. Vamos chamar o governo para um debate dentro da Amplanorte. Ressalto que o prefeito Adelmo Alberti fez um excelente trabalho de agrupamento, de união dos prefeitos que estão trabalhando hoje de uma maneira muito organizada, muito unida. Não podemos nos queixar de Major Vieira estar recebendo uma grande empresa. Temos que entender que aquela grande empresa vai ajudar também Canoinhas, Bela Vista, porque nós teremos profissionais das nossas cidades lá também. Então a partir do momento que uma cidade ganha um grande investimento, a outra tem que celebrar também por somos parte de uma região só.

 

 

 

O governador Raimundo Colombo, que é do seu partido, não aparece em Canoinhas há quase quatro anos. O senhor tem cobrado dele uma posição mais firme?

Beto Passos – Cobrado a presença sim, mas se o governador não quiser vir a Canoinhas, não tem problema. Que mande os recursos. Nós convidamos o governador. Mas nós não vamos implorar para que ele venha a Canoinhas. Ele sabe que o Planalto Norte existe, e nós teremos o maior prazer em recebê-lo, pois é a autoridade máxima do Estado, agora, se ele mandar revitalizar a SC 477, mandar fazer o ginásio da Julia Escola Julia Baleoli Zaniolo e as obras que necessitamos, está tudo certo.

 

 

 

 

O que a população canoinhense pode esperar do governo municipal no ano de 2018?

Beto Passos – A população pode aguardar um governo presente. Inclusive, fui perguntado sobre até quando aguento o fôlego do prefeito Beto Passos no ritmo que nós iniciamos. Nós temos fôlego para os quatro anos, nos propusemos a isso. Aceitamos o desafio de encarar uma eleição difícil, ganhar uma eleição de um projeto político colocado há 12 anos e de um prefeito que iria à reeleição, nós sabíamos, eu e Renato Pike, que não seria fácil. Então estamos valorizando cada dia do nosso governo. Estar presente na vida da sociedade, das comunidades. As pessoas podem esperar de nós um governo realizador, governo austero, transparente, que vai buscar compreender os anseios da nossa população e buscar soluções. Problemas surgem todos os dias aqui na administração e nos mais de 5,5 mil municípios brasileiros. O que nós não podemos é sentar em cima dos problemas. Temos que encarar de frente e buscar a solução para cada um deles. Digo que nós fechamos o ano completamente exitosos. Nós temos hoje, em caixa, R$ 31.773 milhões. Não contando com esse dinheiro já pagamos o 13º salário dos servidores, cumprimos compromissos com fornecedores, temos ainda a folha de pagamento que será feita antes do Natal. Teremos aquisições importantes para Canoinhas. Então nós teremos um município melhor, cuidando do centro da cidade, dos nossos bairros, do nosso interior, não havendo diferenciação de tratamento. Teremos e queremos um município cada vez mais alegre, e podem ter certeza que vamos trabalhar de forma assídua para garantir que Canoinhas seja a cidade que todos nós merecemos.

 

 

 

 

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