Agrotóxicos afetam a saúde humana desde a gestação

Decreto Estadual 1.331/2017 trouxe novas regulamentações sobre os agrotóxicos em Santa Catarina. Assunto foi tema de seminário na semana passada

 

Obesidade, diabetes, infertilidade, câncer, endometriose, impotência, neurotoxidade, má-formação congênita, autismo, Alzheimer, depressão, doença de Parkinson. Essas são algumas enfermidades associadas à exposição crônica a agrotóxicos, segundo o médico do Centro de Informações e Assistência Toxicológica de Santa Catarina (Ciatox/SC), Pablo Moritz, um dos palestrantes do 1º Seminário Intergovernamental sobre Controle de Agrotóxicos e Afins, realizado na sexta-feira, 27, pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) em parceria com a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc).

 

 

Moritz, que falou sobre “Agrotóxicos: intoxicação crônica”, explicou que, nos últimos anos, o entendimento com relação aos efeitos do uso dos agrotóxicos na saúde do ser humano foi alterado. Inicialmente, disse ele, acreditava-se que os impactos eram causados pela quantidade de agrotóxico utilizada, mas estudos comprovaram que, na verdade, eles estão relacionados à idade em que ocorre a exposição, especialmente se realizada em períodos críticos do desenvolvimento como a vida intrauterina, primeira infância e adolescência.

 

 

“O período de latência entre a exposição e manifestação dos problemas é muito grande, nós não relacionamos o que acontece enquanto estávamos na barriga da mãe com as doenças que são desenvolvidas hoje. Temos um pensamento imediatista e por isso é difícil acreditar”, explica Moritz. Ainda, segundo o médico, mesmo as doses consideradas seguras por lei geram impactos que podem, inclusive, serem passados de uma geração para outra. “Ou seja, o agrotóxico altera a expressão gênica e acaba afetando os descendentes, não só aquele indivíduo”, afirma.

 

 

A coordenadora do Centro de Apoio Operacional do Consumidor, pomotora de Justiça Greicia Malheiros da Rosa Souza, explicou que o objetivo do seminário, organizado em parceria com a Cidasc, foi atualizar os agentes dos órgãos governamentais sobre o Decreto Estadual 1.331/2017, que trouxe novas regulamentações sobre os agrotóxicos em Santa Catarina e discutir propostas de atuação conjunta. A abertura do evento contou com a participação do secretário adjunto da Agricultura e da Pesca de Santa Catarina, Athos de Almeida Lopes Filho, e do gestor do Departamento Estadual de Defesa Sanitária Vegetal da CIDASC, Ricardo Miotto Ternus.

 

 

Greicia destacou a importância do trabalho conjunto entre todos os órgãos governamentais do Estados. “Todos aqui presentes têm uma participação em algum momento. Então a ideia é identificar dificuldades e alinhavar estratégias e a atuação de órgãos públicos”, complementou. Cerca de 100 participantes discutiram nos painéis temas como uso, comércio e transporte de agrotóxicos, além dos impactos dos resíduos desses produtos químicos na alimentação.

 

 

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