Medidas que se mostraram pouco efetivas podem fazer toda a diferença neste momento
ALERTA REGIONAL
As notícias não são nada boas em relação ao coronavírus para a região. Como muitos especialistas projetaram (e foram apedrejados por isso), a chegada do inverno traria a aceleração da covid-19 no Sul do País. Dos três Estados, Santa Catarina é o que sente com mais força a concretização dessa previsão. Até esta sexta-feira, 80% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) credenciados pelo SUS estavam ocupados no Estado.
Ao longo da semana, 14 pacientes de outras regiões foram transferidos para os hospitais de Canoinhas e Três Barras. O Santa Cruz de Canoinhas já está com os leitos de UTI lotados e o Félix da Costa Gomes, que não tem UTI, mas disponibilizou 20 vagas de média complexidade (a rigor, para atender pacientes estáveis) para o SUS, em menos de uma semana, teve 15 destas 20 vagas ocupadas.
A pressão do sistema de saúde no Estado chegou com tudo no Planalto Norte e essa situação exige uma nova abordagem por parte dos prefeitos. No começo da pandemia, o governo do Estado foi rigoroso ao estabelecer medidas restritivas. Os Municípios prontamente acataram.
No meio da pandemia, o governo foi se enfraquecendo com medidas polêmicas e sofreu um baque desmoralizador com o escândalo dos respiradores. Desanimado, alvo de comentários raivosos nas redes sociais de quem via nas medidas restritivas algum plano maligno do governo para destruir empresários e prender pessoas em casa, Carlos Moisés (PSL) liberou os Municípios para definir suas próprias medidas, liberando os mandatários locais de qualquer compromisso com as recomendações do Estado. Uma forma malandra de fugir da responsabilidade que soou mais como uma vingancinha dos prefeitos.
Embora seja um outsider, Moisés sabe que em ano de eleições medidas impopulares são delicadíssimas para mandatários de qualquer graduação. Aos prefeitos soava muito mais fácil dizer que seguiam decretos do Estado. Ao deixar claro que eles teriam autonomia para tomar as decisões que julgassem adequadas no combate à pandemia, Moisés jogou a responsabilidade no colo dos prefeitos, para o bem ou para o mal.
Não existe decisão fácil. Se libera geral e o hospital local lota, é um irresponsável. Do contrário, pode ser definido como tirano. Ambos podem resultar em fracasso nas urnas.
No atual cenário, no entanto, não há como os prefeitos seguirem calados. Eles vão ter de tomar medidas drásticas e impopulares. Se seguirmos neste ritmo, ainda neste fim de semana haverá colapso do atendimento a doentes graves e estes terão de ser encaminhados para outros hospitais. O empenho com que os quatro prefeitos da região definiram ações conjuntas em março tem de ser repetido agora quando de fato a ameaça é real, ou melhor, urgente já que nos referimos à saúde.
“A pandemia vai fazer vítimas, e não só do vírus, mas da forma como os candidatos estão lidando com esse processo”
do senador Fernando Collor de Melo, que entende muito bem de consequências
ATA OU DESATA
Está errado quem dá como certa a repetição da dobradinha Luis Shimoguiri (PSD) e Gilson Nagano (PL) em Três Barras. De fato os dois voltaram a se falar, porém, convencido de que tem eleitorado expressivo, Nagano ainda não bateu o martelo. Ele analisa a possibilidade de lançar-se candidato a prefeito até mesmo em chapa pura com o presidente da Câmara, Fabiano Mendes, na vice. Shimoguiri está há meses no altar – enquanto Nagano pesca com os amigos e afins -, para usar uma metáfora bolsonarista.
Pragmático, Shimoguiri não demonstra, por enquanto, grande preocupação com as eleições, contudo, não se recusa a tratar do assunto. Tanto que recentemente recebeu o prefeito de Canoinhas, Beto Passos (PSD), e o vice Renato Pike (PL). A conversa girou em torno de uma possibilidade, da qual Passos e Pike fazem muito gosto, de os partidos de ambos repetirem a coligação em Três Barras. É só isso, na opinião de interlocutores, que segura Nagano na vice de Shimoguiri na busca pela reeleição. Se continuar fazendo doce, no entanto, Shimoguiri tende a contrariar o colega canoinhense e escolher outro vice.
O DESAGRAVO DE COLOMBO
O ex-governador Raimundo Colombo (PSD) teve arquivado pela Justiça Eleitoral a denúncia de que teria ocultado doações da Odebrecht nas campanhas de 2010 e de 2014. Nestas operações de caixa 2, segundo a denúncia, ele teria deixado de declarar na sua prestação de contas uma doação de R$ 2,3 milhões em 2010 e outra de R$ 7 milhões em 2014.
“Por mais que existam indícios de expedientes escusos ligados ao Grupo Odebrecht, envolvendo caixa dois em campanhas eleitorais, não há como rebaixar o padrão probatório mínimo e condenar o acusado com base em “assunções e suposições”. A síntese reflete o espírito da sentença proferida pela juíza da 12ª Zona Eleitoral de Florianópolis, Margani de Mello, ao absolver Raimundo Colombo, que governou o Estado de Santa Catarina de 2011 a 2018.
MEDO DE QUE?
A vice-governadora de Santa Catarina, Daniela Reinehr, enviou um ofício à Polícia Federal (PF) para pedir um porte de arma de fogo. Nele, Daniela alega “possibilidade de atentado” por ser “uma figura pública”.
Resta saber se a autorização chega antes de ela perder o cargo, sob risco de impeachment instaurado na Assembleia.
“Muitos dos trajetos que realizo (…) é feito por via terrestre, passando por rodovias de pouca movimentação, onde aumenta a possibilidade de abordagem por marginais”
justificativa de Daniela Reinehr para pedir o porte de arma
RELAÇÃO
Justiça seja feita, Carlos Moisés (PSL) nunca criticou Jair Bolsonaro publicamente. Mesmo, assim, Bolsonaro o vê como inimigo sabe-se lá por qual razão. Na live desta semana, tradicionalmente realizadas nas quintas, o presidente disse que “o governador de SC se elegeu usando o meu nome, a exemplo do Rio de Janeiro, e depois, não sei o que deu na cabeça das pessoas, resolveu me atacar.”
EM ALTA
Falando em Bolsonaro, a despeito das medidas e falas polêmicas, o presidente desponta como favorito se as eleições presidenciais fossem hoje. Pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas mostra que Bolsonaro teria 29% dos votos ante 17,1% do seu ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro. Ambos estão sem partido.
Veja a projeção de primeiro turno publicada na revista Veja deste fim de semana:
PREPARATIVOS
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou que a empresa Positivo Tecnologia venceu a licitação para compra de novas urnas eletrônicas. O valor do contrato é de R$ 799 milhões para a aquisição dos equipamentos, que serão utilizados nas eleições de 2022.
O TSE pretende comprar cerca de 180 mil urnas para substituir as máquinas fabricadas em 2006 e 2008, cuja vida útil está esgotada. Atualmente, a Justiça Eleitoral tem 470 mil urnas.
De acordo com o tribunal, o pagamento total do contrato depende de previsão orçamentária no ano que vem. Neste ano, o TSE vai desembolsar R$ 241 milhões para a compra de 54 mil urnas. O restante será encomendado em 2021. Cada máquina custa R$ 4,4 mil.
43%
dos lares brasileiros receberam algum tipo de ajuda financeira do Governo Federal em junho